sábado, 21 de maio de 2011

S. LEONARDO DE PORTO-MAURÍCIO: " AS EXCELÊNCIAS DA SANTA MISSA"

 Conforme a edição romana de 1737
dedicada a S.S. o Papa Clemente XII
DEDICATÓRIA
Santíssimo Padre,
O mínimo dos Frades Menores, humildemente prostrado
aos pés de Va Santidade, ousa oferecer-vos este livrinho. Vai
publicado sob o título de “TESOURO OCULTO”, mas para
vossa grande alma, é um tesouro há longo tempo conhecido,
pois trata da excelência e utilidade da Santa Missa, que
constitui toda a vossa consolação e é o esplendor da Igreja de
Deus.
A conveniência e a justiça combinadas levam-me a
apresentar-vos esta humilde homenagem.
Nada mais conveniente; pois já que trará do mais augusto
de todos os sacrifícios, a quem poderia ser melhor dedicado
este livro do que ao primeiro de todos os Padres? E onde
poderia eu buscar apoio mais precioso, senão no patrocínio do
Pastor supremo, que longe de guardar em si sua grande
piedade, deseja tão ardentemente espalhá-la em proveito dos
povos tão necessitados de luz? Igualmente, nada mais justo.
Numerosos e poderosíssimos são os motivos que, de longa
data, me impelem a manifestar em atos, meu vivo
reconhecimento a vossa Santidade. Oh! Quantos benefícios
que concedeu vossa clemência durante o pouco tempo que
passei na Cidade Eterna!
Atestam-no a faculdade de pregar missões em Roma, o
desenvolvimento do santo Exercício da Via Sacra, e a elevação
da “Adoração Perpétua do Santíssimo Sacramento”. Em uma
palavra, não há favor, que eu vos tenha pedido para o bem
comum de nosso Instituto, que não tenhais benevolamente
concedido.
Estes motivos e muitos outros excitam em meu coração
sentimentos do mais humilde respeito, obrigam-me a manifestar
o meu devotamento e encorajam-me a mandar imprimir no
frontispício destas páginas o vosso nome augusto, conferindolhes
assim uma recomendação que lhe aumentará o valor.
-1-
AS EXCELÊNCIAS
DA
SANTA MISSA
Conforme a edição romana de 1737
dedicada a S.S. o Papa Clemente XII
aos pés de Va Santidade, ousa oferecer-vos este livrinho. Vai
publicado sob o título de “TESOURO OCULTO”, mas para
vossa grande alma, é um tesouro há longo tempo conhecido,
pois trata da excelência e utilidade da Santa Missa, que
constitui toda a vossa consolação e é o esplendor da Igreja de
Deus.
A conveniência e a justiça combinadas levam-me a
apresentar-vos esta humilde homenagem.
Nada mais conveniente; pois já que trará do mais augusto
de todos os sacrifícios, a quem poderia ser melhor dedicado
este livro do que ao primeiro de todos os Padres? E onde
poderia eu buscar apoio mais precioso, senão no patrocínio do
Pastor supremo, que longe de guardar em si sua grande
piedade, deseja tão ardentemente espalhá-la em proveito dos
povos tão necessitados de luz? Igualmente, nada mais justo.
Numerosos e poderosíssimos são os motivos que, de longa
data, me impelem a manifestar em atos, meu vivo
reconhecimento a vossa Santidade. Oh! Quantos benefícios
que concedeu vossa clemência durante o pouco tempo que
passei na Cidade Eterna!
Atestam-no a faculdade de pregar missões em Roma, o
desenvolvimento do santo Exercício da Via Sacra, e a elevação
da “Adoração Perpétua do Santíssimo Sacramento”. Em uma
palavra, não há favor, que eu vos tenha pedido para o bem
comum de nosso Instituto, que não tenhais benevolamente
concedido.
Estes motivos e muitos outros excitam em meu coração
sentimentos do mais humilde respeito, obrigam-me a manifestar
o meu devotamento e encorajam-me a mandar imprimir no
frontispício destas páginas o vosso nome augusto, conferindolhes
assim uma recomendação que lhe aumentará o valor.
-1-
SANTA MISSA
Conforme a edição romana de 1737
dedicada a S.S. o Papa Clemente XII
povos tão necessitados de luz? Igualmente, nada mais justo.
Numerosos e poderosíssimos são os motivos que, de longa
data, me impelem a manifestar em atos, meu vivo
reconhecimento a vossa Santidade. Oh! Quantos benefícios
que concedeu vossa clemência durante o pouco tempo que
passei na Cidade Eterna!
Atestam-no a faculdade de pregar missões em Roma, o
desenvolvimento do santo Exercício da Via Sacra, e a elevação
da “Adoração Perpétua do Santíssimo Sacramento”. Em uma
palavra, não há favor, que eu vos tenha pedido para o bem
comum de nosso Instituto, que não tenhais benevolamente
concedido.
Estes motivos e muitos outros excitam em meu coração
sentimentos do mais humilde respeito, obrigam-me a manifestar
o meu devotamento e encorajam-me a mandar imprimir no
frontispício destas páginas o vosso nome augusto, conferindolhes
assim uma recomendação que lhe aumentará o valor.
-1-
Conforme a edição romana de 1737
dedicada a S.S. o Papa Clemente XII
concedido.
Estes motivos e muitos outros excitam em meu coração
sentimentos do mais humilde respeito, obrigam-me a manifestar
o meu devotamento e encorajam-me a mandar imprimir no
frontispício destas páginas o vosso nome augusto, conferindolhes
assim uma recomendação que lhe aumentará o valor.
-1-
O preito que vos rendo com este livro é, portanto
conveniente e justo.
Mas será sempre de vossa parte, santíssimo Padre, pura
benevolência se vos dignardes aceita-la. È o que espero,
vendo-vos tão inclinado a promover tudo que de qualquer
modo, possa facilitar o grande negócio da salvação das almas.
Este zelo admirável é que atrai sobre vós a proteção
visível do Altíssimo.
É Deus, certamente, que a uma idade tão avançada
ajunta santidade tão florescente: DEUS, vosso conselheiro em
tão difíceis conjunturas, DEUS, vossa Força nas provações tão
grandes da Igreja, DEUS mesmo, que será finalmente vossa
recompensa por tão gloriosos empreendimentos, dirigidos todos
para o bem do universo católico.
Digne-se vossa Santidade permitir que eu me prostre, com
profunda submissão, beijando vossos pés sagrados, e
oferecendo-vos minhas obras, minhas palavras e meu coração,
e que me confesse,
de vossa Santidade,
o mais humilde, respeitoso e obediente filho e servo,
Frei Leonardo de Porto-Maurício
Convento de São Boaventura,
Roma, 15 de Outubro de 1737.
PREFÁCIO
Os tesouros, por grandes e preciosos que sejam, não
podem ser estimados se não forem conhecidos. Eis porque,
caro leitor, muitos não têm pelo santo Sacrifício da Missa o
amor que deveriam ter, porque este tesouro, A MAIOR
MARAVILHA e a MAIOR RIQUEZA da IGREJA DE DEUS é um
TESOURO OCULTO um tesouro muito pouco conhecido. Ah!
se todos conhecessem esta preciosidade celeste, tudo
sacrificariam para adquiri-lo. A exemplo do mercador do
Evangelho, cada um, de boa vontade, daria tudo que possuísse
para obter tão precioso tesouro.(Mt 13, 46)
Para estabelecer, portanto, àqueles que não estimam
suficientemente tão grande mistério, publicamos este opúsculo.
Talvez a primeira vista, você não dê muito valor a ele, pois
tantos outros livros foram já impressos, que ensinam
admiravelmente o método para participar com fruto da Santa
Missa, que outros novos não se podem desejar, como
temerário, pois seria preciso mais talentos, a fim de pôr, em
evidência, todo o valor de um Mistério tão venerável, além da
inteligência dos próprios Serafins.
Responder-vos-ei, ingenuamente, que dizeis a verdade. E
confesso que nada tenho a objetar, e mais ainda, que por muito
tempo estas duas considerações me detiveram. Tolhia-me viva
repugnância de empreender uma obra que havia de ser julgada
pelo público, como supérflua e além de minhas forças.
Dois motivos, porém, impeliram-me a vencer todas as
resistências de meu coração. Em primeiro lugar um conselho,
para mim sagrado como uma ordem, pois que vinha dum
Personagem a quem, por muitos títulos, devo obediência. Em
segundo lugar a esperança de este escrito prestará algum
serviço às populações que tenho evangelizado nas Missões.
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Com efeito, um dos maiores benefícios que se obtém das
Missões é o incremento do culto e do amor ao Santíssimo
Sacramento. A finalidade delas é excitar em todos os cristãos
um santo fervor que os impila a nutrirem-se mais
freqüentemente do Pão dos Anjos, a acompanhar o santo
Viático, cada vez que ele é levado aos doentes, a fim de que se
forme um grande cortejo de pessoas e luzes, numa palavra, se
lhes prestem as honras e pompa adequadas. Muito esforço
também é feito no sentido de levar, todos os fiéis católicos, a
assistir diariamente à Santa Missa; e não podeis imaginar como
é vantajoso, para atingir um fim tão santo, colocar, entre as
mãos dos fiéis, livros compostos em estilo simples e a seu
alcance. Esses livros aplanam toda dificuldade para excitar a
devoção, aclarando a inteligência e aquecendo os corações; e
muitas vezes tira-se deles mais proveito que mesmo das
pregações, pois nestas a palavra se dissipa enquanto que a
verdade escrita permanece sempre sob os nossos olhos.
Ainda que este opúsculo, não fizesse bem senão a uma
única alma, não se poderia dizer que ficasse sem fruto.
A fim de colocá-lo ao alcance de todos, ele só conterá três
capítulos.
No primeiro encontrar-se-á uma curta introdução sobre a
excelência, a necessidade, e as vantagens da Santa Missa; no
segundo vai exposto um método piedoso e prático para dela
participar com fruto; no terceiro, registram-se alguns exemplos
próprios para excitar as pessoas, de boa condição, a assistir à
Santa Missa todos os dias.
Em suma, é um TESOUTO OCULTO que eu vos
desvendo, e, se souberdes dele aproveitar, enriquecereis de
todos os bens para a vida e para a morte, para o tempo e para
a eternidade.
[22122009_600.jpg] 
EXCELÊNCIA, NECESSIDADE
E VANTAGENS
DO SANTO SACRIFÍCO DA MISSA
Grande paciência é necessária para suportar a
indiferença, que a maioria dos batizados na Igreja Católica têm
pela Santa Missa: eles rescendem ateísmo e são o veneno da
piedade. Pensam eles: “Uma missa a mais, uma missa a
menos, que importa... Já é bastante ouvir a missa nos dias de
festa. A missa de tal padre é uma missa de semana santa:
quando ele surge no altar eu fujo da igreja”.
Esses que assim falam deixam perceber claramente que
pouca ou nenhuma estima têm pelo santíssimo Sacrifício da
Missa.
Sabeis que, na realidade, a Santa Missa? É o sol da
cristandade, a alma da Fé, o centro da religião Católica
apostólica com a sede em Roma, a que tendem todos os seus
ritos, todas as suas cerimônias, todos os seus sacramentos. É
uma palavra, A ESSÊNCIA DE TUDO O QUE HÁ DE BOM E
BELO NA IGREJA DE DEUS.
Por isso caros leitores meditem bem tudo que vou dizervos
nesta instrução.


EXCELÊNCIA DO SANTO
SACRIFÍCIO DA MISSA
É uma verdade incontestável que todas as religiões, que
existiram desde o começo do Mundo, tiveram sempre algum
sacrifício como parte essencial do culto devido a DEUS.
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Mas porque essas religiões eram vãs ou imperfeitas, seus
sacrifícios, também, eram vãos ou imperfeitos.
Totalmente vãos eram os sacrifícios do paganismo, e nem
acode ao espírito falar sobre eles.
Quanto ao dos hebreus, eram imperfeitos.
Se bem que professassem, então, a religião verdadeira,
seus sacrifícios eram podres e defeituosos, infirma et egena
elementa, como qualifica São Paulo.
Não podiam, assim, apagar os pecados nem conferir
graça.
Só o Sacrifício que temos em nossa santa religião, que é a
Santa Missa, é um sacrifício santo, perfeito, e, em todo sentido,
completo: por ele, cada fiel honra dignamente a DEUS,
reconhecendo, ao mesmo tempo, o próprio nada e o supremo
domínio de DEUS. Davi o chama: Sacrifício de Justiça,
sacrificium justitiae; tanto porque contém o Justo dos justos e o
Santo dos santos, ou, melhor a própria Justiça e Santidade,
como porque santifica as almas pela infusão das graças e
abundância dos dons que lhes confere.


PRIMEIRA EXCELÊNCIA
O SACRIFÍCIO DA SANTA MISSA É O MESMO
QUE O SACRIFÍCIO DA CRUZ
A
Santa Missa é um sacrifício tão santo, o mais augusto e
excelente de todos, e a fim de formardes uma idéia adequada
de tão grande tesouro, algumas de suas excelências divinas;
pois dize-las todas não é empreendimento a que baste a
fraqueza da minha inteligência.
A principal excelência do santo Sacrifício da Missa
consiste em que se deve considerá-lo como essencialmente o
mesmo oferecido no Calvário sobre a Cruz, com esta única
diferença: que o sacrifício da Cruz foi sangrento e só se
realizou uma vez e que nessa única oblação JESUS CRISTO
satisfez plenamente por todos os pecados do Mundo; enquanto
que o sacrifício do altar é um sacrifício incruento, que se pode
renovar uma infinidade de vezes, e que foi instituído pra nos
aplicar especialmente esta expiação universal que JESUS por
nós cumpriu no Calvário,
Assim o SACRIFÍCIO CRUENTO foi o MEIO de nossa
REDENÇÃO, e O SACRIFÍCIO INCRUENTO nos proporciona
as GRAÇAS da nossa REDENÇÃO.
Um abre-nos os tesouros dos méritos de CRISTO Nosso
Senhor, o outro no-los dá para os utilizarmos.
Notai, portanto que na Missa não se faz apenas uma
representação, uma simples memória da Paixão e Morte do
nosso Salvador; mas num sentido realíssimo, o mesmo que se
realizou outrora no Calvário aqui se realiza novamente: tanto
que se pode dizer, a rigor, que em cada Santa Missa nosso
Redentor morre por nós misticamente, sem morre na realidade,
estando ao mesmo tempo vivo e como imolado: Vidi agunum
stantem tanquan accisum. (Apoc 5, 6)
No santo dia de Natal, a Igreja nos lembra o nascimento
do Salvador, mas não é verdade que Ele nasça, ainda, nesse
dia.
Nos dias da Ascensão e Pentecostes, comemoramos a
subida do Senhor JESUS ao Céu e a vinda do ESPÍRITO
SANTO, sem que, de modo algum nesses dias o Senhor suba
ainda ao Céu, ou o ESPÍRITO SANTO desça visivelmente à
Terra.
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A mesma coisa, porém, não se pode dizer do mistério da Santa
Missa, pois aí não é uma simples representação que se faz,
mas, sim, o mesmo sacrifício oferecido sobre a Cruz, com
efusão de sangue, e que se renova de modo incruento: é o
mesmo corpo, o mesmo sangue, o mesmo JESUS, que se
imola hoje na Santa Missa. Opus trae Redemptionis exercetur,
diz a Santa Igreja.
A obra de nossa Redenção aí se exerce: sim, exercetur, aí
se exerce atualmente. Este santo sacrifício realiza, opera o que
foi feito sobre a Cruz. Que obra sublime! Ora, dizei-me
sinceramente se, quando ides à Igreja para assistir a Santa
Missa, pensásseis bem que ides ao Calvário assistir à morte do
Redentor, que diria alguém que vos visse ai chegar numa
atitude tão pouco modesta? Se Maria Madalena fosse ao
Calvário e se prostrasse aos pés da Cruz vestida, perfumada e
ataviada como em seus tempos de desordem, quanto não seria
censurada! E que se dirá de vós que ides à Santa Missa como
se fôsseis a uma festa mundana?
Que aconteceria, sobretudo se profanásseis este ato tão
santo, com gestos, risadas, cochichos, encontros sacrílegos?
Digo que, em qualquer tempo e lugar, a iniqüidade não
tem cabimento; mas os pecados que se cometem na hora da
Santa Missa e na proximidade do altar, são pecados que
atraem a maldição, de DEUS: Maledictus qui facit opus Domini
fraudulenter (Jer 48,10). Meditai seriamente sobre esse
assunto.
Outras maravilhas, porém, vou desvendar-vos de tesouro
tão precioso.
SEGUNDA EXCELÊNCIA
O SACRIFÍCIO DA SANTA MISSA TEM POR
SACERDOTE O PRÓPRIO JESUS CRISTO
Depois de dizer que o Sacrifico da Missa é o mesmo
Sacrifício da Cruz, e não uma cópia, era de imaginar que não
se poderia encontrar prerrogativa melhor. O que o torna,
entretanto, mais sublime é o fato de ter como sacerdote o
próprio Deus feito homem.
Três coisas, certamente são para considerar no santo
Sacrifício: o Sacerdote que oferece. A Vítima oferecida e a
Majestade divina, a quem se oferece. Ora, três considerações:
o Sacerdote, que oferece, é um Homem-DEUS, JESUS
CRISTO: a vítima é a vida de um DEUS; e não se oferece a
outrem senão DEUS.
Reanimai, portanto, a vossa fé, e reconhecei no padre que
celebra, a pessoa adorável de Nosso Senhor JESUS CRISTO.
É Ele o principal oferente, não só porque instituiu este santo
Sacrifício, e lhe dá, por seus méritos, a eficácia, mas porque se
digna, em cada Santa Missa e para nosso benefício mudar o
pão e o vinho em seu santíssimo Corpo e preciosíssimo
Sangue.
Eis porque a maior excelência da Santa Missa consiste em
ter por Sacerdote um DEUS feito Homem. E quando virdes o
celebrante no altar, sabei que sua maior dignidade é ser o
ministro deste Sacerdote invisível e eterno que é nosso
Redentor.
Daí vem que o Sacrifício não deixa de ser agradável a
DEUS, ainda que o padre celebrante seja um pecador, visto
que o principal oferente é CRISTO Nosso Senhor, e o padre
seu simples representante.
Do mesmo modo, aquele que dá esmola pela mão dum
servidor, é verdadeiramente o principal autor do benefício, e
ainda que o servo fosse um celerado, se o patrão é um justo, a
esmola é santa e é meritória.
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Bendito seja DEUS que nos deu um Sacerdote
infinitamente santo, a própria Santidade, o qual oferece ao PAI
Eterno este divino Sacrifício, não só em todo lugar, pois hoje a
fé está difundida em toda parte, mas também em todo tempo,
todos os dias e mesmo a toda hora, graças a DEUS, o sol se
levanta para outras regiões, quando pra nós desaparece. A
toda hora, portanto em qualquer parte da Terra, este
Santíssimo Sacerdote oferece seu Corpo, seu Sangue, todo o
Ser ao PAI, por nós, e o faz tantas vezes quantas Missas se
celebram em todo o Universo.
Que tesouro imenso! Que mina de inestimáveis riquezas
possuímos na Igreja de DEUS! Felizes de nós se pudéssemos
assistir devotamente a todas as Santas Missas! Que capital de
méritos amontoaríamos! Que abundância de graças nesta vida,
e que grau de glória na outra nos proporcionará a devota e
amorosa assistência a tantas Santas Missas!
Mas que digo? Assistência? Os que assistem a Missa à
Santa Missa não fazem apenas o ofício de assistentes, mas
também o de celebrantes e pode-se chama-los sacerdotes:
Fecisti nos DEO nostro regnun et sacerdotes (Apoc 5,10). O
sacerdote que oficia é como o ministro público da Igreja inteira,
é o mediador de todos os fiéis, e especialmente daqueles que
participam da Santa Missa, junto do Sacerdote invisível que é
JESUS. Com CRISTO, ele oferece ao Eterno PAI, em seu
Nome e em nome de todos, o resgate precioso da Redenção
dos homens. Não está, porém, sozinho nesta santa função.
Todos os que assistem a Santa Missa, concorrem com ele no
oferecimento do Sacrifício. Assim, voltado para os fiéis, o
sacerdote diz: Orate, fratres, ut meum ac vestrum sacrificium
acceptabile fiat:
“Orai, meus irmãos, para que o meu sacrifício, que é
também o vosso, seja agradável a DEUS”.
Estas palavras, que o sacerdote profere, é para nos dar a
entender que, conquanto desempenhe ele o papel de ministro
principal, todos, que ali assistem, com ele oferecem a grande
Vítima. Quando assistis à Santa Missa, fazeis, portanto, de
certo modo, o ofício de sacerdote.
Que dizeis agora? Ousaríeis ainda assistir à Santa Missa,
sentados, tagarelando, olhando para um e outro lado, e
contentando-vos de recitar, bem ou mal, umas preces vocais,
sem levar em conta o ofício de tanta responsabilidade que
exerceis, o ofício de sacerdote?
Ah! não posso evitar de exclamar aqui: Ó mundo
insensato, que nada compreende de tão augustos mistérios.
Como é possível permanecer ao pé dos altares com o
espírito distraído e o coração dissipado, num momento em que
os Anjos e os Santos se absorvem em admiração e temo à
vista de tão maravilhosa obra!
TERCEIRA EXCELÊNCIA
A PALAVRA DE UM HOMEM
OPERA O SACRIFÍCIO.
A
dmirai-vos, talvez, de me ouvir dizer que a Missa é uma
obra maravilhosa? E não é, com efeito, inefável maravilha o
que opera a palavra de um humilde sacerdote? Que língua
angélica ou humana poderia explicar poder tão excessivo?
Quem, jamais, pode imaginar que a palavra de um homem, que
não tem, naturalmente, a força de levantar da terra uma palha,
receberia da graça o poder surpreendente de fazer descer do
Céu o Filho de DEUS?
-10- -11-
Aí está um poder maior que o de transportar montanhas,
esgotar o mar e abalar os céus; poder comparável, de certo
modo, àquele primeiro Fiat com que DEUS fez surgir do nada
todas as coisas, e que pode mesmo parecer sobrepujar, em
outro sentido, aquele Fiat pelo qual a Virgem Santíssima atraiu
a seu seio o Verbo Divino.
A Virgem Maria nada mais fez que fornecer a matéria do corpo
de Cristo dela formado, sem dúvida, isto é, de seu puríssimo
sangue, mas não por ela nem por sua operação: enquanto que
a voz do sacerdote, sendo instrumento de CRISTO no ato da
consagração, O reproduz de um modo novo e admirável, quer
dizer, sacramentalmente e isto tantas vezes quantas consagra.
O bem-aventurado João, o Bom, de Mântua, levou um
eremita seu companheiro a compreender esta verdade. Este
não conseguia persuadir de que a palavra de um padre tivesse
o poder de mudar a substância do pão, no Corpo de JESUS
CRISTO, e a do vinho em seu Sangue; e, o que é mais
deplorável, tinha cedido a essa tentação diabólica. O servo de
DEUS percebeu o erro do companheiro, e, conduzindo-o a
beira de uma fonte, aí encheu de água uma taça e deu-lhe de
beber.
Depois de sorver toda a água, o outro confessou que jamais,
em toda a sua vida, provara um vinho tão delicioso. Então João,
o Bom, disse-lhe: “Não vedes o milagre, meu querido irmão?
Se, por meio de um miserável como eu, a água se mudou em
vinho pela onipotência divina, quanto mais deveis crer, por meio
das palavras do sacerdote, que são palavras de DEUS, o pão e
o vinho mudam-se no Corpo e Sangue de JESUS CRISTO?
Quem ousaria jamais pôr limites à onipotência de DEUS?”
Bastou isso para dissipar o engano do eremita, que,
expulsando de seu espírito toda a dúvida, fez grande penitência
por seu pecado.
Um pouco de fé, mas de fé viva, e confessaremos que
inúmeras são as prodigiosas prerrogativas contidas neste
admirável Sacrifício.
Aí veremos, com admiração, renovar-se-á a toda hora este
prodígio da sagrada humanidade de JESUS CRISTO presente
em milhares e milhares de lugares, e gozando, por assim dizer,
de uma sorte de imensidade que não possui nenhum outro
corpo, e só a ela reservada em recompensa do sacrifício de sua
vida que Ele fez a DEUS Altíssimo.
Um espírito, falando pela boca de uma pessoa, fez com
que um judeu incrédulo compreendesse esta verdade, por meio
de uma comparação material e grosseira. O homem achava-se
numa praça com muitas pessoas, entre as quais a mulher
possessa. Nesse momento passou um padre que levava o
Santo Viático a um doente. Todos os presentes se ajoelharam e
prestaram homenagem ao Santíssimo Sacramento. Só o judeu
ficou imóvel e não deu sinal algum de respeito. Vendo isso, a
mulher levantou-se furiosa, arrancou-lhe o chapéu e deu-lhe um
vigoroso bofetão, dizendo-lhe.
“Desgraçado, porque não te prostras diante do verdadeiro
DEUS presente neste Divino Sacramento?” – “Que DEUS?”,
replicou o judeu. “Se fosse verdade, a conseqüência seria
haver muitos deuses, pois, ao celebrarem a Santa Missa ele
estaria em cada um dos vossos altares”.
A estas palavras, o espírito, que habitava naquela mulher,
tomou um crivo e opondo-se ao sol, disse ao judeu que olhasse
os raios filtrando-se pelos buracos. Em seguida ajuntou: “Dizeme,
judeu, há então muitos sóis passando pelas aberturas
deste crivo, ou um só?” E, à resposta do judeu de que não
havia senão um sol, a mulher replicou.
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“Por que te espantas, então, de que DEUS, feito Homem
e feito Sacramento, possa ter, por um excesso de amor, uma
presença real e verdadeira sobre vários altares, permanecendo,
no entanto, uno, indivisível e imutável?” Foi o suficiente para
confundir a incredulidade do judeu, que por esse raciocínio se
viu constrangido a confessar a verdade de nossa Fé.
Ó santa Fé! Apenas um raio de tua luz, e exclamaremos
com fervor: Quem ousaria estabelecer limites à onipotência de
DEUS?
Nesta grande concepção que tinha do poder de DEUS, Santa
Teresa dizia, muitas vezes, que quanto mais sublimes eram os
mistérios de nossa fé, e profundos e impenetráveis à nossa
inteligência, com tanto mais força e felicidade neles acreditava,
sabendo bem que DEUS todo-poderoso pode fazer prodígios
infinitamente maiores.
Reanimai, espontaneamente, vossa fé e confessai que
este Divino Sacramento é o milagre dos milagres, a maravilha
das maravilhas, e que sua maior excelência consiste em
ultrapassar nossa pobre inteligência. E tomados de admiração
dizei e repeti muitas vezes: Oh! Que grande tesouro! Que
imenso tesouro!
Se, porém, sua excelência prodigiosa não vos comove,
que vos toque, ao menos, sua soberana necessidade.
NECESSIDADE
DO SANTO SACRIFÍCIO
Se não houvesse o Sol, que seria da Terra? Oh! Tudo
seria trevas, horror, esterilidade e desolação.
E se o Mundo não tivesse a Santa Missa, que seria de nós?
Infelizes! Ficaríamos privados de todos os bens
sobrecarregados de todos os males. Estaríamos expostos a
todos os raios da cólera de DEUS.
Alguns há que se admiram, e acham que, de certo modo DEUS
mudou a sua maneira de governar. Antigamente Ele se
nomeava de DEUS dos exércitos, e falava ao povo do meio das
nuvens, manejando o trovão; e de fato, era com todo o rigor da
justiça que castigava os pecados. Por um único adultério,
mandou passar a fio de espada vinte e cinco mil homens da
tribo de Benjamim. (Juiz 20,46).
Por um leve pecado de orgulho de Davi em computar o povo,
enviou Ele uma peste tão terrível que, em poucas horas
pereceram setenta mil pessoas (II Sam. 24,15)
Por um só olhar curioso e desrespeitoso dos betsamitas, fez
que cinqüenta mil deles perecessem. (I Sam. 6, 19).
E agora suporta, com paciência, não só vaidades e
irreverências, mas adultérios, os mais vergonhosos, escândalos
gravíssimos, e tantas blasfêmias horríveis que muitos cristãos
vomitam contra Seu Nome Santíssimo.
Porque assim acontece? Por que tão grande mudança de
conduta? Serão as ingratidões dos homens mais escusáveis
hoje do que outrora? Bem ao contrário, são muito mais
culpáveis, já que os imensos benefícios de DEUS se
multiplicam cada dia.
A verdadeira razão desta clemência espantosa é a Santa
Missa, pela qual esta grande Vítima, que se chama JESUS, se
oferece ao Eterno PAI. Eis aí o sol da santa Igreja que dissipa
as nuvens e torna sereno o céu.
Eis aí o arco-íris que detém os raios da Divina Justiça. Creio
para mim que, não fosse a Santa Missa, o Mundo estaria já no
abismo, incapaz de suportar o imenso fardo de suas
iniqüidades.
-14- -15-
A Santa Missa é o poderoso sustentáculo que lhe permite
subsistir.
Concluí, de tudo isto, quanto este divino Sacrifício é
necessário; assim então, sabei aproveitá-lo o máximo que for
possível.
Para isto, quando participamos da Santa Missa, devemos imitar
Afonso de Albuquerque. Achando-se, com sua frota, em perigo
de naufragar numa horrível tempestade, teve uma inspiração:
tomou nos braços uma criança que viajava em sua nau, e,
elevando-a ao alto, exclamou: “Se todos somos pecadores,
esta criaturinha é certamente sem mácula, Ah! Senhor por amor
deste inocente compadecei-vos dos culpados!” Acreditareis? A
vista dessa criança inocente agradou tanto a DEUS, que Ele
acalmou o mar e devolveu a alegria àqueles infelizes, gelados
já pelo terror da morte certa.
Ora, qual pensais seja a atitude do Eterno Pai, quando o
sacerdote, levantando a Santa Hóstia, lhe apresenta o Divino
FILHO? Ah! seu amor não pode resistir à vista do inocente
JESUS; Ele se sente forçado a acalmar nossas tormentas, e
acudir a todas as nossas necessidades. Sem esta santa vítima,
portanto, sem JESUS sacrificado por nós, primeiro sobre a
Cruz, e todos os dias sobre nossos altares, estaríamos
perdidos, e poderia cada um dizer a seu companheiro: “Até à
vista no inferno! Sim, sim, no inferno, no inferno! Até à vista no
inferno!”
Mas, com este tesouro da Santa Missa a nosso alcance, nossa
esperança renasce; e se não opusermos obstáculos, teremos
assegurado o Paraíso.
Deveríamos, portanto, beijar nossos altares, perfumá-los
de incenso, e sobretudo honrá-los com nosso máximo respeito,
pois que deles nos vêem tantos bens.
Juntai as mãos e agradecei a DEUS PAI que nos deu o
mandamento tão doce de oferecer-Lhe muitas vezes a Vítima
celeste. Agradecei-Lhe, sobretudo, pelo imenso proveito que
dela recebeis, se sois fiel não somente em oferecê-la, mas de
fazê-lo para os fins a que nos foi concedido este dom tão
precioso.
VANTAGENS DO SANTO SACRIFÍCIO
A grandeza e a beleza são dois motivos assaz
poderosos para tocar os corações; a utilidade, porém, os
persuade e, a despeito de toda repugnância, arrebata quase
sempre à vitória.
Ainda que a excelência e a necessidade da Santa Missa não
fossem para vós bastante ponderáveis, como poderíeis
deixar de apreciar a magna utilidade que ela proporciona
aos vivos e falecidos, aos justos e aos pecadores, para a
vida e para a morte, e mesmo para depois da morte?
Imaginai que sois aquele devedor do Evangelho, cuja dívida
se elevara à enorme quantia de dez mil talentos. Chamado a
prestar contas humilha-se, implora e pede adiamento para
satisfazer completamente o débito: Patientiam hiabe in me,
et omnia rddam tibi.
“Tem paciência comigo, que tudo de pagarei” (Mt 18, 26)
Aí está o que deveis fazer, vós que tendes com a Justiça
divina não uma, mas mil dívidas. Deveis humilhar-vos e
suplicar tempo bastante para assistir à Santa Missa; e ficai
certos de que estas Santas Missas saldarão completamente
todas as vossas obrigações.
São Tomás de Aquino, o Doutor angélico, nos ensina
quais são as dívidas que temos com DEUS. Ele diz que há
especialmente quatro. Todas as quatro ilimitadas.
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A primeira é de adorar, louvar e honrar este DEUS de
majestade infinita e digno de infinitos louvores e
homenagens.
A segunda dar-Lhe satisfação pelos pecados que
cometemos.
A terceira, render-Lhe graças pelos benefícios recebidos.
A quarta, implora-Lhe, como fonte de todas as graças.
Ora, como é possível que pobres criaturas como nós,
que nada possuímos, nem mesmo o ar que respiramos,
possam jamais satisfazer obrigações tão grandes?
Consolemo-nos, pois aqui está um meio facílimo. Façamos o
possível para participar de muitas Missas e com a máxima
devoção; mandemos celebrá-la também o mais que
pudermos: e, se bem que nossas dívidas sejam enormes e
inumeráveis, não há dúvida de que, com o tesouro contido
na Santa Missa, poderemos solvê-las inteiramente. E para
melhor compreendermos estas dívidas, explicá-las-ei uma
depois da outra, e grande será vossa consolação ao ver a
grande utilidade e inesgotável riqueza que podeis haurir de
mina abundante, para pagar todas.
PELA SANTA MISSA ADORAMOS
DIGNAMENTE A DEUS
Nossa primeira obrigação para com DEUS é adorá-Lo
e honrá-Lo. É preceito da própria lei natural que todo inferior
deve homenagem a seu superior. E quanto maior a
dignidade deste, tanto maiores devem ser as honras que se
lhes prestam. Daí resulta que, sendo DEUS de majestade
infinita, homenagens infinitas Lhe devemos.
Infelizes que somos! Onde encontraremos oferenda digna
de nosso Criador? Passei vós em revista todas as criaturas
do Universo: coisa alguma encontrareis digna Dele.
Ah! é que uma oferenda digna de DEUS não pode ser senão
o próprio DEUS. Necessário é que Aquele, que está sentado
no trono de Sua Majestade, desça para oferecer-se como
vítima sobre os nossos altares, a fim de que a homenagem
corresponda perfeitamente à Excelência de sua grandeza
infinita.
Isto é o que se realiza na Santa Missa, pela qual DEUS
é adorado na medida que merece, porque é adorado por
DEUS mesmo, isto é, por JESUS que, pondo-se sobre o
altar em estado de vítima, adora a SANTISSÍMA TRINDADE
por um ato de inefável dependência e tanto quanto Ela
merece. E de tal modo que todas as outras homenagens
que Lhe possam prestar as criaturas, comparadas a essa
humilhação de JESUS, desaparecem como as estrelas em
presença do sol.
Conta-se de uma santa alma que, totalmente abrasada
de amor a DEUS, traduzia em mil desejos o ardor de sua
ternura: “Ah! meu DEUS, dizia ela, quisera ter tantos
corações e tantas línguas como há de folhas nas árvores, de
átomos no ar e de gotas d´água, para vos amar e louvar
como mereceis. Oh! Se eu tivesse em meu poder todas se
consumissem de amor por vós, contanto que eu vos amasse
mais que todas juntas, mais que todos os Anjos, os Santos e
todo o Paraíso!” Certo dia em que tal desejo repetia com
mais fervor do que nunca, ouviu o SENHOR responder-lhe:
“Consola-te, minha filha, pois com uma só Missa que
participas com devoção, dás-me toda esta glória que me
desejas, e ainda mais infinitamente.”
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Admirai-vos talvez esta afirmação? Não tendes motivo,
pois visto nosso boníssimo JESUS ser não somente
Homem, mas DEUS verdadeiro e Todo-Poderoso, quando
Ele se aniquila sobre o altar, dá com este ato homenagem e
adoração infinitas à SANTISSÍMA TRINDADE.
Deste modo que nós, que concorremos com Ele no
oferecimento deste grande Sacrifício, damos também de
nossa parte, a DEUS, honra e homenagem infinitas. Oh!
Que coisa sublime! Digamos uma vez ainda, pois
importantíssimo é sabê-lo: sim, assistindo à Santa Missa,
prestamos a DEUS adoração, honra e homenagem infinitas.
Deixai, aqui, empolgar-vos de admiração, e reconhecei
que é absolutamente verdade dizer que, ao assistirmos com
devoção à Santa Missa, damos a DEUS mais glória, do que
lhe dão, com suas adorações, todos os Anjos e todos os
Santos juntos: pois, definitivamente, eles são apenas
simples criaturas e, portanto, suas homenagens são
limitadas e curtas. Na Santa Missa, porém, JESUS se
aniquila e esta humilhação é de valor e mérito infinitos.
Por conseguinte, a homenagem e a honra que por meio
d´Ele prestamos a DEUS na Santa Missa, são homenagem
e amor infinitos.
Sendo assim, como quitaremos bem a nossa primeira dívida
com DEUS, assistindo à Santa Missa! Ó mundo obcecado,
quando abrirás os olhos para compreender verdade tão
importante.
E vós cristãos negligentes, tereis ainda a coragem de dizer:
“Uma missa a mais, uma missa a menos, pouco importa”?
Que triste cegueira!
PELA SANTA MISSA
PODEMOS SATISFAZER A JUSTIÇA DIVINA
PELOS PECADOS COMETIDOS
A segunda obrigação que temos para com DEUS é de
satisfazer à sua justiça por tantos pecados cometidos. Oh!
Que dívida imensa esta! Um único pecado mortal pesa tanto
na balança da Justiça Divina que não bastariam, para expiálo,
todas as boas obras de todos os mártires e de todos os
santos passados, presentes e futuros.
No entanto com o Santo Sacrifício da Missa, se
considerarmos o seu valor intrínseco e seu preço, pode-se
satisfazer plenamente por todos os pecados cometidos.
E aqui buscai compreender quanto de reconhecimento
deveis a JESUS . Pensai-o bem: é Ele o ofendido;
entretanto, não contente de no Calvário ter satisfeito por nós
à Justiça Divina, deu-nos e continua a dar-nos
incessantemente o meio de apaziguá-la no sacrifício da
Santa Missa, pois ai renova a oferenda que, na Cruz, fez a
DEUS PAI, pelos pecados do Mundo inteiro. O mesmo
sangue que derramou para resgatar o gênero humano é
aplicado e oferecido especialmente na Santa Missa pelos
pecados daquele que a celebra ou manda celebrar, e de
todos os que participam deste augusto Sacrifício. Não que o
Sacrifício da Santa Missa apague por si mesmo e
imediatamente nossos pecados, como é o caso do
sacramento da Confissão; mas obtém que eles nos sejam
apagados, proporcionando-nos, seja no momento mesmo da
Santa Missa, seja em outra ocasião oportuna, boas
inspirações, movimentos salutares e graças atuais que nos
são indispensáveis para nos arrependermos dignamente de
nossas faltas. Só DEUS sabe quantas almas escaparam das
garras do pecado pelos socorros extraordinários que lhes
provieram deste divino Sacrifício!
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Assim conquanto às almas em estado de pecado mortal não
lhes aproveite o valor no que tem de propiciatório, todos os
pecadores deviam assistir muitas vezes à Santa Missa para
alcançar mais facilmente a graça da conversão. Quanto às
almas vivendo em paz com DEUS, o Sacrifício da Santa
Missa lhes dá uma força surpreendente para se manterem
nesse estado e, conforme a opinião comum, são apagados
todos os pecados veniais, casso tenham ao mesmo tempo
um arrependimento geral.
É o que ensina claramente Santo Agostinho: “Se alguém
assiste devotamente à Santa Missa, não cairá em pecado
mortal e os pecados veniais lhe serão perdoados”.
Narra São Gregório que uma pobre mulher
encomendava a celebração de Santas Missas, todas as
segundas-feiras, em ação de graças, para o seu marido, que
ela julgava morto, pois ele caíra nas mãos dos bárbaros.
Estava vivo, porém, e durante o tempo em que se
celebravam essas Santas Missas, a cadeias se lhe soltavam
dos pés e das mãos e lhe caíam as algemas, e ele ficava
livre e desembaraçado, como, ao libertar-se da escravidão,
pôde contar a sua mulher. Quanto mais devemos crer na
eficácia deste Sacrifício para desatar os laços espirituais,
isto é, os pecados veniais, que de certo modo mantém
cativa a alma, impedindo-a de agir com a liberdade e o
fervor que ela teria, não fossem esses entraves.
Ó bem-aventurada Santa Missa, que nos restitui a
liberdade de filhos de DEUS, e satisfaz todas as penas
devidas por nossos pecados!
Mas então, me direis, basta assistir ou encomendar
uma única Santa Missa para pagar as maiores dívidas com
DEUS, em vista de tantos pecados cometidos, pois, sendo
infinito o seu valor, com ela daremos a DEUS uma
satisfação infinita. – Devagar!, eu vos peço.
Realmente, se bem que o valor do Santo Sacrifício seja
infinito, deveis saber entretanto, que DEUS o aceita numa
medida limitada e finita, mais ou menos, conforme a
devoção maior ou menor de quem o celebra, manda
celebrar, ou a ele assiste.
Quorum tibi fides cógnita est et nota devotio, diz a Santa
Igreja no Cânon da Santa Missa, e, por esta linguagem, dános
a entender o que ensinam expressamente os Doutores,
e é, que a maior ou menor satisfação proporcionada pela
Santa Missa, quanto à pena devida por nossos pecados,
depende da disposição de quem a celebra ou a ela assiste.
Note-se aqui o erro daqueles que preferem as missas mais
curtas e menos devotas, ou, o que é pior, que a elas
assistem com pouca ou nenhuma devoção. É verdade que
todas as Missas são iguais do ponto de vista do
Sacramento, como ensina São Tomás; não o são, porém,
quanto aos efeitos que delas provêm. Quanto maior a
piedade atual ou habitual do celebrante, maior será o fruto
de seu sacrifício. Assim, não fazer diferença entre um padre
mais fervoroso e outro menos, seria o mesmo que, para
pescar, lançar mão indiferentemente de uma rede de malhas
pequenas ou grandes.
Diga-se o mesmo dos que assistem à Santa Missa. E
ainda que eu vos exorte, o mais que posso, a assistir muitas
vezes à Santa Missa, advirto-vos de procurar, sobretudo
assistir a cinqüenta, mais glória dais a DEUS com aquela
única Missa, e retirais mais fruto, mesmo desse que
chamamos ex opere operato, do que o outro há de tirar de
cinqüenta, apesar do número considerável.
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“Na satisfação, olha-se mais a piedade do oferente que
a quantidade da oblação”. “In satisfactione magis attenditur
affectus offrentis quam quantitas oblationis”, diz São Tomás.
Pode acontecer, sem dúvida, (como afirma um sério
autor) que, com uma única Missa, assistida com
extraordinária devoção, se dê satisfação à Justiça de DEUS,
por todos os pecados ainda do maior pecador, conforme se
depreende do Santo concílio de Trento, que diz: “Graças à
oferenda deste santo Sacrifício, DEUS concede o dom da
verdadeira penitência, e por ela o perdão dos pecados,
ainda os mais graves”.
No entanto, visto que conhecermos claramente a
disposição interior com que assistimos à Santa Missa, nem a
satisfação correspondente devemos ter o cuidado em
assistir a muitas, o mais que pudermos, e assistir com todo o
amor e devoção possíveis. Felizes de vós se depositardes
uma grande confiança em DEUS, que tão admiravelmente
exerce Seu Amor neste Divino Sacrifício, e se assistirdes
com fé, fervor e reverência, a todas as Santas Missas que
puderdes!
Afirmo-vos que podeis alimentar a doce esperança de
alcançar diretamente o Paraíso, sem passar pelo Purgatório.
À Santa Missa, portanto, à Santa Missa! E que jamais
se ouça de vossos lábios esta palavra escandalosa: “Uma
missa a mais, uma missa a menos não tem importância”.
PELA SANTA MISSA AGRADECEMOS
DIGNAMENTE A DEUS
TODOS OS BENEFÍCIOS
A terceira dívida é a do reconhecimento pelos
benefícios de que nos cumulou carinhosamente nosso
DEUS. Computai todos os favores que dele tendes recebido,
os bens da natureza e da graça, o corpo, a alma, os
sentidos, as faculdades, a saúde, a vida.
A própria vida, enfim, de seu Filho JESUS, e a morte
que por nós sofreu, elevam além de qualquer medida a
divida de gratidão que temos com DEUS. Como poderemos
agradecer-Lhe suficientemente?
Se, duma parte, a lei da gratidão é observada mesmo
pelos animais selvagens, que às vezes mudam sua
ferocidade em afeição àqueles que lhe fazem bem, quanto
mais deverá ser ela observada entre os homens, dotados de
razão e tão prodigiosamente favorecida pela liberalidade de
DEUS!
Doutra parte, porém, nossa miséria é tão grande que não
temos sequer o meio de satisfazer pelos menores benefícios
recebidos de DEUS. Pois o menor de todos, provindo das
mãos de tão grande Rei e acompanhado dum amor infinito,
adquire um preço infinito e nos obriga a um reconhecimento
também infinito. Infelizes que somos! Se não podemos
suportar o peso de um só benefício, como poderemos arcar
com o fardo de graças inumeráveis?
Sendo assim, portanto, estaremos destinados à triste
contingência de viver e morrer ingratos para com nosso
Benfeitor.
Consolai-vos, pois o meio de dar ações de graças
suficientes ao boníssimo DEUS nos é ensinado pelo rei
Davi, que, contemplando com espírito profético o divino
sacrifício, confessava que só ele bastava para dar a DEUS
ações de graças adequadas. Quid retribuam Domino pro
omnibus quae retribuit mihi? Perguntava. “Que retribuirei ao
Senhor por todos os benefícios que me tem feito?”
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E responde: Calicem salutaris, ou, segundo outra
versão:
Calicem levabo. “Elevarei ao céu o cálice do Senhor”, isto é,
“Oferecer-Lhe-ei um sacrifício que será infinitamente
agradável, e com o qual, somente, satisfarei a minha dívida
por tantos e tão grandes benefícios.”
Acresce que este Sacrifício foi instituído pelo nosso
Redentor, principalmente para este fim, quero dizer, para
reconhecer a divina munificência e agradecer-Lhe, e por isso
chama-se Eucaristia por excelência, o que significa “ação de
graças”. Ele mesmo nos deu o exemplo, quando na Última
Ceia, antes de pronunciar nessa Missa as palavras da
consagração, elevou os olhos ao céu e deu graças a seu
PAI: Elevatis oculis in caelum, tibi gratias apens fregit.
Ó divina ação de graças, que nos descobre o fim sublime
para que foi instituído este augusto Sacrifício, e nos convida
a conformar-nos a nosso Chefe, a fim de que sempre, ao
assistir à Santa Missa, saibamos servir-nos de tão grande
tesouro, oferecendo-o em ação de graças a nosso soberano
Benfeitor, e associando-nos ao Paraíso todo, à Santíssima
Virgem, aos Anjos e Santos, que se enchem de alegria ao
ver-nos render a nosso adorável DEUS, este tributo de
reconhecimento!
A venerável irmã Francisca Farnese vivia em
contínuos tormentos de amor, por se ver inteiramente
cumulada de benefícios divinos, sem encontrar o meio de
depor tão pesado fardo, dando ao Senhor um
reconhecimento suficiente. Certo dia apareceu-lhe a
Santíssima Virgem e, depondo-lhe nos braços o divino
infante, disse-lhe: “Toma-O, Ele é teu, e saibas dele servirte,
pois com Ele pagarás todas as tuas dívidas.”
Ó bem aventurada Santa Missa, graças à qual o Filho
de DEUS é depositado, não em nossos braços, mas em
nossas mãos e em nosso coração! Uma criancinha nos é
dada, a fim de que dela nos sirvamos, e não há dúvida de
que com ela possamos solver completamente a dívida de
reconhecimento que temos com DEUS. Mais ainda: se bem
refletirmos, na Santa Missa damos, de certo modo, a DEUS
algo mais do que Ele nos deu: pois DEUS PAI nos deu
somente uma vez o seu divino FILHO, na Encarnação,
enquanto nós lho damos sem cessar neste santo Sacrifício.
De modo que parece o sobrepujamos, por assim dizer, se
não no próprio dom, pois maior não pode haver que o FILHO
de DEUS, mas ao menos em aparência, renovando tantas
vezes o mesmo dom.
Ó grandessíssimo DEUS! Ó DEUS fonte do Amor! DEUS
todo Amor!
Quem dera, pudéssemos ter uma infinidade de línguas para
agradecer-vos pelo incalculável tesouro que nos destes,
instituindo a Santa Missa!
E vós, que fazeis? Abristes enfim os olhos para
reconhecer tão preciosíssimo tesouro? Se, no passado, ele
foi para vós como um Tesouro Oculto, agora que começais a
conhecê-lo, não exclamais transportados de admiração: Oh!
Que admirável tesouro! Que imenso tesouro!
PELA SANTA MISSA PODEMOS OBTER
TODAS AS GRAÇAS QUE NECESSITAMOS
Não termina, porém, aí a soberana utilidade da Santa
Missa, pois ela nos permite ainda cumprir a quarta obrigação
que temos para com DEUS: ORAR E PEDIR-LHE NOVOS
FAVORES.
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Já sabeis quão grande são vossas misérias, tanto de corpo
como de alma, e. pro conseqüência, a necessidade que
tendes de recorrer a DEUS, a fim de que a todo momento
Ele vos assista e vos socorra, pois só Ele é o autor e o
princípio de todos os nossos bens temporais e eternos. Mas,
doutra parte, ousaríeis pedir-Lhe novos benefícios, vendo s
suprema ingratidão com que tendes correspondido às suas
graças anteriores? Não vos servistes, talvez, mesmo dessas
graças para ofendê-Lo? Todavia, tende confiança; pois se
não mereceis essas graças, JESUS mereceu-as pro vós, e
para este fim. Ele quis ser na Santa Missa uma hóstia
pacífica, isto é, um sacrifício impetratório para obter-nos de
Seu PAI tudo aquilo de que temos necessidade. Sim, sim,
na Santa Missa, nosso adorável JESUS, o primeiro e Sumo
Pontífice, recomenda a Seu PAI a nossa causa, intercede
por nós constituindo-se nosso amoroso advogado.
Se soubéssemos que a augusta Virgem unia suas preces às
nossas, para nos alcançar a graça que desejamos; que
confiança não teríamos, de ser atendidos? Que confiança,
portanto, que segurança não devemos ter, sabendo que na
Santa Missa o próprio JESUS ora por nós, e se faz nosso
advogado? Ó bem aventurada Missa, que nos proporciona
todos os bens!
É preciso, porém cavar bem fundo nesta mina para
descobrir os grandes tesouros que ela contém.
Oh! Que riquezas de graças, bênçãos, virtudes e de
socorros nos obtém a Santa Missa! Em primeiro lugar, ela
nos alcança todas as graças espirituais e os bens que se
relacionam com a alma, como a contrição por nossos
pecados, a vitória sobre as tentações, sejam vindas de fora,
das más companhias e do demônio, sejam produzidas no
interior pelas revoltas da carne.
Obtém os socorros de graça, tão necessários para nos
levantarmos depois de uma queda, para permanecermos de
pé e avançarmos nos caminhos de DEUS. Por ela nos vêem
muitas inspirações boas e santas e movimentos interiores
que nos dispõem a sacudir a tibieza e nos excitam a agir
com mais fervor, com uma vontade mais generosa e uma
intenção mais pura e reta; e por isso mesmo, proporcionanos
um tesouro inestimável, pois todos esses meios são
eficacíssimos para alcançar de DEUS a graça da
perseverança e penitência final, de que depende a nossa
salvação eterna, e nos dão a certeza moral tanto quanto é
possível tê-la aqui na Terra, de chegar à bem-aventurança
eterna.
Além disso, a Santa Missa nos obtém todos os bens
temporais, contanto que concorram à salvação da alma, por
exemplo, a saúde, a abundância, a paz, e nos preserva dos
males que se lhe opõem, como seja: epidemias, terremotos,
guerras, fomes, perseguições, processos, inimizades,
miséria, calúnias, injustiças, etc.
Em suma, ela nos proporciona todos os bens. E para dizer
tudo em só frase:
A SANTA MISSA É A CHAVE DE OURO DO PARAÍSO
E já que, DEUS infinitamente Santo , nos deu esta chave,
qual de todos os seus bens irá nos recusar! “Aquele que não
poupou Seu próprio Filho, mas O entregou por nós, como
por meio d´Ele não nos dará tudo de bom! (Rom 8,32)”
Vede, portanto, se não tinha toda a razão aquele bom
sacerdote que costumava dizer que, ao pedir algumas
grandes graças para si, ou para outrem, ao celebrar o santo
Sacrifício, parecia-lhe pouco pedir, quando comparava
aquilo que de DEUS solicitava com a oferenda que Lhe
fazia.
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Assim argumentava ele: “Todas as graças que peço a DEUS
na Santa Missa são bens criados e finitos, enquanto que os
dons que Lhe ofereço são dons incriados e infinitos. Feitas,
portanto, as contas, sou eu o credor e Ele o devedor.” E com
este argumento, pedia e recebia grandes graças.
E vós, por que não despertais, por que não pedis
graças importantes? Se quiserdes confirmação, pedi a
DEUS em cada Santa Missa, que faça de vós um grande
santo. Achareis, talvez, que é pedir demais! Não, de modo
algum. Não é o nosso boníssimo Mestre JESUS quem
promete no Santo Evangelho que, por um copo d´água dada
em Seu nome, terá a sua recompensa?
Quando Lhe oferecemos, portanto todo o Sangue de Seu
Divino Filho, ainda que tivesse uma centena de paraísos,
não no-los daria todos?
Como podeis duvidar de que Ele esteja disposto a concedervos
todas as virtudes, todas as perfeições necessárias para
fazer de vós um grande santo no Céu? Ó bem-aventurada
Missa! Abri vosso coração e pedi grandes graças, pensando
que as pedis a um DEUS que não se empobrece, e que
quanto mais pedirdes mais vos será dado.
A SANTA MISSA NOS LIVRA
DUMA MULTIDÃO DE MALES
Acreditai que, além dos favores que solicitamos na
Santa Missa, nosso boníssimo DEUS nos concede muitos
outros sem que o peçamos.
É o que ensina claramente São Jerônimo: absque dúbio dat
nobis Dominus quod in Missa petimus; et, quod magis est,
saepe dat quaod non petimus.
“Sem dúvida alguma, o Senhor nos dá todas as graças que
pedimos na Santa Missa, contanto que nos sejam de
vantagem; mas, o que é mais admirável, muitas vezes nos
dá o que não pedimos.”
Podemos dizer, por isso, que a Santa Missa é o sol do
gênero humano espalhando seus raios sobre os bons e
sobre os maus, e alma não há tão pérfida sobre a terra, que
assistindo à Santa Missa, dela não aufira qualquer grande
bem, e muitas vezes mesmo sem nele pensar ou pedi-lo.
Santo Antonino conta que um dia dois jovens libertinos
passeavam numa floresta. Um deles havia assistido à Santa
Missa e o outro não. Levantou-se subitamente furiosa
tempestade, e no meio dos trovões e relâmpagos ouviram
eles uma voz que clamava: “Mata! Mata!” No mesmo
instante o raio esbraseou o ar e feriu aquele que não
assistira à Santa Missa.
O companheiro apavorado, prosseguiu o caminho buscando
um refúgio, quando ouviu novamente a mesma voz, que
repetia. “Mata! Mata!” O pobre rapaz nada mais esperava
senão a morte. Uma outra voz, porém, respondeu: “Não
posso, pois ele assistiu à Santa Missa. A Santa Missa a que
ele assistiu impede-me de feri-lo.”
Oh! Quantas vezes DEUS não vos livrou da morte, ou,
pelo menos, de numerosos e graves perigos, graças às
Santas Missas a que tiverdes assistido! Disso nos assegura
São Gregório no quarto de seus Diálogos: Per auditionem
Missae homo liberatur a miltis malis at periculis, diz o santo
Doutor. “Sim, é verdade que aquele que assiste
devotamente à Santa Missa será preservado de muitos
males e perigos, se bem que disto não se aperceba.”
Santo Agostinho chega a afirmar a preservação da
morte súbita, o golpe mais terrível com que a Justiça Divina
fere os pecadores.
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Qui! Missam devote audierit subitânea morte nom peribit.
Eis, diz-nos este santo Bispo, um preservativo admirável
para evitar a morte imprevista: assistir todos os dias à Santa
Missa e com toda a devoção possível. Quem se munir de
tão eficaz salvaguarda viverá sem temor dessa terrível
desgraça.
Existe certa crença, por alguns atribuída a Santo
Agostinho, de que durante o tempo em que se assiste à
Santa Missa não se envelhece, mas a força e o vigor do fiel
se ocupa saber se isto é ou não verdade, mas digo sem
receio que, mesmo envelhecendo em idade, não se
envelhece me malícia, pois, na expressão de São Gregório,
uma pessoa que assiste com devoção à Santa Missa
conserva sua alma no caminho reto: Justus audiens Missam
in via rectitudinis conservaturt.
Cresce sempre em mérito e em graça, e faz na virtude
novos progressos, que o tornam agradável a seu DEUS.
E muito mais, ajunta São Bernardo, se ganha
assistindo a uma única Santa Missa (se considerar seu valor
intrínseco), do que distribuindo a fortuna aos pobres e
peregrinando a todos os santuários mais famosos da Terra.
Audiesn devote Missam aut celebrans multo magis meretur,
quam si substantiam suam pauperibus, erogaret, et totam
terram peregrinando transiret. Ó tesouro incalculável da
Santa Missa! Compreendei bem esta verdade: podemos
merecer mais assistindo ou celebrando uma só Santa Missa,
se a considerarmos em si mesma e em todo o seu valor
intrínseco, do que se distribuíssemos nossa fortuna aos
pobres, e em seguida partíssemos a percorrer o Mundo
como peregrinos, visitando com a maior das devoções os
santuários de Jerusalém, Roma, Compostela, Loreto, etc;
São Tomás de Aquino, nos garante que na Santa
Missa está encerrado todos os frutos, todas as graças e
todos os imensos tesouros tão abundantemente espalhados
pelo Filho de DEUS sobre a Igreja, sua Esposa, no Sacrifício
cruento da Cruz. In qualibet Missa inventur omnis fructus et
utilitas quam CHRISTUS in die parasceve operatus est in
Cruce.
Detende-vos aqui, um instante: fechai o livro,
interrompei a leitura, e reuni todas estas vantagens, tão
abundantes, que proporciona a Santa Missa. Ponderai-as
bem em silêncio e, depois, dizei-me se tendes ainda
dificuldade de crer que uma única Missa, considerada em si,
e em relação a seu preço e valor intrínseco, tenha uma
eficácia tão grande que baste, como ensinam os diversos
doutores, para alcançar a salvação de todo o gênero
humano.
Suponde que Nosso Senhor JESUS CRISTO não tivesse
sido crucificado no Calvário e que, em lugar do Sacrifício
cruento da Cruz, houvesse instituído somente a Santa
Missa, com a ordem formal de não se celebrar senão uma
sobre a Terra. Pois bem, admitindo esta suposição, sabei
que essa única Missa, celebrada pelo sacerdote mais
humilde do Mundo, teria sido mais que suficiente,
considerado o seu valor intrínseco, para obter de DEUS a
salvação de todos os homens.
Sim, uma única Missa bastaria, no sentido que acabamos de
explicar, para obter a conversão de todos os hereges e
cismáticos, de todos os infiéis e de todos os maus cristãos;
para fechar a porta do Inferno a todos os pecadores, e para
esvaziar o Purgatório de todas as almas que lá se purificam.
E nós, miseráveis, com nossa tibieza, nossa falta de
devoção, e as escandalosas distrações com que assistimos
à Santa Missa, quantas barreiras lhe opomos à ação e
restringimos a eficácia de seu poder!
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Quisera subir ao cume das mais altas montanhas e de lá
bradar com voz retumbante: Povo insensato, povo
transviado, que fazeis? Por que não acorreis às Igrejas para
aí assistir a todas as Santas Missas que puderdes? Por que
não imitais os santos Anjos, que, no dizer de São
Crisóstomo, descem do Céu em legiões, quando se celebra
a Santa Missa, e se mantêm diante de nossos altares,
velando-se com as asas em sinal de profundo respeito?
Esperam o momento bendito da Santa Missa a fim de, com
mais sucesso, intercederem por nós, pois sabem muito bem
que é essa a ocasião mais propícia para nos alcançarem as
graças celestes.
E vós! que confusão para vós terdes até agora pouco
apreciado a Santa Missa; e mais, de ter tantas vezes
profanado uma ação tão santa, sobretudo se for do número
daqueles que se atrevem a dizer temerariamente: “Uma
missa a mais, uma missa a menos, isto é ninharia!.”
A SANTA MISSA
É DE GRANDE AUXÍLIO
PARA AS ALMAS DO PURGATÓRIO
Para concluir esta instrução, refleti que não foi
premeditado desígnio que disse anteriormente que uma
única Santa Missa, tomada em si e em relação ao seu valor
intrínseco, basta para esvaziar inteiramente o Purgatório e
abrir a todas as almas, que lá se acham, as portas do
Paraíso. Com efeito, este Divino Sacrifício vai em auxílio das
lamas dos falecidos, não só satisfazendo por suas dívidas
como propiciatório, mas ainda obtendo-lhes a libertação,
como impetratório. Isto decorrente claramente da conduta da
Igreja, que não somente oferece a Santa Missa pelas almas
sofredoras, como também insere orações para libertá-las.
Ora, a fim de excitar vossa compaixão por essas
santas almas, sabei que o fogo em que estão mergulhados é
tão devorador quanto o do próprio Inferno. Tal é a opinião de
São Gregório. Instrumento da Justiça Divina, ele age sobre
as almas com tão grande ardor, que lhes causa dores
intoleráveis e superiores a todos os suplícios que jamais se
pode ver, experimentar ou sequer imaginar aqui na Terra.
Muito mais, porém, sofrem elas pela pena de dano, e é, a
privação da bem-aventurada visão de DEUS. Elas
experimentam, diz São Tomás, uma insuportável angústia,
causada pelo desejo que têm de ver o Soberano Bem,
desejo que não pode ser satisfeito.
Pois bem, consulta-vos intimamente e respondei à
pergunta: Se vísseis vosso pai e vossa mãe a ponto de
afogar-se num lago e que para salvá-los vos bastasse
estender a mão, não seríeis levados, pela caridade e pela
Justiça, a socorrê-los!?
E então! vedes com os olhos da Fé tantas pobres almas de
vossos parentes próximos, queimando vivas num lago de
fogo, e não quereis impor-vos um pequeno incômodo para
assistir devotamente à uma Santa Missa em seu sufrágio.
De que é feito o vosso coração? Pois quem pode duvidar
que a Santa Missa leve um grande auxílio a essas pobres
almas? Quanto a isto, ouvi São Jerônimo. Ele vos dirá
claramente que, ao celebrar-se a Santa Missa por uma alma
do Purgatório, o fogo tão devorante que ordinariamente a
consome, suspende sua ação e ela não sofre pena alguma
enquanto dura o Sacrifício. Animae quae sunt in Purgatorio
pro quibus solet sacerdos in Missa orare, ínterim nullum
tormentum sentiunt dum Missa celebratur.
Além disso, afirma que, a cada Santa Missa, muitas almas
ficam livres do Purgatório e voam para o Paraíso? Missa
celebrata, plures animae exeunt de Purgatório.
-35- -34-
Acresce que esta caridade, exercida em favor das
pobres almas, redundará inteiramente em vosso proveito.
Infinidade de exemplos poderia eu apresentar-vos em apoio
desta afirmação. Contentar-me-ei com um fato perfeitamente
autêntico, acontecido com São Pedro Damião. Criança
ainda, ele perdeu o pai e foi recolhido na casa de um dos
irmãos, que o tratava com muita desumanidade a ponto de
deixá-lo andar descalço, em andrajos e lhe faltando tudo.
Sucedeu que um dia o menino achou, na rua, uma moeda
qualquer. Imaginai a sua alegria e como lhe pareceu ter
achado um tesouro. Mas em que empregá-lo! A pobreza
sugeria-lhe mil projetos. Por fim, depois de refletir
longamente, decidiu dar o dinheiro a um sacerdote para que
celebrasse uma Santa Missa pelas santas almas do
Purgatório. Podeis acreditar: desde então a fortuna mudou
para ele. Recolheu-o outro dos irmãos, mais compassivo,
que o amou como um filho deu-lhe roupas convenientes,
enviou-o à escola, contribuindo assim para que ele se
tornasse esse grande homem e grande Santo, ornamento
púrpuro e forte sustentáculo da Igreja. Vede como uma
única Santa Missa, encomendada com ligeiro sacrifício, se
tornou para ele a origem de tão grande bem.
Ó bem-aventurada Santa Missa! Que ajuda ao mesmo
tempo os mortos e os vivos, que alcança graças para o
tempo presente e para a eternidade. Essas santas almas
são tão gratas a seus benfeitores, que chegando ao Céu,
elas se constituem seus advogados e jamais os abandonam
até que os vejam de posse da glória.
Foi o que verificou uma mulher de má vida em Roma.
Inteiramente esquecida de sua salvação, não pensava
senão em satisfazer suas paixões, e servia de agente de
satanás para corromper a mocidade.
Já não fazia nenhuma boa ação, a não se encomendar
quase todos os dias uma Santa Missa pelas almas do
Purgatório.
Oh! Essas almas, como se pode crer piedosamente, oraram
tão bem por sua benfeitora, que um belo dia, tomada de
profunda contrição de suas faltas, ela abandonou sua casa
infame, foi prostrar-se aos pés de um zeloso confessor, fez
sua confissão geral e pouco tempo depois morreu em
consoladoras disposições que todos ficaram persuadidos de
sua salvação eterna. Esta graça tão admirável foi atribuída à
eficácia das Santas Missas que ela encomendava pelas
lamas do Purgatório.
Despertemos também nós, e não deixemos que os
publicanos e as mulheres da má vida nos precedam no
Reino de DEUS (Mt 21,31)
Se fôsseis dessa raça de ingratos que não só faltam à
caridade, que se esquecem de rezar por seus falecidos, e
não participam nunca de uma Santa Missa por esses pobres
afligidos, mas ainda, violando toda justiça, recusam aplicar
os legados piedosos de Missas, indicados no testamento de
seus parentes.
Oh! Então eu me inflamaria a vos diria em face: “Retira-vos,
sois piores que um demônio, pois, realmente, os demônios
só torturam as almas dos réprobos, mas vós, vós
atormentais as almas dos eleitos; os demônios exercem sua
raiva sobre os condenados, mas vós sois cruéis com os
predestinados, os amigos de DEUS. Não, não há para vós,
nem confissão que valha, nem padre que vos possa
absolver se não fizerdes penitência de tão grande pecado e
não solverdes inteiramente as dívidas que tendes com os
mortos.”
- Mas, direis, não tenho meios de encomendar essas
missas, não é possível.
- Não tendes meios? Não é possível? E para manter
essa casa confortável, para andar suntuosamente vestido,
para gastar loucamente em festins, em recepções de prazer,
e, às vezes, em, divertimentos criminosos, tendes meios.
-37- -36-
Depois quando se trata de pagar vossas dívidas, aos pobres
defuntos; não possuís nada! Não é possível?! Ah!
compreendo: não há ninguém na Terra para cobrar essas
contas. Mas tereis que prestá-las a DEUS. Continuai,
portanto, a comer os bens dos mortos, os legados piedosos,
os sacrifícios, mas sabei que é para vós que está escrito nos
Profetas uma ameaça de desgraças, de calamidades, de
tribulações, de ruína irreparável para vossos bens, vossa
honra e vossa vida. Eis a palavra de DEUS que não poderá
ficar sem efeito: Comederunt sacrificia mortuorum et
multiplicata est in eis ruína – “Comeram os sacrifícios dos
mortos e multiplicou-se neles a ruína” (Sl 102, 28-29). Sim,
ruínas, infortúnios, perdas irreparáveis às casas que não se
desobrigaram de seus deveres para com os mortos.
Vede quantas famílias extintas, quantas casas
arruinadas, lojas fechadas, comércio em apuros, falências,
quantos males, quantos lamentos! Mas qual é a causa? Um
exame atento revelaria que uma das causas principais é a
crueldade para com os pobres mortos, recusando-lhes os
sufrágios devidos, negligenciando o cumprimento dos
legados piedosos. Comederunt sacrificia mortuorum et
multiplicata est in eis ruín.
Entretanto, não consiste ainda nisto todo o castigo de
DEUS àqueles sem amor a seus falecidos: outro maior lhes
está reservado na outra vida. São Tiago assegura que eles
serão julgados por DEUS com todo o rigor da justiça, sem
misericórdia, pois que eles mesmos foram impiedosos com
os pobres mortos. Judicium sine misericordia illi qui non fecit
misericordiam. (Tg 2, 13). Permitirá DEUS que seus
herdeiros lhes paguem na mesma moeda, e é, que suas
últimas disposições não sejam cumpridas, as Missas
deixadas em testamento não sejam realizadas: e, se forem
celebradas, DEUS não as aplicará a eles, mas a outras
almas que nesta vida tiveram compaixão dos mortos.
Isto nos ensinam, outrossim, nossas crônicas, a
respeito de um irmão que, após a morte, apareceu a um de
seus companheiros, revelando-lhe que no Purgatório sofria
dores extremas, especialmente por ter sido muito negligente
em rezar por seus irmãos falecidos. Até aquele momento ele
não recebera nenhum alívio dos sufrágios e Missas
oferecidos em seu favor. Como punição por sua negligência,
DEUS os aplicava a outras almas que em vida tinham sido
devotas das almas sofredoras.
Ante de terminar esta instrução, permiti-me caro leitor,
suplicar-vos de joelhos e mãos postas de não fechar este
livro sem tomar a firme resolução de fazer, no futuro, todo o
esforço para assistir ou encomendar todas as Santas Missas
que vossas ocupações e vossa condição vos permitirem,
não só pelas almas dos falecidos, mas também pela vossa,
e isto por dois motivos. Em primeiro lugar, para alcançardes
uma boa e santa morte, pois é opinião constante dos
teólogos que não há meio mais eficaz para se chegar a um
bom fim, do que a Santa Missa. Ainda mais, Nosso Senhor
JESUS CRISTO revelou a Santa Mectilde que aquele que,
durante a vida, tiver tido o hábito de assistir devotamente à
Santa Missa, será consolado na morte pela presença dos
Anjos e dos Santos protetores, que o defenderão
poderosamente contra todos os ataques dos demônios. Ah!
De que bela morte será coroada a vossa vida, se a tiverdes
empregado em assistir a todas as Santas Missas que
puderdes.
Em segundo lugar, par sair prontamente do Purgatório
e voar à glória eterna. Já provamos suficientemente a
eficácia da Santa Missa para apressar a remissão das penas
do Purgatório. Contentai-vos aqui com o exemplo e
autoridade do grande servo de DEUS, João d´Ávila, oráculo
da Espanha. Encontra-se em artigo de morte e alguém lhe
perguntou o que mais queria depois da morte, e ele
respondeu: Missas, Missas, Missas! -1- -1-
-39- -38-
Mas se me permite, eu quisera dar-vos, sobre este
ponto, um conselho de grande importância: cuidai de
mandar celebrar durante vossa vida todas as Santas Missas
que desejaríeis que fossem celebradas depois de vossa
morte, e não encarregueis disto os que ficarem no mundo
depois de vós.
Tanto mais que Santo Anselmo vos ensina que uma única
Santa Missa assistida ou celebrada por vossa intenção
durante vossa vida, vos será talvez mais útil que mil depois
de morrerdes. Audire devote unicam Missam in vita vel dare
eleemosynam pro ea, pordest magis quam relinquere ad
celebrandum mille post obitum.
Bem compreendera esta verdade aquele rico mercador
de Gênova que ao morrer, não deixou nenhuma disposição
para assegura-se sufrágios.
Todos se admiravam de que um homem tão rico, tão
piedoso e generoso para com todo mundo, tivesse sido tão
cruel consigo. Mas, terminados os funerais, encontraram-se
lançadas, em um de sus livros de contas, as grandes
caridades que fizera por sua alma durante a vida.
“Missas celebradas por minha alma, dois mil escudos; para
o casamento das jovens, dez mil; para tal santuário,
duzentos, etc.”
E no fim lá estava escrito: “Porque quem deseja o próprio
bem, faça-o a si durante a vida, e não conte com os outros
para que lho façam depois de morto.”
É provérbio bastante conhecido que uma vela à frente
clareia mais que uma tocha atrás.
Aproveitai tão belo exemplo e pesai bem a utilidade e
as vantagens da Santa Missa. Deplorai a cegueira em que
tendes vivido até agora, desestimando o valor de tão grande
tesouro, que por longo tempo tem sido para vós um tesouro
oculto.
Agora, portanto, que lhe conheceis o preço, bani de vosso
espírito e mais ainda de vossos lábios estas expressões
escandalosas: “Uma missa a mais, uma missa a menos,
pouco importa. Já basta assistir à Santa Missa nos dias de
preceito! A Missa daquele padre é uma Missa de semana
santa: quando ele sobe ao altar, eu fujo da Igreja.” E tomai
novamente a resolução de assistir, de hoje em diante, a
todas as Santas Missas que puderes, e assistir com a
devida devoção: e, para que assim seja, servi-vos, com a
graça de DEUS do método piedoso e fácil que segue.
MÉTODO CURTO E DEVOTO,
PARA ASSISTIR COM FRUTO
À SANTA MISSA
Era opinião de São João Crisóstomo, opinião aprovada
e confirmada por Gregório, no quarto de seus Diálogos, que,
no momento em que o padre celebra a Missa, os céus se
abrem, e multidões de Anjos descem do Paraíso para
assistir ao santo Sacrifício. São Nilo abade, discípulo do
mesmo São Crisóstomo, afirma que via, quando este santo
doutor celebrava, uma grande multidão daqueles espíritos
celestes assistindo os ministros sagrados em suas augustas
funções.
Eis o meio mais adequado para assistir com fruto à
Santa Missa: consiste em irdes à Igreja como se fôsseis ao
Calvário, e de vos comportardes, diante do altar, como o
faríeis diante do trono de DEUS, em companhia dos Santos
Anjos. Vede, por conseguinte, que modéstia, que respeito,
que recolhimento são necessários para receber o fruto e as
graças que DEUS costuma conceder àqueles que honram,
com sua piedosa atitude, mistérios tão santos.
-41- -40-
Entre os hebreus, enquanto se celebravam os
sacrifícios da antiga Lei, nos quais se ofereciam apenas
touros, cordeiros e outros animais, era coisa digna de
admiração ver com quanto recolhimento, modéstia e silêncio
o povo todo acompanhava. E, se bem que o número de
assistentes fosse incalculável, além dos setecentos
ministros que sacrificavam, parecia, no entanto, que o
templo estava vazio, pois não se ouvia o menor ruído, nem
um sopro. Ora, se havia tanto respeito e veneração por
esses sacrifícios que afinal, não eram mais que uma sombra
e figura do nosso, que silêncio, que atenção, que devoção
não merece a Santa Missa, na qual o próprio Cordeiro
Imaculado, o Verbo de DEUS, se imola por nós?!
Bem o compreendia Santo Ambrósio. No testemunho
de Cesário, quando ele celebrava a Santa Missa, após o
Evangelho virava-se para o povo e o exortava a um piedoso
recolhimento e impunha a todos guardar o mais rigoroso
silêncio, não só proibindo a menor palavra, mas ainda
abstendo-se de tossir ou fazer qualquer ruído. E era
obedecido. Quem quer que assistisse à Santa Missa do
santo Bispo, sentia-se tomado de profundo respeito e
comovido até ao fundo da alma, tirando assim grande
proveito e acréscimo de graças.
VÁRIOS MÉTODOS
PARA ASSISTIR À SANTA MISSA
O desígnio exclusivo do presente opúsculo é levar
aqueles que o quiserem ler, a adotar com fervo um método
de assistir à Santa Missa, conforme vou expor.
Como, porém, muitas maneiras de assistir à Missa,
todas louváveis e santas, têm sido ensinadas até hoje, não
tenho a intenção de impor-vos a minha.
Deixo-vos, portanto, a liberdade de escolher aquele modo
que mais vos agradar e vos parecer mais conforme a vossa
devoção e capacidade, e farei junto de vós apenas o ofício
de Anjo da guarda, propondo-vos o método mais frutuoso,
quero dizer, o que, a meu humilde julgamento, poderá ser
para vós mais vantajoso e fácil. Neste fim, distinguimos três
classes de métodos.
O primeiro é o das pessoas que, de livro à mão,
seguem atentamente todas as ações do sacerdote, a cada
um recitam outra prece vocal que lêem no livro, e assim
passam todo o tempo da Missa a ler. Não há dúvida que, se
a essa leitura se junta a meditação dos grandes mistérios, é
uma excelente maneira de assistir ao santo Sacrifício; e
produz também grandes frutos.
Visto, porém, exigir atenção excessiva, pois é necessário
seguir todas as cerimônias que o sacerdote efetua, e em
seguida dirigir os olhos ao livro para aí ler a oração
correspondente, torna-se uma prática algo fatigante, na qual
poucas pessoas, creio, hão de persistir, dada a fraqueza do
nosso espírito que se enfada facilmente de refletir sobre
tantas ações diversas que o sacerdote executa no altar.
Enfim, aquele que se acha bem assim e tira proveito
espiritual, continue a seguir este sistema; pois à prática tão
laboriosa não faltará uma recompensa da parte de DEUS.
A segunda maneira de assistir à Santa Missa é a das
pessoas que não se servem de livros e não lêem
absolutamente nada durante todo o tempo do santo
Sacrifício, mas que, com viva fé, fixam os olhos da alma em
JESUS crucificado, e, apoiados na árvore da Cruz, dela
recolhem os frutos por meio de doce contemplação. Passam
todo esse tempo em piedoso recolhimento interior e na
consideração dos sagrados mistérios da Paixão de JESUS
CRISTO, que são não somente representados, mas
misticamente reproduzidos na Santa Missa.
-1- -43- -42-
É certo que estas pessoas, mantendo suas almas assim
recolhidas em DEUS, exercem atos heróicos de Fé, de
Esperança e de Caridade e de outras virtudes, e não há
duvida que esta maneira de assistir à Santa Missa é muito
mais perfeita que a primeira, e também mais doce e mais
suave, como o atesta a experiência de um bom irmão
converso.
Costuma ele dizer que, ao assistir à Santa Missa, não lia
mais que três letras: a primeira, negra, era a consideração
de seus pecados que lhe produziam confusão e
arrependimento, e ocupava-o desde o começo até ao
ofertório. A segunda era vermelha: a meditação da Paixão
de CRISTO, na qual considerava o preciosíssimo Sangue
que JESUS derramou por nós no Calvário, sofrendo morte
tão cruel; nisto se entretinha até à Comunhão.
A terceira letra era branca pois quando o sacerdote
comungava, ele se unia a JESUS pela comunhão espiritual,
ficando, em seguida, todo absorto em DEUS, contemplando
a glória eterna que esperava como fruto do divino Sacrifício.
Esse homem simples assistia à Santa Missa com grande
perfeição e quisera eu que todos aprendessem dele tão alta
sabedoria.
MÉTODO DE
SÃO LEONARDO DE PORTO-MAURÍCIO
O terceiro método para assistir com fruto à Santa
Missa, é como que a média dos dois precedentes. Não exige
a leitura de inúmeras preces vocais do primeiro, nem obriga
a um espírito de contemplação tão elevado como o segundo.
Bem compreendido, porém, é o mais conforme ao espírito
da santa Igreja, que almeja ver-vos unidos aos sentimentos
do sacerdote que celebra.
Ora, o sacerdote deve oferecer o sacrifício pelos quatro fins
explicados na instrução precedente, pois que a Missa, no
dizer de São Tomás, é o meio mais eficaz de cumprir os
quatro grandes deveres que temos para com DEUS. Por
conseguinte, já que exerceis de certo modo o ofício do
sacerdote, ao assistir à Missa, deveis aplicar-vos quanto
possível à consideração dos ditos quatro fins, que atingis
muito facilmente se, durante a Missa fizerdes as quatro
ofertas indicadas a seguir. Tomai convosco, durante algum
tempo, este livrinho, até que tenhais aprendido bem estes
atos, ou ao menos até lhes terdes penetrado bastante o
sentido, pois não tenho em mira que estejais ligados demais
às palavras.
Logo que a Santa Missa começa, enquanto o
sacerdote se humilha ao pé do altar, dizendo o Confiteor,
fazei também um pequeno exame, excitai em vosso coração
um ato de contrição sincera, pedindo a DEUS perdão de
vossos pecados.
Implorai, ao mesmo tempo, o auxílio do ESPÍRITO SANTO e
da Santíssima Virgem Maria, a fim de assistir à Santa Missa
com todo o respeito e devoção possíveis. Em seguida, dividi
em quatro partes o tempo da Missa, para, nessas quatro
partes, vos desobrigardes dos quatro grandes deveres, e
isso do modo que segue:
Na primeira parte, que irá desde o começo até ao
Evangelho, cumpris o primeiro dever de honrar e louvar a
majestade de DEUS, digno de receber honras e louvores
infinitos. Para isso humilhai-vos com JESUS, abaixando-vos
na consideração do vosso nada, e confessai sinceramente
que nada sois absolutamente diante da imensa Majestade
divina. Dize-lho, humilhando-vos não só em vosso coração,
como também exteriormente, pois importa assistir à Santa
Missa com uma atitude recolhida e modesta:
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“Ó meu DEUS, adoro-vos e reconheço-vos como meu
Senhor e o Mestre de minha alma. Tudo que sou, tudo que
tenho reconheço dever a vós. E, como vossa soberana
Majestade merece homenagem e adoração infinitas, e eu
sou a mais pobre das criaturas, absolutamente incapaz de
pagar-vos esta grande dívida, ofereço-vos os méritos das
humilhações e homenagens que JESUS vos tributa sobre o
altar. O que Ele faz, eu tenho a mesma intenção de fazer.
Humilho-me e prostro-me com Ele diante de vossa
Majestade, e vos adoro pelas próprias humilhações que
JESUS vos oferece. Regozijo-me e felicito-me de vosso
FILHO bem amado Vos preste por mim uma homenagem e
uma honra infinitas.” Amém.
Fechai agora o livro; continuai a fazer muitos atos
interiores, comprazendo-vos de que DEUS seja infinitamente
honrado, e repeti muitas vezes:
“Sim, meu DEUS, regozijo-me da honra infinita que
resulta deste Santo Sacrifício, para Vossa Majestade;
felicito-me e regozijo-me quanto posso.”
Não vos preocupeis em observar à risca as palavras
que vos indico, mas usai aquelas que vos inspirar vossa
piedade, mantendo-vos recolhido e unido a DEUS. Deste
modo tereis saldado bem a primeira dívida.
Durante a segunda parte da Santa Missa, do
Evangelho à elevação, desobrigar-vos-eis do segundo
dever. Lançando um rápido olhar aos vossos pecados, e
vendo a dívida imensa que por eles contraístes com a
Justiça Divina, dizei, com o coração humilhado:
Eis aqui, ó meu DEUS, este traidor que tantas vezes se
revoltou contra vós. Infeliz que sou! Cheio de dor, detesto,
odeio, com a mais viva contrição, meus enormes pecados, e
ofereço-vos em reparação a própria satisfação que JESUS
vos dá sobre o altar.
Ofereço-vos o CRISTO total, com seu preciosíssimo
Sangue, e todos os Seus méritos, DEUS e Homem, que na
qualidade de vítima, de novo se sacrifica por mim. Pois que
o Senhor JESUS se faz, sobre este altar, meu mediador ,
meu advogado, e por seu Sangue implora o perdão para
mim, eu me uno à voz deste SENHOR tão amante, e vos
peço misericórdia por tantos pecados tão graves, que tenho
cometido. Misericórdia! Clama-vos o Sangue de JESUS.
Misericórdia! Clama-vos meu coração desolado.
Ah! Meu adorável SENHOR, se minhas lágrimas não vos
comovem, deixai-vos tocar pelos gemidos de JESUS. Por
que não obteria Ele para mim, sobre este altar, o perdão que
, na Cruz, mereceu para todo o gênero humano? Em virtude
deste preciosíssimo Sangue, espero que me perdoeis,
também todos os meus pecados, os quais não cessarei de
chorar até meu último suspiro. Amém.
Fechai o livro e repeti muitos destes atos de profunda e
sincera contrição. Daí livre curso a vossos sentimentos e,
com confusão de palavras, mas do fundo do coração dizei a
JESUS:
JESUS adorável, dai-me as lágrimas de São Pedro, a
contrição de Madalena, e a dor daqueles santos que, depois
de terem sido grandes pecadores, se tornaram verdadeiros
penitentes, a fim de que, por esta Santa Missa, eu obtenha o
mais completo perdão de meus pecados. Amém.
Fazei muitos destes atos, todo recolhido em DEUS, e
ficai certo de que assim pagareis completamente todas as
dívidas que, por vossos pecados, contraístes com DEUS.
-47- -46-
Na terceira parte, isto é, depois da elevação até a
Comunhão, considerai os imensos benefícios de que fostes
cumulados e, em troca oferecei a DEUS um presente de
valor infinito: O Corpo e o Sangue de JESUS CRISTO.
Convidai mesmo todos os Anjos e Santos a render graças a
DEUS, por vós, da maneira seguinte, ou de outra qualquer
equivalente:
Eis-me aqui, meu amado SENHOR cumulado de
benefícios, tanto gerais como particulares, que me
concedestes e quereis conceder-me no tempo e na
eternidade. Reconheço que vossas misericórdias para
comigo foram e são infinitas. Eis aqui portanto, em
reconhecimento e em paga, este Sangue Divino, este Corpo
Sacratíssimo, que vos apresento pela mão do sacerdote.
Estou certo de que esta oferenda é suficiente para vos pagar
por todos os bens que me tendes concedido.
Este dom de valor infinito vale por si todos os dons que
recebi, que recebo, e que ainda receberei de vós. Ah!
Santos Anjos e vós todos os habitantes do Céu, ajudai-me a
agradecer a DEUS, e oferecei-Lhe em ação de graças não
só esta Santa Missa, mas todas as que se celebram neste
momento no Mundo inteiro, a fim de que sua bondade tão
cheia de amor seja dignamente agradecida, por tantas
graças que me concedeu e que quer conceder-me agora e
nos séculos dos séculos. Amém.
Ah! Quanto agradará a nosso boníssimo DEUS tão
afetuoso reconhecimento! Como não ficará pago com esta
única oferta que vale mais que tudo, porque é de valor
infinito! E, para mais excitar estes piedosos sentimentos,
convidai o Céu a cooperar convosco. Invocai os Santos aos
quais tendes devoção e dizei-lhes do fundo do coração:
Ó queridos Santos, meus advogados, agradecei por
mim a DEUS de infinita bondade, não viva e morra eu como
ingrato.
Peço-vos, suplicai-lhe aceitar minha boa vontade e levar em
conta o agradecimento cheio de amor, que, por esta Santa
Missa, Lhe oferece, por mim, o adorável JESUS. Amém.
Não vos contenteis me dizer isto uma vez, mas repeti-o
, e ficai certo de que assim chegareis a pagar
completamente esta grande dívida. Maior sucesso ainda
tereis se cada manhã fizerdes o ato de oferecimento que
começa com as palavras DEUS Eterno (pág. 83), a fim de
com este intuito oferecer todas as Santas Missas celebradas
no Mundo inteiro. (A oração DEUS Eterno está incompleta,
pois não a conseguimos pro inteiro).
Na quarta parte, depois da Comunhão até o fim da
Santa Missa, enquanto o sacerdote comunga
sacramentalmente, fareis a comunhão espiritual como indico
no capítulo seguinte. Em seguida, contemplando a DEUS no
íntimo de vosso coração, não receeis pedir-Lhe muitas
graças, pois neste momento JESUS une-se todo a vós e Ele
mesmo ora por vós.
Expandi, portanto, vosso coração, pedindo, não coisas de
pouca importância, mas grandes graças. Já que tão grande
é a oferenda que Lhe fazeis, o deu Divino Filho. Dizei-Lhe,
então, com o coração repleto de humildade:
Ó meu DEUS, reconheço-me por demais indigno de
vossos favores; confesso minha suma indignidade, e que,
tendo cometido tantos e tão grandes pecados, não mereço
ser atendido. Como poderíeis, porém, deixar de escutar
vosso Divino Filho, que sobre este altar, pede pro mim,
oferecendo-vos sua vida e seu Sangue? Ó meu DEUS fonte
do Amor, ouvi as súplicas deste poderoso advogado, e, em
consideração a Ele, concedei-me todas as graças que
sabeis que necessito para realizar o grande trabalho de
minha salvação eterna. É agora que ouso pedi-vos o perdão
geral de todos os meus pecados e a graça da perseverança
no bem.
-49- -48-
Mais ainda, confiante nas preces de JESUS peço-vos meu
DEUS, todas as virtudes num grau heróico, e todas as
graças eficazes para tornar-me um verdadeiro santo. Peçovos
a conversão de todos os infiéis e de todos os pecadores
e particularmente daqueles a quem estou unido pelos laços
do sangue ou por um parentesco espiritual.
Imploro-vos a libertação não só de uma, mas de todas
as almas do Purgatório: libertai-as todas e que, pela eficácia
deste Divino Sacrifício, fique vazia aquela prisão. Peço-vos,
humildemente, a conversão de todos os vivos, a fim de que
este miserável Mundo se transforme num paraíso de delícias
onde sejais amado, reverenciado, adorado pro todos no
tempo, para depois irmos louvar-vos e bendizer-vos por toda
a eternidade. Amém.
Pedi ainda, graças para vós, para as crianças, para
vossos amigos, parentes e conhecidos; implorai socorro
para todas as vossas necessidades espirituais e temporais;
rogai para a santa Igreja Católica Apostólica Romana,
pedindo a plenitude de todos os bens, e o fim de todos os
males.
“Rezai muito especialmente pelo Sacerdote que
celebrou a Santa Missa, mais do que todos, ele merece sua
gratidão. Peça ao boníssimo DEUS a perseverança para ele
e muito especialmente que faça dele um grande santo.”
E não façais com negligência, mas com grande confiança,
seguros de que vossas orações, unidas às de JESUS, serão
atendidas.
Terminada a Santa Missa, fazei um ato de
agradecimento a DEUS, dizendo-Lhe: Agimus tibi gratias,
etc., Se puderdes, ficai uns quinze minutos em Ação de
graças, depois saí da Igreja com o coração compungido,
como se descêsseis do Calvário.
Dizei-me agora: se tivésseis assistido deste modo a
todas as Santas Missas, do passado até ao presente, de
quantos tesouros não teríeis enriquecido vossa alma? Oh!
Que enormes prejuízos vos causastes, quando assistia à
Santa Missa, olhando para um e outro lado, observando os
que entravam e saíam da igreja e, muitas vezes até,
conversando ou cochilando, ou, sobretudo, enrolando de
qualquer jeito algumas preces vocais, sem o menor
recolhimento interior. Tomais, portanto, a resolução de
adotar este método tão fácil, tão suave, de assistir com fruto
à Santa Missa, e que consiste me cumprirdes os quatro
grandes deveres para com DEUS: não tenhais dúvida que
em pouco tempo reunireis um grande tesouro de graças
especiais, e nunca mais vos virá à idéia dizer: “Uma missa a
mais, uma missa a menos, que importa!”
DA COMUNHÃO ESPIRITUAL
Quanto à maneira de fazer a comunhão espiritual de
que falei antes, é preciso conhecer a doutrina do santo
Concílio de Trento, o qual ensina que se pode receber o
Santíssimo Sacramento de três modos: sacramentalmente,
espiritualmente, ou sacramentalmente e espiritualmente ao
mesmo tempo.
Não se fala aqui do primeiro modo, que se verifica também
nos que comungam em estado de pecado mortal, como fez
Judas; nem do terceiro, comum a todos os que comungam
em estado de graça; mas trata-se aqui e do segundo,
adequado àqueles que, tomando as palavras do santo
Concílio, impossibilitados de receber sacramentalmente o
Corpo de Nosso Senhor, “o recebem em espírito, fazendo,
atos de fé viva e ardente caridade, e com um grande desejo
de se unirem ao soberano bem, e, por meio, se põem em
estado de obter os frutos do Divino Sacramento.”
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“Qui voto propositum illum caslestem panem edentes fide
viva quae per dilectionewm operatur, fructum ejus et
utilitatem sentium”. (Sess. XIII, c.8.)
Para facilitar-vos prática tão excelente, pesai bem o
que vou dizer-vos. No momento em que o sacerdote se
dispõe a comungar, na Santa Missa, recolhei-vos no vosso
íntimo, tomando a mais modesta posição; formulai, em
seguida, em vosso coração um ato de sincera contrição e,
batendo humildemente no peito, em sinal de que vos
reconheceis indignos de tão grande graça, fazei todos os
atos de amor, oferecimento, humildade e os demais que
costumais fazer quando comungais sacramentalmente:
Desejai, então, vivamente receber o adorável JESUS ,
oculto por vosso amor, no Santíssimo Sacramento.
Para excitar em vós o fervor, imaginai que a Santíssima
Virgem ou um de vossos santos padroeiros vos dá a santa
comunhão: suponde recebê-la realmente e, estreitando
JESUS em vosso coração, repeti-Lhe muitas e muitas vezes
com ardente amor: “Vinde, JESUS adorável, vinde ao meu
pobre coração; vinde saciar meu desejo; vinde meu adorado
JESUS, vinde ó dulcíssimo JESUS!” E depois ficai em
silêncio, contemplando vosso DEUS dentro de vós, e, como
se tivésseis todos os atos que habitualmente fazeis depois
da comunhão sacramental.
Ora, sabei que esta santa e bendita comunhão
espiritual, tão pouco praticada pelos cristãos de nossos dias,
é um tesouro que cumula a alma de bens incalculáveis; e,
no sentir de muitos autores, é de tal modo eficaz que pode
produzir as mesmas graças que a comunhão sacramental, e
maiores ainda.
Com efeito, se vem que a comunhão sacramental, na qual
se recebe a santa Hóstia, seja por sua natureza de maior
proveito, porque como sacramento, age ex operare operato,
é possível, no entanto, que uma alma faça a comunhão
espiritual com tanta humildade, amor e fervor, que obtenha
mais graças que não obteria outra, comungando
sacramentalmente, mas com disposição menos perfeita.
Nosso Senhor, outrossim, ama tanto este modo de
fazer a comunhão espiritual, que muitas vezes se dignou
atender com milagres visíveis os piedosos desejos de seus
servos, dando-lhes a comunhão ou por sua própria mão,
como fez à bem-aventurada Clara de Montefalco, a Santa
Catarina de Sena, e a Santa Lidvina; ou pela mão dos Anjos,
como aconteceu a São Boaventura e aos santos bispos
Honorato e Firmino; ou ainda, mais freqüentemente, por
meio da augusta Mãe de DEUS, que se dignou dar a
comunhão ao bem aventurado Silvestre.
Não vos admireis desta condescendência tão terna, pois a
comunhão espiritual abrasa a alma no amor a DEUS, une-a
Ele, e dispõe-na a receber as graças mais insignes.
Se refletísseis, portanto, nestas coisas, seria possível
permanecerdes, frios e insensíveis? Que desculpa poderíeis
invocar para isentar-vos de tão devota prática? Tomai a
resolução de vos habituardes a ela; e notai que a comunhão
espiritual tem sobre a sacramental esta vantagem, que esta
só se pode fazer uma vez ao dia, enquanto aquela podeis
fazê-la em todas as Missas que quiserdes, e ainda, de
manhã, à tarde, o dia todo ou de noite, em casa como na
igreja, sem necessitar permissão de vosso confessor.
Em resumo, quantas vezes fizerdes a comunhão espiritual,
outras tantas vos enriquecereis de graças, de méritos e de
toda sorte de bens.
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Ora o fim deste livrinho é despertar no coração de
todos os que o lerem um santo ardor para que se introduza
entre os fiéis o costume de assistir todo dia piedosamente à
Santa Missa e de fazer ai a comunhão espiritual. Oh! Que
felicidade se, se obtivesse este resultado! Teria, então, a
esperança de ver refletir em toda a Terra este santo fervor
que se admirava na Idade de ouro da primitiva Igreja. Nesse
tempo os fiéis assistiam diariamente ao Santo Sacrifício, e
diariamente recebiam a Comunhão sacramental. Se dignos
não sois de imitá-los, ao menos assisti a todas as Santas
Missas que puderdes e comungai espiritualmente. Se eu
tivesse a dita de persuadir-vos, creria ter ganho o Mundo
inteiro, e daria por bem recompensados os meus débeis
esforços. Enfim, para desfazer todos os pretextos que se
apresentam ordinariamente, a fim de não assistir à Santa
Missa, darei nos capítulos seguintes diversos exemplos que
interessam a toda sorte de pessoas. Por aí cada um
compreenderá que, se, se priva de tão grande bem, é por
sua culpa, por sua preguiça e seu pouco zelo pelas coisas
santas, e que assim se prepara amargo arrependimento na
hora da morte.
EXMPLOS PRÓPRIOS PARA EXCITAR OS FIÉIS
DE TODOS OS ESTADOS E CONDIÇÕES
A ASSISTIR TODOS OS DIAS À SANTA MISSA
Aqueles que não têm gosto para assistir à Santa Missa,
invocam inúmeros pretextos para escusar sua tibieza.
Podeis vê-los absolvidos por seus negócios. Cheios de
solicitude e zelo pelo progresso de seus miseráveis
interesses.
Para isso toda fadiga é leve e não há dificuldade que os
retenha. Ao contrário, para assistir à Santa Missa, que é o
mais importante dos tesouros, ei-los cheios de frieza e
preguiça, invocando centenas de escusas frívolas: sues
números cuidados, sua saúde delicada, os embaraços da
família, a falta de tempo, o excesso de ocupações. Em
suma, se a Santa Madre Igreja não os obrigasse sob pena
de pecado a assistir à Santa Missa ao menos, aos domingos
e dias santificados, sabe DEUS se visitariam jamais uma
igreja ou dobrariam o joelho ante um altar.
Ó vergonha ó profunda miséria de nossos tempos
infelizes, que estamos longe do fervor dos primeiros
cristãos, os quais, como já disse, assistiam todo dia à Santa
Missa e recebiam o pão dos Anjos.
No entanto não lhes faltavam afazeres, cuidados,
ocupações. Mas a própria Santa Missa era para eles um
auxílio para bem dirigir seus negócios e interesses
espirituais e temporais. Mundo obcecado! Quando abrirás os
olhos para reconhecer tão palpável ilusão? Vamos!
Despertemos todos! E que nossa devoção preferida, a mais
amada, seja assistir diariamente à Santa Missa e nela
comungar, pelo menos espiritualmente.
Para alcançar tão santo resultado, não sei de meio
mais eficaz que o exemplo, pois é uma máxima indiscutível
que todos vivimus ab exemplo: isto é, que tudo que vemos
feito por nossos semelhantes se nos torna acessível e fácil.
Não poderás fazer, dizia a si próprio Santo Agostinho, o que
fazem estes e aqueles? Tu non poteris qudo isti et istae?
Apresentarei, portanto, alguns exemplos interessantes de
pessoas diversas, e por este meio espero convencer todo o
mundo.
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EXEMPLOS PARA EXCITAR OS PADRES
A CELEBRAR TODO DIA
SALVO CASO DE LEGÍTIMO IMPEDIMENTO
Ó Sacerdote de CRISTO, procedei de tal modo que,
antes de tudo, seja simples e pura a vossa intenção, e que
só tenhais a DEUS em vista.
Com esta finalidade, renovai ao menos mentalmente antes
de começar a Santa Missa, as quatro intenções ensinadas
anteriormente, e em vosso memento, depois de feita a
aplicação devida, oferecei brevemente o Sacrifício ao
altíssimo, para os fins a que foi instituído, Isto é, para honra
a DEUS, agradecer-Lhe dar-Lhe reparação, e obter de sua
bondade todos os bens.
Ponde em seguida todo o cuidado, a fim de celebrar com o
máximo de modéstia, recolhimento, e atenção possível,
calmamente, sem vos apressardes, mas empregando todo o
tempo necessário para pronunciar bem todas as palavras,
para executar integralmente todas as cerimônias com a
gravidade e dignidade convenientes.
Pois, se as palavras não são bem articuladas e as
cerimônias bem feitas, ao invés de excitar a piedade e
devoção tornam-se para os assistentes motivo de
escândalo.
Isto posto, todo sacerdote deve tomar a firme e
constante resolução de celebrar todos os dias a Santa
Missa.
Se na Igreja primitiva, os leigos comungavam diariamente, é
de crer com mais forte razão que os padres celebravam
todos os dias.
Santo André dizia a seu perseguidor: Quotidie Emmolo
DEO Agnum immaculatum. “Ofereço diariamente a DEUS, o
Cordeiro Imaculado.” E São Cipriano, em uma de suas
cartas: Sacerdotes que Sacrificium DEO quotidie
immolamus. “Nós sacerdotes, que cada dia oferecemos a
DEUS o Sacrifício.”
São Gregório Magno conta que São Cassiano, Bispo de
Narni, tinha o costume de celebrar a Santa Missa todos os
dias, e que seu capelão recebeu de DEUS a ordem de dizerlhe
que fazia muito bem, e quão agradável lhe era a
devoção do santo Bispo, estando-lhe reservada grande
recompensa no Paraíso.
Ao contrário, os padres que, por negligência, omitem a
celebração da Santa Missa, prejudicam imensamente a
Igreja, de um modo que ninguém pode calcular.
É bem conhecida a sentença do venerável Beda: Sacerdos
que absque legitimo impedimento Missae celebrationem
omittit, quantum in ipso est sanctissima Trintatem privat
laude et gloria, angelos laetitia, Peccatores vênia, justos
asuxilio et gratia, existente in Purgatório subsidio et
refrigério, Ecclesiam ipsam ingenti beneficio, et seipsum
medicina ey remédio.
“O Sacerdote que, sem um legítimo
impedimento, omite a celebração da Santa Missa,
em quanto lhe é dado, priva os pecadores, de
perdão; os justos, de graça; as almas do Purgatório,
de refrigério e socorro; toda a igreja, de imenso
beneficio, e enfim a si próprio de medicina e
remédio.”
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“Onde encontrareis ladrão tão audacioso que ,
duma vez, cometa um roubo de tal importância,
como este padre que, omitindo sem motivo, a Santa
Missa, subtrai tão grandes bens aos vivos, aos
mortos e a toda a Igreja? Múltiplas ocupações não
constituem desculpa.”
O bem-aventurado Fernando, arcebispo de Granada, e
ao mesmo tempo primeiro ministro do reino e, portanto,
assoberbado de afazeres, celebrava, ainda assim ,
diariamente. O Cardeal de Toledo comunicou-lhe que a
corte lamentava que, com tantos negócios a atender,
celebrasse diariamente. “É justamente por isso, respondeu o
servo de DEUS. Já que suas altezas impuseram-me aos
ombros fardo tão pesado, não acho, para manter-me, melhor
sustentáculo, que o santo Sacrifício da Missa, no qual vou
haurir força e coragem para desempenhar minhas funções.”
Muito menos vale para escusar-me uma espécie de
humildade como a de São Pedro Celestino. A idéia sublime
que ele fazia deste Mistério leva-o a abster-se de celebrar
diariamente. Apareceu-lhe, porém, um santo abade e lhe
disse severamente: “E que Serafim digno de celebrar
encontrareis no Céu? A escolha de DEUS para ministros do
Santo Sacrifício não recaiu sobre os Anjos, mas sobre os
homens, como tais sujeitos a mil imperfeições. Está bem
que vos humilheis; mas celebrai diariamente, que tal é a
vontade de DEUS.”
No entanto, para que a freqüência não diminua o
respeito, esforçai-vos por imitar estes Santos que se
salientaram especialmente pela modéstia e devoção nos
santos Mistérios.
O grande e ilustre arcebispo São Herberto celebrava
com tão extraordinário fervor, que parecia um Anjo do
Paraíso. São Lourenço Justiniano ficava imóvel no altar,
seus olhos pareciam rios de lágrimas, e seu espírito se
empolgava todo em DEUS. Entre todos, porém, distingue-se
São Francisco de Sales; jamais se viu um padre subir ao
altar com mais majestade, respeito e recolhimento. Quando
se revestia dos ornamentos sagrados, depunha e afastava
todo pensamento estranho, e, apenas punha o pé no
primeiro degrau do altar, sua fisionomia, em que as refletia o
recolhimento de sua alma, assumia uma expressão toda
Angélica que deixava encantados os assistentes.
Mas como encontravam estes Santos tantas delícias
espirituais na celebração da Santa Missa! É que celebravam
como se estivessem em presença de toda a corte celeste.
Assim acontecia realmente a São Bonet, Bispo de Clermont.
Uma noite em que ficara sozinho na Igreja, apareceu-lhe a
Santíssima Virgem rodeada de uma multidão de Santos.
Alguns dentre eles perguntaram à augusta Rainha quem
devia celebrar a Santa Missa. “Bonet, o meu servo bemamado”,
respondeu ela. O santo Bispo, ouvindo pronunciar
seu nome, recuou assustado, buscando esconder-se, e a
parede de pedra, sobre a qual se apoiou, por um grande
milagre, amoleceu; a forma de seu corpo aí ficou impressa e
ainda se pode ver. Sua humildade só lhe serviu para o tornar
mais digno. Teve de celebrar em presença da Santíssima
Virgem, com assistência de todos aqueles cidadãos do Céu.
Depois da Santa Missa a Santíssima Virgem Maria, deu lhe
uma alva de fulgente brancura e de estofo tão fino como não
se pode encontrar nenhum comparável.
Ainda hoje se venera esta alva como preciosa relíquia. Com
que modéstia, pergunto-vos, com que recolhimento e amor
não terá ele celebrado aquela Santa Missa?
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Se este exemplo, entretanto, vos parece por demais
extraordinário, imitai então a conduta do glorioso São
Vicente Ferre. Diariamente ele celebrava a Santa Missa,
antes de pregar a um inumerável auditório.
Ora, duas coisas ele levava ao santo altar: uma soberana
pureza de alma e uma extremada compostura exterior. Para
conseguir a primeira, confessava-se cada manhã; e eis o
que quisera de vós, ó sacerdote que buscai a maior honra
de DEUS, ao celebrar os santos Mistérios.
É espantoso que alguns empreguem meia hora lendo
livrinhos em preparação ao santo Sacrifício, enquanto que
um curto exame e um ato de viva contrição sobre qualquer
pecado da vida passada se não houver outra matéria,
bastar-lhe-ia para adquirir grande pureza de coração. Esta é
a preparação mais perfeita que poderíeis fazer para a Santa
Missa: confessar-vos, o mais que puderdes, todas as
manhãs.
Bani todo escrúpulo e não desprezeis o conselho que vos
dou. Oh! Que messe abundante de méritos amontoaríeis
então! Como me agradeceríeis ao encontrar-nos na bemaventurança
eterna!
Para alcançar a segunda, o Santo queria que o altar
fosse ornamentado com magnificência; exigia extremo
asseio nos paramentos e vasos sagrados. Confesso que a
pobreza de muitas igrejas escusa-as de possuir paramentos
ricos, bordados a ouro e seda; quem pode, porém, dispensar
o asseio e a decência convenientes? Zelo tão ardente pelos
Santos Mistérios animava o seráfico São Francisco, que,
apesar de seu amor à santa pobreza, queria os altares
mantidos em perfeita limpeza, e mais ainda os sagrados
paramentos que diretamente servem ao Divino Sacramento.
Ele mesmo punha-se muitas vezes a varrer as igrejas.
São Calos, em suas ordenações, mostra-se tão
exigente em coisas que podem parecer mesquinhas
minúcias, que, na verdade é de admirar.
Para terminar, a augusta Mãe de JESUS, nosso DEUS, quis
pessoalmente fazer-nos compreender esta necessidade,
quando em uma aparição a Santa Brígida, disse: “Missa
dicinon, debet nisi in ornamentis mundis.” “Não se deve
celebrar a Santa Missa senão com paramentos
convenientes, que inspirem devoção por seu asseio e
decência.”
Antes de terminar este parágrafo, resta dizer algo a
respeito do ministro que serve à Santa Missa. Em nossa
época dá-se aos meninos e a ignorantes este encargo, de
que nem os próprios reis seriam dignos.
Diz São Boaventura que é um mister angélico, pois muitos
Anjos assistem ao Santo Sacrifício e servem a DEUS neste
santo mistério.
A gloriosa Santa Mectilde viu a alma de um irmão leigo
envolta em deslumbrante claridade por ter-se empregado
com extremo fervor em servir em todas as Santas Missas
que pudera.
São Tomás de Aquino, o sol da Escolástica, conhecia bem o
valor inestimável deste ofício de servir no divino Sacrifício, e
não se dava por satisfeito se, depois de ter celebrado a
Santa Missa, não ajudava outra.
São Tomás More, chanceler da Inglaterra, punha suas
delícias nesta santa função; e certo dia, admoestado por um
grande do reino que lhe avisava de que o rei Henrique veria
com desprazer ação tão pouco digna dum primeiro ministro,
respondeu: “Não pode segredar a meu senhor, o rei, que eu
sirva o Senhor de meu rei, o qual é o Rei dos reis e o
Senhor dos senhores.”
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Aí está o bastante parta confundir essas pessoas, às vezes
até piedosas, a quem é preciso pedir d suplicar para que
ajudem à Santa Missa, quando deveriam porfiar e apoderarse
do missal a fim de ter a honra de desempenhar emprego
tão santo que faz inveja aos próprios Anjos e Santos do
Paraíso.
Importa, evidentemente, velar com cuidado para que os
que ajudam à Santa Missa sejam bem instruídos quanto a
seu papel.
Devem manter os olhos baixos, uma atitude modesta e
piedosa; cumpre-lhes pronunciar as palavras, distintamente,
docemente, em voz não baixa demais, que o sacerdote não
os ouça, nem por demais alta, que incomode os que
celebram nos altares próximos.
Dever-se-ia, outrossim, excluir certos meninos muito
levianos, que brincam e fazem barulho e perturbam o
recolhimento do sacerdote. Rogo a DEUS que inspira aos
homens prudentes dedicarem-se a este ofício tão santo e
louvável. Competiria aos mais nobres a aos mais instruídos
dar este belo exemplo.
EXEMPLOS
DE VÁRIOS PRÍNCIPES
REIS E IMPERADORES
Os exemplos dos grandes causam ordinariamente muito
mais impressão que a piedade mesmo singular de simples
particulares, conforme o axioma vulgar: “Conforme-se a terra
ao exemplo do rei.” “Regis ad exemplum totus componitu
orbis.”
Ora, longa seria a lista que eu poderia desenrolar, para
animar a seguir o exemplo daqueles que assistiam todos os
dias à Santa Missa.
Citaremos rapidamente alguns: Constantino Magno não só
assistia todos os dias à Santa Missa, mas, quando partia em
qualquer expedição, em pleno fragor da guerra e ruído das
armas, fazia-se acompanhar dum altar portátil no qual
mandava celebrar diariamente a Santa Missa, e por este
meio alcançou retumbantes vitórias. O Imperador Lotário
observava sempre a mesma prática. Em tempos de paz
como de guerra, fazia questão de assistir, todos os dias, a
três Santas Missas. O piedoso Henrique III, rei da Inglaterra,
assistia, do mesmo modo, a três Santas Missas diárias, para
grande edificação de sua corte.
Singulis diebus três Missas cum nota audire soletat, et
piures audire cupiens privatim celebrantibus assidue
assistebat. O Senhor recompensou-o, ainda neste mundo,
com um feliz reinado de cinqüenta e seis anos.
Mas, para expor à luz a piedade dos monarcas ingleses
e sua assiduidade em assistir à Santa Missa, não é preciso
remontar aos séculos passados; basta considerar a grande
alma de Maria Clementina, a piedosa rainha cuja perda
Roma ainda chora. Como ele se dignou dizer-me muitas
vezes, punha todas as suas delícias em assistir ao Divino
Sacrifício e todos os dias assistia a todas as Santas Missas
que podia. Mantinha-se imóvel, sem almofadas, sem apoio,
como uma estátua.
E por esta devota assistência à Santa Missa, acendeu-se
em seu coração amor tão ardente a JESUS-Hóstia, que se
esforçava por assistir diariamente a três ou quatro bênçãos
do Santíssimo Sacramento.
Sua carruagem percorria a toda a velocidade as ruas de
Roma, a fim de permitir-lhe chegar a tempo nas diversas
igrejas. E quantas lágrimas derramou esta santa mulher
para mitigar a fome que tinha de pão dos Anjos, fome tão
veemente que lhe causava enlanguescimento noite e dia,
porque seu coração se achava a todo instante transportado
aonde estava seu tesouro.
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DEUS permitiu, entretanto, que tão prementes instâncias
não fossem atendidas; permitiu-o para tornar mais heróico o
seu amor, mais ainda, para torná-la mártir de amor. Assim, a
meu ver, isto lhe acelerou a morte, como posso julgar pela
última carta que me escreveu já no leito de morte. É certo
que, se lhe foi negada a comunhão freqüente, não perdeu
ela o mérito, pois, não podendo satisfazer seu amor pela
comunhão sacramental, buscava consolo na comunhão
espiritual, que fazia não só na Santa Missa, mas renovava-a
muitas vezes durante o dia, com grande contentamento de
seu coração, seguindo o método indicado no capítulo
anterior.
Ora, dizei-me, este exemplo sublime não basta para
rechaçar todas as desculpas dos que demonstram tanta
preguiça em assistir, todos os dias à Santa Missa e nela
fazer a comunhão espiritual? Não me satisfaz, entretanto,
que imiteis esta boa rainha com o fervor do vosso coração
em desejar receber JESUS-HÓSTIA; mas quisera que a
imitásseis, ocupando vossas mãos nos trabalhos que tão
freqüentemente ela efetuava, a fim de prover de objetos do
culto às igrejas pobres, exemplo seguido em Roma por
muitas damas nobres, que se consideravam felizes em
trabalhar com suas mãos nos vários paramentos destinados
ás igrejas. E fora de Roma, conheço uma grande princesa,
ilustre tanto por sua piedade como pelo nascimento, que
assistia, todas as manhãs, a várias Santas Missas, e ocupa
suas damas nos trabalhos destinados ao altar, a ponto de
enviar caixas cheias de corporais, manutérgios e outras
peças semelhantes aos missionários e pregadores, para que
distribuam ás igrejas pobres e a fim de que o Divino
Sacrifício seja oferecido a DEUS com toda a pompa,
decência e solenidade adequadas.
Terminamos este parágrafo com o exemplo da São
Venceslau, rei da Boêmia, que todos devem imitar, se não
em tudo, ao menos na medida do possível.
Este Santo rei, não contente em assistir diariamente a
muitas Santas Missas, de joelhos sobre o chão duro, e de
servir aos padres no altar, com mais humildade que um
seminarista, presenteava, ainda, as igrejas com as jóias
mais preciosas de seu tesouro e as mais ricas tapeçarias de
seu palácio.
Costumava, além disso, confeccionar, com suas próprias
mãos, as hóstias destinadas ao santo Sacrifício.
Para este fim e sem receio de diminuir sua dignidade real,
com suas mãos feitas para empunhar o cetro, cultivava um
campo, conduzindo a charrua, semeava o trigo, fazia a
colheita, depois moia os grãos, peneirava a farinha,
preparava e cortava as hóstias e as apresentava com o mais
profundo respeito aos sacerdotes, para que as
convertessem no Corpo do Salvador.
Ó mãos dignas, de São Venceslau, de empunhar o cetro da
Terra inteira! Qual foi, porém, a recompensa de tão terna
piedade?
Permitiu DEUS que o imperador Oto I concebesse pelo
santo rei tal benevolência que lhe concedeu o privilégio de
gravar em seu brasão as armas do império: a águia negra
sobre fundo branco, favor nunca obtido por nenhum outro
príncipe.
Deste modo, por intermédio do imperador, quis DEUS
recompensar a grande devoção de São Venceslau ao
Sacrifício da Eucaristia. Magnífica, porém foi sua
recompensa no Céu, quando, por um glorioso martírio,
obteve uma bela coroa de glória eterna.
E assim, graças a essa afeição profunda à Santa Missa, ele
foi duplamente coroado, neste mundo e no outro.
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EXEMPLOS PARA AS PESSOAS DE CATEGORIA
Uma mulher, que entra na Igreja com um traje
espaventoso, atrai todos os olhares, e queira DEUS n’ao
atraia também os corações, arrebatando ao SENHOR as
devidas adorações. Não é preciso excitar estas pessoas a
assistir todos os dias à Santa Missa; já são demais levadas
a freqüentar as igrejas. O importante será fazer-lhes
compreender com que modéstia e respeito devem portar-se
na casa de DEUS, especialmente quando se celebra a
Santa Missa. Tanto mais me edificam senhoras da nobreza
e princesas que só aparecem ante aos altares vestidas
simplesmente, sem luxo nem elegâncias refinadas, quanto
me escandalizam certas pretensiosas que, com seus
penteados ridículos e ares de atrizes, assumem poses de
deusas no lugar santo.
A bem-aventurada Ivete teve, certo dia, uma visão, que
devia inspirar a essas pessoas o temor respeitoso devida à
Santa Missa.
Ao assistir à Santa Missa viu essa nobre flamenga um
espetáculo terrível. Perto dela estava uma dama distinta,
cujo olhar se fixava aparentemente no altar; mas não era
para seguir o Santo Sacrifício, nem para adorar o
Santíssimo Sacramento que ia receber, e sim, para
satisfazer uma paixão impura. Em volta dela estavam um
grande número de demônios que dançavam e se expandiam
em demonstrações de regozijo. Quando ela se levantou para
se dirigir à mesa sagrada, uns lhe seguraram a cauda do
vestido, outro lhe ofereceu o braço enquanto outros lhe
faziam cortejo e serviam-lhe como a sua senhora. No
momento em que o sacerdote descia do altar com a Santa
Hóstia na mão a fim de dar a comunhão àquela infeliz,
pareceu a Ivete que o Salvador abandonava as santas
espécies e volvia ao Céu, repugnando-Lhe entrar num
coração assim rodeado de espíritos das trevas.
Aterrorizada por semelhante cena, abem-aventurada
Ivete dirigia humildes preces a Nosso Senhor. E Ele reveloulhe
a causa, fazendo-lhe ver que aquela mulher alimentava
uma paixão desordenada por uma pessoa que se achava
próxima do altar, e que durante toda a Santa Missa, ao invés
de se ocupar dos Santos Mistérios, contemplava-a com
olhares impuros, desejando antes lhe agradar que agradar a
DEUS. Por isso rodeavam-na os demônios e faziam-lhe o
cortejo.
Dir-me-eis que não sois do número dessas infelizes
criaturas, e eu creio de boa vontade. Se, entretanto, ides à
Igreja com certos trajes escandalosos, mereceis todas as
censuras.
Transformeis o templo sagrado em covil de ladrões, pois
roubais a DEUS a honra, pelas distrações que provocais aos
sacerdotes, aos ministros, a todo o povo.
Por favor, considerai e tomai a resolução de imitar
Santa Isabel da Hungria. Para assistir à Santa Missa, ela se
dirigia com grande pompa à Igreja. Mas, para assistir ao
Santo Sacrifício retirava da cabeça a coroa, os anéis dos
dedos, depunha seus ornamentos e cobria-se com um véu,
ficando em atitude tão modesta que nunca foi vista desviar
sequer os olhos. Tudo isso agradou de tal modo a DEUS,
que Ele quis manifestá-lo a todos: durante a Santa Missa a
Santa aparecia envolta de tal claridade que se velavam de
deslumbramento os olhos dos assistentes; parecia-lhes
contemplar um anjo do Paraíso. Imitai exemplo tão ilustre,
certos de que agradareis a DEUS e aos homens, e que a
Santa Missa será para vós de imenso proveito para esta
vida e para a outra.
EXEMPLO PARA AS MULHERES DO POVO
Grande é a utilidade que se aufere da assistência à Santa
Missa, o que acaba de ser demonstrado.
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Muitas vezes, porém há impossibilidade para certas
pessoas, ou mesmo inconveniência de ir à Igreja todos os
dias. Vós que tendes filhos pequenos, ou que por obrigação
ou caridade cuidais de um doente, ou que tendes um marido
difícil que vos proíbe sair, não deveis inquietar-vos, ou, o
que é pior, desobedecer.
Pois, ainda que a Santa Missa seja um santo tesouro e de
valor infinito, apesar de tudo, é sempre ainda melhor
obedecer e renunciar à própria vontade, pois a obediência é
imensamente valiosa.
Que sucederia, no entanto, se fôsseis à Santa Missa
para vos entregardes à tagarelice, à curiosidade, às
distrações voluntárias, e voltásseis com as mãos vazias? Foi
o que sucedeu a uma camponesa, que morava em uma
aldeia m pouco afastada da Igreja.
Querendo alcançar uma graça importante, ela prometeu
assistir à Santa Missa durante um ano. Com esta intenção,
todas as vezes que ouvia repicar o sino anunciando a Santa
Missa, em alguma Igreja dos arredores, largava
imediatamente seu trabalho e punha-se a caminho sem
atender sequer às inclemências do tempo. De volta a casa,
para não perder a conta das Santas Missas assistidas, que
tencionava completar exatamente conforme se impusera,
depositava cada vez uma fava em uma caixa
cuidadosamente guardada. Passou-se o ano, e ela, certa de
ter cumprido a promessa e alcançado muitos méritos, foi
abrir a caixa. Ora, de tantas favas que ajuntara, só
encontrou uma. Surpreendida e consternada, invadiu-a um
grande pesar, e dirigiu-se a DEUS, dizendo-lhe lacrimosa: Ó
SENHOR, como é possível que, de tantas Santas Missas
que participei, só uma se encontre de sobra? Nunca faltei, a
despeito do esforço a fazer, do mau tempo, da chuva, do frio
e do caminho ruim!
DEUS então lhe inspirou a idéia de contar sua infelicidade a
um piedoso sacerdote muito prudente.
Este lhe perguntou de que modo ia ela à igreja, e com que
devoção assistia ao santo Sacrifício.
Então ela disse-lhe que, no caminho só falava de negócios
ou de diversões e passava o tempo dos divinos Mistérios a
tagarelar com um e outro, tendo o espírito ocupado
exclusivamente com sua casa e seus campos. “Aí está, lhe
disse o padre, o motivo de nada restar dessas Missas. A
tagarelice, a curiosidade, as distrações voluntárias vos
roubaram todo o mérito. Satanás vo-lo roubou. Por isso
vosso Anjo fez desaparecer as favas, para vos mostrar que
as obras mal feitas, ficam perdidas. Dai graças a DEUS
porque, pelo menos, uma das Santas Missas, foi bem
assistida e vos trouxe frutos.”
Fazei agora uma reflexão bem séria e dizei: Quem
sabe, de tantas Santas Missas a que tenho assistido em
minha vida, quantas foram agradáveis a DEUS? Que vos
responde a consciência! Se vos parece que bem poucas
dessas Santas Missas são dignas de mérito aos olhos de
DEUS, remediai esta situação e emendai-vos sinceramente
para o futuro.
Mas se, o que não queira DEUS, sois do número
dessas infelizes, asseclas dos demônios, que vão à igreja
ajudá-los a arrastar ao inferno, ouvi uma história apavorante
e tremei!
Conta-se que certa mulher, tendo caído em grande
miséria, errava em extremo desespero, num lugar solitário.
Apareceu-lhe satanás e disse-lhe que se ela quisesse
distrair as pessoas na igreja, por meio de conversinhas e
falatório inútil e inconveniente, ele a tornaria rica como
nunca. A miserável mulher aceitou a proposta e pôs-se a
executar o diabólico ofício, alcançando plenos resultados:
agia e falava de tal maneira que ninguém perto dela podia
assistir atentamente à Santa Missa, nem a outras
cerimônias.
Não durou muito, porém, que não pesasse sobre ela a mão
de DEUS.
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Certa manhã desencadeou-se terrível tempestade e um raio
certeiro fulminou-a, reduzindo-a a cinzas.
Ó mulheres, aprendei à custa de outrem, e fugi das
pessoas que por suas tagarelices e irreverências nas igrejas
exercem o ofício de ministros de satanás, se não quereis
incorrer também na cólera de DEUS.
EXEMPLOS PARA
OS NEGOCIANTES E ARTÍFICES
Infelizmente o deus dos nossos tempos é o dinheiro.
Quão numerosos são os que se prostram diante dele e lhe
oferecem adoração em todo tempo e lugar!
O resultado é que, correndo atrás deste ídolo, esquecem o
verdadeiro DEUS, e, por conseqüência, precipitam-se num
abismo de desgraças e perdem toda a felicidade, enquanto
que, na afirmação do profeta e rei, aqueles que buscam a
DEUS antes de tudo, não caem em nenhum verdadeiro mal
e têm acréscimo de todos os bens, Inquirentes Dominum
non minuentur omni bono (Sl 33,11). Esta palavra se verifica
ainda mais naqueles que , antes de se entregarem a seu
trabalho ou a seus negócios, têm o cuidado de assistir ativa
e atentamente à Santa Missa.
É o que prova a história dos três negociantes de Gúbio.
Dirigiram-se a uma feira que se realizava num burgo
chamado Cisterno. Depois de vender suas mercadorias, dois
deles começaram a pensar na volta e resolveram partir no
dia seguinte de madrugada, a fim de estarem em casa ao
cair da tarde. O terceiro discordou desta resolução e
declarou que, sendo o dia seguinte um domingo, não se
punha a caminho se antes ter assistido à Santa Missa.
E exortou os outros, se queriam voltar como tinham vindo,
teriam primeiro que assistir à Santa Missa; em seguida
fariam uma refeição e partiriam abençoados.
Além disso, se não pudessem chegar naquela mesma noite
a Gúbio, não faltariam albergues confortáveis no caminho.
Os companheiros não se renderam aos conselhos
salutares e sensatos; mas, decididos a chegar naquela
mesma noite a seus lares, responderam que DEUS havia de
perdoar-lhes se pro aquela vez faltassem à Santa Missa.
Assim, no domingo, antes da aurora, sem entrar sequer na
igreja, montaram a cavalo e tomaram a estrada para sua
terra.
Em breve chegaram à torrente de Corfuone, que a chuva
torrencial da noite anterior engrossara a ponto de fazer
transbordar. A água, em corrente impetuosa, sacudira e
deslocara bastante a ponte de madeira.
Os dois negociantes meteram-se por ela com suas
alimárias, mas, bem não tinham chegado ao meio, rompeuse
o madeirame à pressão da água e os dois cavaleiros
precipitaram-se no rio onde se afogaram, perdendo assim
dinheiro, mercadorias e a vida.
Ao fragor desta catástrofe, acorreram os camponeses, e por
meio de ganchos e varapaus conseguiram retirar os
cadáveres que deixaram estendidos na margem, para que
fossem identificados e se lhes pudesse dar sepultura.
O terceiro, entretanto, que se deixara ficar para cumprir o
preceito de assistir à Santa Missa, pôs-se a caminho alegre
e animado. Ao chegar à mesma torrente, viu na margem os
dois mortos, e por curiosidade se deteve para olhá-los.
Reconheceu imediatamente seus dois amigos e ouviu
emocionado a descrição da tragédia.
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Levantou, então, as mãos ao céu, agradecendo a DEUS que
tão misericordiosamente o preservara de semelhante
desgraça, e abençoou mil vezes, a hora que consagrara à
Santa Missa, à qual devia estar são e salvo.
Ao chegar a sua cidade, comunicou a triste notícia e excitou
em todos os corações um vivo desejo de assistir todos os
dias à Santa Missa.
Permita-me escrever aqui: Maldita avareza, que afasta
DEUS de nosso coração e tira de certo modo a liberdade de
pensar no grande negócio da salvação eterna! A fim de fazer
compenetrarem-se de seu mal os negociantes avaros,
tomarei um exemplo da Sagrada Escritura.
Sansão, todos o sabem, foi amarrado com nervos de boi,
com cordas novas que nunca tinham servido; por fim ele
revelou á pérfida Dalila que sua força residia em seus
cabelos: e apenas lhe foram cortados, perdeu Sansão todo o
vigor e caiu me poder dos filisteus que lhe vazaram os olhos
e condenaram a girar a mó.
Pois, bem, dizei-me: qual foi a falta maior de Sansão?
Deixar-se amarrar com tantos laços? Não. Ele sabia
perfeitamente que toda a força do país não poderia detê-lo.
Todo o seu mal constituiu em revelar o que lhe dava força, e
deixar que lhe cortassem os cabelos, sem os quais Sansão
não era mais Sansão.
Ora, suponhamos que um comerciante se deixe ligar
por centenas de ocupações de balcão, de tráfico, de contas,
de bancos: é uma avareza culpável? Não, não representa
isso avareza. Todo o mal consiste em deixar-se cortar os
cabelos. Explico-me. Este negociante está assoberbado de
negócios. Mas, de manhã, cedinho, ouve o sino chamando
para a Santa Missa, e diz: “Meus negócios, um momento de
paciência: o primeiro ganho está na assistência a Santa
Missa.” Ai tendes Sansão atado, mas com a cabeleira
intacta.
Outro comerciante está ligado e apertado por sete cordas e
mais: trabalhos a realizar, contas a saldar, cartas a escrever,
sócios a atender. Este espera uma resposta, aquele um
pagamento. Que labirinto! Quantos laços!
Mas qual! Chega o domingo, ele se desembaraça de suas
ocupações, e vai fervorosamente assistir a muitas Santas
Missas e fazer suas devoções. Eis ainda Sansão amarrado,
mas não despojado dos cabelos, pois com todos os afazeres
ele não perde de vista o máximo dos negócios, sua salvação
eterna. Atendei, porém, a isto: quando estais
sobrecarregados de mil cuidados interesseiros e não tendes
tempo de freqüentar os Sacramentos e assistir à Santa
Missa, ah! Pobres Sansões! Então estais amarrados e com
os cabelos totalmente cortados!
Ainda que lícitos sejam vossos ganhos, não o é vossa
paixão do lucro. É uma avareza vergonhosa que atrairá
sobre vôos a desgraça de Sansão, e, como aconteceu a ele,
a casa ruirá sobre vossa cabeça. E então, as coisas que
ajuntastes, de quem serão? (Lc 12, 20)
Mas como bem se pode imaginar, esses avarentos não se
renderão nunca, se não os pegarmos pelo ponto fraco. Pois
bem, seja. Que pretendeis?
Enriquecer, acumular, ganhar sem cessar? Ora, qual o meio
mais seguro? Ei-lo: assistir, ativa e devotamente à Santa
Missa todos os dias.
Aprendei-o daqueles dois artesãos que Surius menciona.
Exerciam ambos a mesma profissão; um tinha encargo de
família, mulher, filhos e sobrinhos; o outro vivia só com sua
mulher. O primeiro mantinha a casa decentemente e os
negócios andavam às maravilhas.
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Não lhe faltavam nem fregueses em sua loja, nem
encomendas de trabalhos; e todos os anos ainda punha de
lado boas economias para o casamento das filhas. O
segundo nunca tinha trabalho, passava fome, e caminhava
para a ruína. Um dia disse confessadamente ao vizinho:
mas o que é que fazes! As bênçãos de DEUS chovem sobre
a tua família, enquanto eu, infeliz de mim, vivo embaraçado
nos negócios e todas as desgraças caem sobre a minha
casa.
O amigo replicou, vou ensinar-te. Amanhã de manhã estarei
em tua casa, e te mostrarei onde encontro tantos bens.
Na manhã seguinte levou o amigo á Igreja para assistir à
Santa Missa, e reconduziu-o, após, à oficina. Fez a mesma
coisa duas ou três vezes. Disse então o outro: Não precisas
mais dar-te o trabalho de levar-me à Santa Missa: já sei o
caminho, se está nela o teu segredo. Concordo respondeu o
amigo. Vá todos os dias assistir à Santa Missa, e verás que
tua sorte há de mudar.
Aconteceu, com efeito, que, desde que ele começou a
assistir diariamente à Santa Missa, começou a aparecer-lhe
trabalho, e em pouco tempo pagou suas dívidas e repôs sua
casa em excelente estado.
Credes no Evangelho? Ora, se credes, como podeis por em
dúvida esta verdade que ele claramente:
“Buscai, em primeiro lugar, o reino de DEUS e sua justiça, e
todas estas coisas vos serão acrescentadas. Querite primum
regnum DEI, et haec omnia adjicientur vobis” (Mt 6,33)
Se duvidais ainda, fazei a experiência: assisti, com devoção
e ativamente, à Santa Missa, durante um ano, e se vossos
interesses temporais não tomarem melhor andamento,
aceitarei todas as censuras. Não será, porém assim. Pelo
contrário tereis amplos motivos para agradecer-me.
EXEMPLOS PARA OS SERVOS
E TRABALHADORES RURAIS
O apóstolo São Paulo diz que aquele que não cuida de seus
servos é pior que um infiel: Si quis suorum et máxime
domesticorum curam non habet, fidem negavit, et est infideli
deterior (I Tim 5,8). Estende-se este cuidado não só ao
corpo, como também, e muito mais, à alma.
Se, portanto, seria grande injustiça deixar faltar aos próprios
servos o alimento corporal, seria trair mais gravemente
ainda o seu dever, privá-los de alimentos espirituais, e
especialmente não lhes facilitar a assistência diária à Santa
Missa, cuja privação é uma perda que patrão nenhum, por
poderoso e rico que seja, conseguiria, jamais compensar.
Quando DEUS fez aliança com Abraão, ordenou-lhe
circuncidar não só a si, mas ainda todos os servos e
escravos: Tam vernaculus quam empititius circuncidetur (Gn
1,12). É evidente que um bom cristão não deve contentar-se
de ser fiel, só ele, ao culto divino, principalmente assistindo
ao Sacrifício da Santa Missa, mas deve cuidar que seus
servos e os outros membros da família também o sejam.
Era este o piedoso costume de São Elzéar, conde de Arian.
Entre as boas regras que deu á sua casa, a primeira era que
cada manhã todos assistissem à Santa Missa: servos,
servas, lacaios, todos, queria ele ver na Igreja à hora da
Santa Missa.
É costume santo, que muitos fidalgos praticam em Roma,
cardeais e prelados que diariamente assistem à Santa Missa
e fazem questão de ver ao seu redor todos os componentes
de sua casa.
E não creiais que o tempo assim empregado pelos
servidores seja perdido para vós. DEUS vos há de computálo.
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Santo Isidoro não passava de um pobre lavrador, mas
tomava cuidado, de nunca faltar à Santa Missa pela manhã.
DEUS então, para demonstrar-lhe quanto prezava esta
devoção, mandava aos Anjos lavrar o campo de Isidoro
enquanto ele estava na Igreja. Não é de esperar que DEUS
faça para vós milagres tão sensíveis, mas de muitas
maneiras irá Ele recompensar-vos por vossa piedade!
Podeis conjeturá-lo pelo que sucedeu a um pobre operário.
Era um vinhateiro que mantinha sua família com o suro de
seu rosto, e que tinha o hábito de assistir, cada dia à Santa
Missa, antes de ir para o trabalho. Dirigindo-se uma manhã
bem cedo ao local onde se tratava trabalho, esperava que
algum patrão viesse contratá-lo para aquele dia. Ouviu,
porém o repicar do sino, e, conforme o costume, foi à igreja
fazer suas orações.
Terminada aquela Santa Missa, foi celebrada outra, e ele,
levado por sua devoção, deteve-se para assisti-la. De volta,
enfim, ao lugar costumado, encontrou-o deserto, pois todos
os trabalhadores tinham sido já contratados e haviam partido
para o trabalho nos campos. O pobre homem encaminhavase
muito triste para a casa, quando encontrou um cidadão
muito rico, o qual, notando-lhe o ar preocupado, perguntoulhe
o motivo daquele pesar.
- Que se há de fazer? Hoje de manhã, para não perder
a Santa Missa, perdi minha diária, respondeu.
“Não se aflija, replicou o rico, vá a igreja, assista à
outra Missa, em minha intenção, e logo a tarde pagar-lhe-ei
sua diária. O operário obedeceu e assistiu a todas as Santas
Missas celebradas naquele dia. A tarde, foi receber sue
salário, idêntico ao que se costuma pagar na região. Voltava
ele muito satisfeito, quando lhe veio ao encontro um
desconhecido (era o próprio JESUS), que lhe perguntou qual
o salário recebido por um dia tão bem empregado”.
E ao ficar informado da quantia, exclamou: “Tão pouco, por
trabalho de tão grande mérito?! Volta a esse rico e dize-lhe
que se não aumentar tua recompensa, seus negócios irão
muito mal.” O homem com toda simplicidade deu o recado
ao rico, e este lhe deu mais cinco moedas, despedindo-o em
paz. O vinhateiro deu-se pro muito satisfeito com o aumento,
mas JESUS não se contentou. Ao saber que o aumento fora
somente de cinco moedinhas, disse: “Não basta, volta a
esse ricaço e adverte-o que se não der melhor retribuição,
pode esperar terrível desgraça.” Foi-se novamente o
trabalhador, e um tanto embaraçado fez sua comunicação
em meias palavras. O rico ouvi-o, e, tocado interiormente
por DEUS, deu-lhe uma boa quantia para comprar uma
roupa nova.
Admirais, sem dúvida, a atenção da Divina Providência
socorrendo esse pobre vinhateiro, em retribuição à sua terna
piedade de assistir diariamente à Santa Missa, e tender
razão. Mais admirável ainda foi, porém, a graça que a
soberana Misericórdia concedeu ao rico. Com efeito, na
noite seguinte JESUS apareceu-lhe em sonho, e lhe revelou
que, em consideração ás Santas Missas assistidas por
aquele pobre trabalhador, poupava-o de uma morte súbita
que naquela mesma noite devia precipitá-lo no Inferno.
A esta revelação espantosa, o rico despertou, arrependeuse
de sua vida pecaminosa, e tornou-se devotíssimo da
Santa Missa que, daí em diante, passou a assistir ao Santo
Sacrifício, todas as manhãs.
Mais ainda, começou a encomendar diariamente muitas
Santas Missas em diversas igrejas, e, enfim, depois de uma
vida virtuosa, findou seu dia em feliz morte.
Por aí vedes como é liberal a bondade de DEUS para
aqueles que se mostram devotos da Santa Missa.
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Portanto, à Santa Missa, meus queridos amigos, à Santa
Missa; e ficai certíssimos de que nesta maravilhosa devoção
encontrareis o que há de melhor para todos.
EXEMPLO TERRÍVEL
PARA AQUELES QUE NÃO APRECIAM
O GRANDE TESOURO DA SANTA MISSA
São Tomás e São Boaventura, os dois doutores da Igreja,
ensinam, como dissemos anteriormente, que o Santo
Sacrifício da Missa é de valor infinito, tanto pela Vítima que é
ai oferecida, que é o Corpo e Sangue, a alma e Divindade
de Nossa Senhor JESUS CRISTO que principalmente o
oferece. No entanto, muitos há que o têm em tão pouca
estima que colocam este tesouro sacratíssimo, abaixo do
mínimo interesse. Outra finalidade não tem este livrinho, da
primeira á última página, senão dar uma idéia justa desta
preciosidade tão grande que não tem preço.
E se, até aqui, este santo Sacrifício era para eles um tesouro
oculto, agora que lhe conhecem o valor infinito, tomem a
resolução de aproveitá-lo, assistindo à Santa Missa, todos
os dias! Para a isso mais incitá-lo, vou contar uma história
apavorante, que será a conclusão desta obra.
Enéias Silvio Piccolomini, mais tarde Pio II, refere que em
certa região da Alemanha havia um fidalgo de grande
linhagem que, tendo caído na pobreza, vivia retirado em
uma de suas terras. Aí acabrunhado pela melancolia, estava
prestes deixar-se dominar pelo desespero, e satanás o
impelia, cada dia, a pôr uma corda ao pescoço a fim de dar
cabo da vida. Nesse combate contra a tristeza e a tentação,
recorreu a um santo confessor, que lhe deu o excelente
conselho de não passar, nem um dia, sem assistir à Santa
Missa.
O fidalgo aceitou o conselho e logo o colocou em prática; e
fez mais, para ficar seguro de nunca faltar à Santa Missa,
tomou um capelão que devia estar pronto a oferecer, cada
manhã, o Santo Sacrifício, a que ele assistia com grande
fervor e devoção. Um dia, porém, o capelão dirigiu-se bem
cedo a uma aldeia pouco afastada para assistir um padre
recém-ordenado, que lá celebrava sua primeira Missa. O
fidalgo, receoso de ficar privado da Santa Missa naquele dia,
dirigiu-se apressadamente para a tal aldeia. No caminho,
porém, encontrou um camponês e este lhe disse que podia
voltar dali, pois a Santa Missa do novo sacerdote já havia
terminado, e que na aldeia não se celebraria outra. A esta
notícia, o fidalgo perturbou-se e exclamou entre lágrimas:
“Que vai ser de mim hoje?” O camponês, que nada podia
entender de tão pungente aflição, replicou num tom de
gracejo e ímpio ao mesmo tempo: “Não choreis, senhor, eu
vos venderei a Missa que acabo de assistir. Dai-me o manto
que trazeis e eu vo-la cedo.”
O gentil-homem aceitou a estranha proposta do camponês,
e, entregando-lhe o manto, encaminho-se para a Igreja. Fez
uma curta oração no lugar santo, e voltou em seguida para
casa. Mas, ao chegar ao sítio em que se detivera pouco
antes, qual não foi seu espanto ao ver enforcado num
carvalho, morto como Judas, o desgraçado camponês que
lhe vendera sua Missa.
A tentação de suicídio passara do fidalgo ao camponês, que,
privado do socorra que a Santa Missa lhe alcançara, não
soubera resistir ao diabo. O fato acabou de convencer o
bom fidalgo de quão eficaz era o remédio sugerido pelo
confessor, e mais se firmou em sua resolução de assistir,
todos os dias, à Santa Missa.
Duas coisas de grande importância eu quisera que notásseis
neste terrível caso. Primeiro a grosseira ignorância de
grande número de cristãos que, não sabendo apreciar as
riquezas imensas na Santa Missa, vão a ponto de taxá-la
por um preço material.
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Daí vem a linguagem inconveniente de algumas pessoas
que falam em pagar ao sacerdote a sua Missa. Pagar a
Missa! E onde encontrareis fortuna capaz de igualar o valor
de uma única Santa Missa, já que ela vale mais que todo o
Paraíso! Ó ignorância revoltante.
Esse pouco de dinheiro que dais ao sacerdote, vós lho dais
para seu sustento, mas não como pagamento, pois a Santa
Missa é um tesouro sem preço.
Porque vos exortei, neste livrinho, a assistir, todos os
dias, à Santa Missa e encomendar quantas puderdes, é
possível que satanás vos coloque no espírito esta idéia: “Os
padres nos exortam a encomendar muitas Missas, por
motivos muito bonitos e especiais. Mas nem tudo que brilha
é ouro. Sob esta aparência de zelo eles escondem seu
proveito e no fim de contas vê-se que o interesse é que lhes
inspira a conduta e as palavras.” Que erro o vosso, se
pensais assim!
Dou graças a DEUS de me ter inspirado abraçar uma ordem
na qual se professa a mais estrita pobreza, e não se
recebem espórtulas pelas Missas. Se nos oferecessem cem
escudos por uma só Missa, jamais os aceitaríamos, pois
dizemos todas as nossas Missas na intenção que tinha
CRISTO na Cruz, quando ofereceu ao Eterno PAI o primeiro
Sacrifício do Calvário. Se, portanto, alguém há que possa
elevar a voz sem receio de censura, sou eu que só busco o
vosso interesse.
Ora, tudo que vos aconselhei neste opúsculo vo-lo repito
novamente, rogo-vos assisti a muitas Santas Missas e
encomendai o mais que puderdes.
Tereis amontoado um grande tesouro que vos aproveitará
neste Mundo e no outro.
A segunda verdade que deveis depreender da história
precedente é a eficácia da Santa Missa, para alcançar todo
bem e preservar-se de todo mal, e em particular para
adquirir forças espirituais, a fim de vencer todas as
tentações. Deixai-me, portanto, dizer-vos ainda: À Santa
Missa! À Santa Missa! Se quereis a vitória sobre vossos
inimigos e ver todo o inferno vencido e dominado.
Resta-me ainda dar-vos um aviso, que se dirige
também tanto aos sacerdotes, aos religiosos, como aos
leigos: é que, para receber com grande abundância os frutos
da Santa Missa, importa ir a ele com a máxima devoção.
Vós, leigos, portanto, assisti com toda a devoção, à da
Santa Missa, e para isto, se quiserdes, utilizai-vos deste
livrinho e ponha em prática, cuidadosamente, tudo o que
nele vai indicado.
Em pouco tempo, posso assegurar-vos pela experiência,
verificareis uma mudança sensível em vosso coração, e
tocareis com o dedo o grande bem que daí há de auferir a
vossa alma.
E vós, sacerdotes, deveis temer a justiça de DEUS,
quando, por uma pressa exagerada ou por negligência
irreverente, executardes mal as santas cerimônias,
precipitardes as palavras, confundirdes os movimentos,
numa palavra, despachardes a Missa. Refleti que
consagrais, que tocais e recebeis o FILHO DO ALTÍSSIMO,
e que não podeis, sem falta, omitir a menor cerimônia ou
fazê-la de modo negligente ou defeituoso, como a ensina o
sábio Suarez: Vei unius caeremoniae omissio culpae reatum
inducit!
Por isso, João d´Avila, o oráculo da Espanha, não
punha em dúvida que o Soberano Juiz pedirá aos
sacerdotes uma conta mais rigorosa de todas as Missas que
tiverem celebrado, do que qualquer outra obrigação.
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Por este motivo, tendo ouvido dizer que um jovem
sacerdote passara à outra vida, ao terminar sua primeira
Missa, aquele santo homem soltou um suspiro e disse:
“Ele celebrou, então, a Santa Missa?” E como lhe
respondessem que o neo-sacerdote tivera a felicidade de
morrer logo depois de celebrá-la, replicou: “Ah! Grande
conta tem ele de dar a DEUS, se celebrou uma Missa!”
E vós e eu, que tantas temos celebrado. Como nos
arranjaremos no tribunal de DEUS? Tomemos por tanto a
salutar resolução de rever, ao menos no próximo retiro que
fizermos, todas as rubricas do Missal e todas as cerimônias
sacras, a fim de celebrar com a máxima perfeição possível.
E estou certo de que se nós, sacerdotes, celebramos com
um exterior grave e recolhido, e, sobretudo com grande
fervor, os leigos, de sua parte, hão de decidir-se a assistir
diariamente à Santa Missa. E teremos a consolação de ver
renascer entre os cristãos de nossos dias o fervor dos
primeiros fiéis da Igreja.
E vós, que é que estais fazendo? Por que é que não
ides correndo para as igrejas para lá assistirdes
fervorosamente a todas as Santas Missas que
puderdes? Por que é que não quereis imitar os
Anjos que, quando se celebra a Santa Missa,
descem do Paraíso em grande número e vêm ficar
ao redor do altar em adoração, intercedendo por
nós? E DEUS será soberanamente honrado e
glorificado: é esta a única finalidade desta pequena
obra.
Orai por mim, rezando uma Ave Maria.
ATO DE OFERECIMENTO
Para ser feito todas as manhãs.
DEUS eterno, eis me prostrado diante de vossa infinita
Majestade; adoro-vos humildemente e vos ofereço todos os
meus pensamentos, todas as palavras e ações deste dia.
Tenho a intenção de tudo fazer por vosso amor, para vossa
maior glória, para cumprir vossa divina vontade, para vos
servir, louvar, bendizer e adorar, para me instruir nos
mistérios da Fé, assegurar minha salvação e alcançar vossa
misericórdia; para satisfazer a vossa divina justiça por tantos
pecados que cometi, para aliviar as santas almas do
Purgatório e para obter a todos os pecadores a graça duma
verdadeira conversão.
Em uma palavra, tenho a intenção de executar hoje todas as
minhas ações, em união com as intenções perfeitíssimas
que tiveram nesta vida JESUS e Maria, e todos os santos
que estão no Céu, e todos os justos da Terra. Quisera
assinar com meu próprio sangue esta resolução e repeti-la a
todo momento, tantas vezes quantos instantes houver na
eternidade. Recebei, meu DEUS, minha vontade, dai-me
vossa santa benção, com a graça eficaz de não cometer
pecado mortal, em todo o tempo de minha vida, muito
especialmente neste dia... A vós toda a glória, honra, amor,
louvor e adoração, no mais alto grau de perfeição. Amém
TERMINA AQUI “TESOURO OCULTO” DE SÃO
LEONARDO DE PORTO-MAURÍCIO
Nas páginas seguintes, outras considerações sobre a
Santa Missa, a Sagrada Comunhão, uma Novena e
Orações, todas com aprovação da Igreja Católica Apostólica
Romana.
-83- -82-
A PARTICIPAÇÃO ATIVA DO SANTO SACRIFÍCIO
PRODUZ MUITOS FRUTOS
A grandeza infinita da Santa Missa deve fazer-nos
compreender a exigência de uma assistência atenta e
devota do santo Sacrifício de JESUS. Amor e adoração
devem ser os sentimentos dominantes.
O estado de alma, na hora da celebração, deve ser o
mesmo em que se achava o nosso divino Redentor, quando
fez o sacrifício de si mesmo: uma humilde submissão do
espírito, isto é, a adoração, o amor, o louvor e ao
agradecimento à Suma Majestade de DEUS...
Verdadeira assistência à Santa Missa é aquela que nos
torna vítimas imoladas como JESUS, que consegue o
escopo de “reproduzir em nós os sofrimentos de JESUS”,
dando-nos “uma união comum com CRSITO em seus
sofrimentos e a conformidade com Ele e sua morte” (Fl
3,10).
Tudo o mais é somente rito litúrgico, uma veste exterior.
São Gregório Magno ensinava: “O santo Sacrifício do altar
será para nós uma Hóstia (vítima) verdadeiramente aceita
por DEUS, quando nós mesmos nos fizermos vítimas.”
Por isso, nas antigas comunidades cristãs os fiéis, para
a celebração da Santa Missa, tendo à frente o Papa, iam em
procissão até o altar, vestidos com vestes de penitência e
cantando a Ladainha dos Santos.
Na verdade, quando vamos à Santa Missa, devemos ir,
repetindo com São Tomé: “Vamos, nós também, para
morrermos com Ele!” (Jô 11, 16)
Quando Santa Margarida Maria Alacoque assistia à
Santa Missa, e ficava olhando o altar, não deixava nunca de
lançar um olhar para o crucifixo e para as velas acessas.
Para que?
Para que se imprimissem bem duas coisas na mente e no
coração: o crucifixo fazia-lhe lembrar o que JESUS tinha
feito por ela; e as velas acesas lhe recordavam o que ela
devia fazer por JESUS, isto é, sacrificar-se e imolar-se por
Ele e pelas almas.
Nunca refletimos bastante sobre o mistério inefável da
Santa Missa que renova sobre os nossos altares o Sacrifício
do Calvário. Nunca amaremos demais esta suprema
maravilha do Amor divino.
O SANGUE DE CRISTO
CORRE NA SANTA MISSA
Nosso Senhor JESUS disse a Santa Matilde: “Pelo meu
Sangue, venço a cólera de meu PAI e reconcilio o homem
com o seu DEUS.” Isso se realiza principal e especialmente
no Sacrifício da Santa Missa. O Seu Sacrifício na Cruz
torna-se presente pela Santa Missa. Por isso, o
preciosíssimo Sangue de CRISTO corre na Santa Missa
como se saísse das Chagas de JESUS na Cruz.
Todos os exercícios, todas as devoções e todas as
homenagens, não podem igualar o sublime Sacrifício
eucarístico, que atualiza, duma maneira não cruenta, mas
com o mesmo valor real, o Sacrifício de CRISTO na CRUZ.
Na Santa Missa, DEUS PAI é honrado, solicitado a perdoar,
e obtém-se a reconciliação, pelo Sangue preciosíssimo do
Cordeiro, porque o Cordeiro possui uma dignidade e um
poder infinitos.
Se o ateísmo, o esquecimento e desprezo a DEUS são
cruéis ultrajes que pesam sobre o nosso século e provocam
a ira divina, podemos reparar este horrível sacrilégio pela
fonte de Sangue redentor que encerra o cálice da Nova e
Eterna Aliança.
-85- -84-
Assistamos todos os dias, se possível, à Santa Missa,
e, unindo-nos ao sacerdote, ao Cordeiro imolado e à Mãe
Dolorosa, ofereçamo-nos com Eles ao Eterno PAI,
suplicando-Lhe “graça e misericórdia” para com os
pecadores e para o Mundo em geral.
Podemos também oferecer todos os dias, logo pela manhã,
a DEUS PAI, todas as Santas Missas bem celebradas em
todo o Mundo, nesse dia, e unir-nos aos sacerdotes
celebrantes, para que o Sangue redentor de JESUS desça
abundantemente sobre as nossas almas e as almas dos
pecadores e aflitos, como um banho salvador, justificador e
santificador.
São as seguintes as palavras de JESUS a Maria Graf-
Sutter: “Aqueles que se unem, sem cessar, ao meu
Sacrifício na Cruz e oferecem a DEUS PAI, o meu
Preciosíssimo Sangue pela salvação das almas, podem, de
certo modo, explorar o meu Coração, porque têm poder
sobre Ele. Eu purificarei as suas almas, lavando-as no meu
Sangue.”
“Se uma alma oferece ao meu PAI Celeste o Santo
Sacrifício, com o sacerdote e através dele, com verdadeiro
espírito de imolação, ela participa de todas as graças deste
Sacrifício.”
“Se assiste a uma Santa Missa, mas tendo no seu coração o
desejo de oferecer muitas vezes a DEUS o Santo Sacrifício
e, com esta pura intenção, se une a todos os sacerdotes da
Santa Igreja, para oferecer com eles os meus sofrimentos, e
a minha Morte, com esta perpétua oferta ela obterá
perpetuamente graças. Com a minha Graça, esta alma unirse-
á a todas as Santas Missas celebradas no Mundo inteiro,
e a sua vida tornar-se-á uma perpétua união de sacrifício
coMigo e em Mim.”
(11 de Março de 1957).
Somente no Céu iremos compreender que divina
maravilha é a Santa Missa. Por mais que nos esforcemos, e,
por santos inspirados que sejamos, nada mais podemos
fazer, a não ser balbuciar pobres palavras como as crianças,
se quisermos falar sobre esta obra divina, que está acima da
compreensão dos homens e dos Anjos.
Segundo São Lourenço Justiniano, “Nenhuma língua
humana, pode contar os favores, que nascem, como de uma
fonte, do Sacrifício da Santa Missa: o pecador que se
reconcilia com DEUS, o justo que se torna mais justo, as
culpas que são canceladas, os vícios que são erradicados,
as virtudes e os méritos que crescem, as insídias de satanás
que são confundidas.”
Os efeitos salutares, pois que cada Santa Missa produz
na alma de quem dela participa, são admiráveis: obtém o
arrependimento e o perdão das culpas, diminui a pena
temporal devida por causa dos pecados, desarma o império
de satanás e abranda os furores da concupiscência.
A Santa Missa também reforma os vínculos de nossa
incorporação com JESUS CRISTO, preserva de perigos e
desgraças, abrevia a duração do Purgatório e aumente o
grau de glória no Céu.
Santa Teresa de Jesus dizia às suas filhas: “Sem a
Santa Missa, que seria de nós? Tudo pereceria neste
Mundo, pois somente ela pode deter o braço de DEUS.”
Sem a Santa Missa, certamente a Igreja não teria
durado até agora, e o Mundo já se teria perdido sem
remédio. “Sem a Santa Missa, a Terra já teria sido
aniquilada, há muito tempo, por causa dos pecados dos
homens.”, ensinava Santo Afonso de Ligório.
Segundo São Boaventura, “A Santa Missa, é a obra na
qual DEUS coloca sob nossos olhos todo o amor que Ele
nos tem; é, de certo modo, a síntese de todos os benefícios
que Ele nos faz.”
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São João Bosco recomendava vivamente: “Tende o
máximo cuidado em assistir à Santa Missa, mesmo nos dias
de semana, ainda que para isso tenhais que sofrer algum
incômodo. Pois com isso obtereis do SENHOR toda espécie
de bênçãos.”
“São João Berchmans, quando ainda jovem, saia bem
cedo de casa para ir à igreja. Um dia a avó lhe perguntou
porquê é que saia tão cedo. O santo respondeu-lhe: Para
atrair as bênçãos de DEUS, eu consigo ajudar a celebrar
três Santas Missas, antes de ir para a escola.”
São Pedro Julião Eymard assim exortava a cada um
dos cristãos:
“Fica sabendo, ó cristão, que a Santa Missa é o ato
mais santo da Religião cristã; tu não poderias fazer mais
nada de gloriosos em honra de DEUS, e nada mais
vantajoso para a tua alma do que assistir piedosamente à
Santa Missa, quanto mais vezes te for possível.”
UM ANJO VAI CONTANDO OS PASSOS
Por tudo isso devemos julgar-nos felizes toda vez que
se nos oferece a possibilidade de assistir à Santa Missa, e
façamos todos os Sacrifício possíveis a fim de assistir a
todas que pudermos, principalmente nos domingos e dias de
festas, nos quais a obrigação de assistência à Santa Missa é
preciso e, portanto, quem deixa de assistir comete pecado
mortal.
Santo Agostinho dizia aos cristãos do seu tempo: “Todo
os passos que alguém dá para ir assistir à Santa Missa são
contados por um Anjo e por eles DEUS lhe concederá um
prêmio muito grande nesta vida e na eternidade.” Segundo o
Santo Cura d´Ars O Anjo da Guarda fica feliz quando
acompanha uma alma que vai assistir à Santa Missa.
Se é verdade que todos nós temos necessidade das
graças de DEUS para esta vida e para a outra, nada no-las
pode melhor obter de DEUS como à Santa Missa. Segundo
São Felipe Néri “Com a oração pedimos mais graças a
DEUS; mas na Santa Missa obrigamos a DEUS a no-las
conceder.”
O Santo Cura d´Ars dizia: “Todas as obras tomadas
juntas, não têm o valor de uma única Santa Missa, porque
as obras dos homens, enquanto que a Santa Missa é obra
de DEUS.”
São Francisco de Paula ia cada manhã para a igreja e
se ocupava lá dentro em assistir a todas as Missas que
eram celebradas. São Luís Gonzaga, S. Afonso Rodrigues,
São Geraldo Magela cada manhã ajudavam tantas Missas
quantas podiam, e o faziam de um modo tão cheio de
devoção, que atraíam muitos fiéis à igreja.
São Francisco de Assis tinha por costume assistir a
duas Missas cada dia; e, quando estava doente, pedia a
algum dos co-irmãos sacerdotes que lhe celebrasse a Santa
Missa na cela, contando que não ficasse sem o Santo
Sacrifício!
São Tomás de Aquino, cada manhã, depois de ter
celebrado sua Santa Missa, ajudava a uma outra Missa, em
ação de graças pela que celebrava antes. Também ele
escreveu: “Tanto vale a celebração da Santa Missa quanto
vale a Morte de JESUS na Cruz.”
São José Cottolengo garante que terá uma santa morte
aquele que assiste muitas vezes à Santa Missa. Também
São João Bosco considera um sinal de predestinação a
participação de muitas Santas Missas.
JESUS disse a Santa Gertrudes: “Fica certa de que
quem assiste devotamente à Santa Missa, eu lhe mandarei,
nos últimos instantes de sua vida tantos dos meus Santos
para confortá-lo e protege-lo, quantas tiverem sido as
Missas por ele assistidas.”
-89- -88-
O venerável Francisco do Menino Jesus, carmelita,
ajudava, cada dia, a dez Missas.
JESUS EUCARISTÍCO,
SUPREMA ASPIRAÇÃO
Eucaristia significa Ação de Graças. A Eucaristia não é
só participação na graça, mas é participação na própria
fonte de graças. Na Sagrada Eucaristia, não temos apenas
um instrumento que nos comunica as graças divinas, pois,
nos é dado o próprio Dator da graça, JESUS CRISTO Nosso
Senhor, real e verdadeiramente presente.
Se conhecêssemos o dom de DEUS, que é Amor, e
que dando-se a nós, nos dá todo o Amor,
compreenderíamos, então, que segundo São Bernardo: “A
Eucaristia é o amor que supera todos os outros amores no
Céu e na Terra.”
Segundo São Tomás de Aquino: “A Eucaristia é o
sacramento do Amor, significa amor, produz amor.”
Certo dia, um árabe, o emir Abd-el-Kader, ia andando
pelas ruas de Marselha em companhia de um oficial francês,
quando se encontrou com um sacerdote que ia levando o
Santo Viático a um moribundo. O oficial francês parou,
descobriu a cabeça e dobrou os joelhos. Então, o amigo
perguntou-lhe a razão daquela saudação. “Estou adorando
meu DEUS, que o Sacerdote vai levando para um doente.”,
respondeu o bravo oficial. Então o emir reagiu: “Como
acreditar que DEUS sendo tão grande, se faça tão pequeno,
a ponto de ir até à habitação dos pobres? Nós,
maometanos, fazemos uma idéia bem mais alta de DEUS.”
Então o oficial respondeu: “È porque vós tendes só
uma idéia da imensa grandeza de DEUS, mas não
conheceis o Seu Amor.”
A SAGRADA COMUNHÃO
A sagrada comunhão nos é necessária, porque dela
depende a vida da alma.
È o que se segue das palavras de JESUS: “Se não
comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu
sangue, não tereis a vida em vós.” A sagrada Comunhão,
por conseguinte, é o alimento da alma. Assim como o corpo
morre sem alimentação, assim também a alma.
A sagrada Comunhão, une-nos intimamente a JESUS
CRISTO. Conserva e aumenta a vida da alma. Purifica-nos
dos pecados veniais e enfraquece as nossas más
inclinações. Esclarece-nos a inteligência e nos dá força para
a prática do bem. Santifica-nos o corpo e deposita nele o
germe da ressurreição gloriosa.
A sagrada Comunhão produz na alma um efeito
semelhante ao alimento no corpo. O alimento une-se muito
intimamente ao corpo, conserva-lhe a vida e contribui para o
seu desenvolvimento. O alimento também faz desaparecer a
fadiga, fortificando o corpo.
A sagrada Comunhão une-nos a CRISTO; pois JESUS
diz: “Aquele que comer a minha carne e beber o meu
Sangue permanece em mim e eu nele.”
A sagrada Comunhão conserva a vida da alma:
preservando-a do pecado mortal. Eis porque Nosso Senhor
diz: “Quem comer deste pão viverá eternamente.”
A sagrada Comunhão também aumenta a vida da
alma, e é a graça santificante e simultaneamente a eterna
bem-aventurança. Purifica-nos como um fogo: sobretudo
enfraquece as más inclinações, por exemplo: a inveja, a
avareza, a deslealdade, etc.
-91- -90-
A sagrada Comunhão também apaga os pecados
vênias, de sorte que, se, se tiver cometido um pecado
venial, depois da Confissão, não é preciso reconciliar-se
novamente antes de comungar.
A sagrada Comunhão é como o Sol ao nascer. Espalha
luz e calor.
Traz-nos graças atuais. A sagrada Comunhão diária
fortalecia, sobretudo os primeiros cristãos a ponto de
sofrerem valorosamente o martírio.
Para receber as graças anteriormente mencionadas é
necessário preparar-se convenientemente antes da sagrada
Comunhão por meio de uma santa confissão jejuar no
mínimo, uma hora antes da Comunhão; vestir-nos com
decência e asseio e rezar com muita devoção.
Quando um soberano ou político proeminente vai a
uma cidade, logo ali se apressam em limpá-la e ornamentála;
assim também devemos fazer quando o Reio do Céu e
da Terra vem até nós; cumpre que purifiquemos o nosso
coração pelo sacramento da penitência e o ornamento com
boas obras.
Em lavando os pés doa apóstolos, JESUS deu-nos a
entender que devemos receber a sagrada Comunhão com o
coração puro.
Somente um coração purificado por CRISTO, por meio da
confissão, pode ser a morada digna de DEUS. Aquele que
comunga sabendo que está em pecado mortal, como Judas,
comete o crime do sacrilégio.
Santo Agostinho nos adverte: “Ninguém se atreva a
comer a carne de JESUS CRISTO antes de havê-La
adorado!” Por isso é bom assistir à Santa Missa antes de
comungar, fazer os atos de fé, esperança, caridade e
contrição. O melhor seria receber ajoelhados, em sinal de
adoração, a sagrada Comunhão.
A UNIÃO COM DEUS
JESUS CRISTO não pôde contentar o seu amor
apenas dando-se todo ao gênero humano pela encarnação
e paixão, morrendo por todos os homens. Quis ainda
encontrar o meio de dar-se todo a cada um. Instituiu, por
isso, o sacramento do altar a fim de unir-se todo a cada um
de nós. “Quem come a minha carne permanece m mim e eu
nele.”
Na sagrada Comunhão, JESUS une-se à pessoa e a pessoa
a JESUS. Esta união não é apenas de simples afeto, mas
real e verdadeira. Por isso São Francisco de Sales diz: “Em
nenhuma outra ação se pode considerar o Salvador mais
carinhoso, mais amoroso do que nesta. Aniquila-se, por
assim dizer, e se reduz a alimento para penetrar nossas
almas e se unir ao coração de seus fiéis.”
Diz São João Crisóstomo: JESUS CRISTO quer de tal
modo unir-se conosco, pelo amor ardente que nos tem, que
nos tornemos um só coração com Ele.
São Lourenço Justiniano diz: Ó DEUS, que tanto nos
amais, com este sacramento quisestes fazer com que nosso
coração se tornasse um só com o vosso, inseparavelmente
unidos.
Acrescenta São Bernardino de Sena: O dar-se JESUS
CRISTO a nós como alimento foi o último grau de amor.
Deu-se a nós para unir-se totalmente conosco como se une
o alimento diário com quem o toma. Oh! Quanto JESUS
CRISTO se alegra em estar unido conosco.
-93- -92-
DISPOSIÇÕES E EFEITOS
Primeiramente, como ensina o Concílio de Trento, a
comunhão é o remédio que nos livra dos pecados veniais, e
nos preserva dos mortais: “Remédio pelo qual somos livres
das falhas cotidianas e preservados dos pecados mortais.”
Diz-se que somos livres das falhas de cada dia porque,
segundo São Tomás, por meio deste sacramento, o homem
é estimulado a fazer atos de amor e por eles se apagam os
pecados veniais. Somos preservados dos pecados mortais,
porque a sagrada comunhão confere o aumento da graça
que nos preserva das culpas graves.
Por isso escreveu Inocêncio III: “JESUS CRISTO com sua
Paixão nos livrou do poder do pecado, mas com a Eucaristia
nos livra do poder de pecar.”
Além disso este sacramento inflama de modo especial
as pessoas no amor de DEUS: “DEUS é amor. É fogo que
consome todos os afetos terrenos em nossos corações: É
fogo devorador.” JESUS CRISTO veio precisamente
acender este fogo de amor na Terra. Não tinha outro desejo
senão ver aceso este santo fogo em cada um de nós.
Santa Catarina de Sena imaginava JESUS
Sacramentado nas mãos do sacerdote como se fosse um
globo de fogo e a Santa admirava-se de não ficarem
abrasados e consumidos todos os corações dos homens.
Santa Rosa de Lima, depois da comunhão, impressionava a
todos que dela se aproximavam pro sua grande piedade e
recolhimento.
Para as almas do Purgatório, a Santa Comunhão é o
dom pessoal que elas podem receber de nós. Quem pode
dizer quanto ajudam para a sua libertação as Santas
Comunhões?
São Boaventura se fez Apóstolo desta verdade, e dela
falava em termos vibrantes: “Ó almas cristãs, quereis dar
provas de verdadeiro amor aos vossos defuntos? Quereis
enviar-lhes os mais preciosos socorros e as chaves de ouro
do Céu? Fazei freqüentemente a Santa Comunhão pelo
descanso de suas almas.”
Reflitamos, também, que na Santa Comunhão, não nos
unimos somente a JESUS CRISTO, mas também a todos os
membros do Seu Corpo Místico, especialmente às almas
mais caras a JESUS e mais caras ao seu Coração. “Visto
que não temos mais do que um só pão, nós, mesmo sendo
muitos, formamos um só corpo: todos, com efeito,
participamos do mesmo pão.”
(I Cor 10, 17)
Sempre que, com o coração puro comungamos,
realiza-se plenamente aquela palavra de JESUS: “Eu
neles...a fim de que sejam perfeitos na Unidade.”
(Jo 17, 23)
Com a Eucaristia, sim, não só tudo podemos, mas até
obtemos o que deveria encher-nos de espanto e comovernos,
a saber, a nossa identificação com JESUS, como nos
diz Santo Agostinho:
“Não somos quem transformamos JESUS CRISTO
em nós, como fazemos com os outros alimentos
que comemos, mas é JESUS CRISTO que nos
transforma Nele.”
-95- -94-
Portanto devemos estar certos de que uma pessoa não
pode fazer nem pensar fazer coisa mais agradável a JESUS
CRISTO, do que assistir à Santa Missa e comungar com as
disposições convenientes a tão grande hóspede. Assim se
une a CRISTO, pois esta é a intenção deste adorável
Senhor.
Prestem atenção no que eu disse: com as disposições
convenientes; não disse “dignas” porque se estas fosses
exigidas, quem poderia comungar? Só um outro DEUS seria
digno de receber um DEUS.
Entendo como “convenientes” aquelas disposições que
convêm a uma miserável criatura vestida de pecadora carne
de Adão.
Basta, ordinariamente falando, comungar em estado de
graça e com vivo desejo de crescer no amor a JESUS
CRISTO.
Dizia São Francisco de Sales: “Só por amor se deve receber
JESUS CRISTO na comunhão já que só por amor ele se dá
a nós.”
Entendamos, pois, que não existe coisa tão proveitosa
a nós como a comunhão. O PAI Eterno pôs nas mãos de
JESUS CRISTO todas as suas riquezas divinas: “O PAI tudo
lhe colocou nas mãos”. Por isso, quando CRISTO vem até a
uma pessoa pela comunhão, traz consigo imensos tesouros
de graças. Uma pessoa que recebeu bem a comunhão,
pode dizer: “Com ela me vieram todos os bens”. São
Dionízio diz que o sacramento da Eucaristia tem poder de
santificar as pessoas mais do que todos os outros meios
espirituais.
São Vicente Ferrer escreveu que maior proveito se tira
da comunhão, do que de uma semana de jejum a pão e
água.
São Cristóvão dizia: “Vós invejais a sorte da mulher
que tocou nas vestes de JESUS, ou da pecadora que
banhou os pés dEle com suas lágrimas, ou das mulheres da
Galiléia que tiveram a felicidade de acompanhá-lo em suas
peregrinações, ou dos Apóstolos com os quais ele
conversava familiarmente; da população daquele tempo que
podia ouvir as palavras de graças e salvação, que saiam dos
seus lábios adoráveis. Vós chamais felizes aqueles que O
viram... Mas, vinde ao altar, e O vereis, e tocareis nEle, e
Lhe darei beijos santos, e O banhareis com as vossas
lágrimas, e O levareis dentro de vós, como Maria
Santíssima!”
Por isso os Santos desejavam ardentemente a Santa
Comunhão com um amor que os inflamava. São Pascoal
Baylon, Santa Verônica, São Geraldo Majela, Santa
Margarida Maria Alacoque, São Domingos Sávio, Santa
Gema Galgani...; impossível continuar, pois seria preciso
colocar o nome de todos eles!
Conta-se que São Venceslau, ao visitar as igrejas onde
estava o Santíssimo Sacramento, transformava-se
exteriormente a ponto de chamar a atenção de quem o
seguia. Por isso, diz São João Crisóstomo; O Santíssimo
Sacramento é fogo que nos inflama de modo que,
comungando sacramentalmente, espargimos tais chamas de
amor que tornam terríveis ao inferno.
Na Santa Comunhão JESUS se dá todo à pessoa que
comunga, e o comungante é todo dEle. Ele penetra no
coração e permanece corporalmente presente, enquanto
durarem as espécies do pão, ou seja, por uns quinze
minutos. Durante esse tempo, como ensinam os Santos
-97- -96-
Padres, os Anjos circundam o comungante, para
continuarem a adora a JESUS, num amor incessante.
São Bernardo escreve: “Quando comungamos
sacramentalmente, os Santos Anjos montam guarda, ao
redor de nós, em honra de JESUS”.
JESUS É VÍNCULO DE UNIÃO
Quando um adorador de DEUS, comunga JESUS,
toda a Igreja exulta, a dos Céus, a do Purgatório e a da
Terra.
Quem poderá exprimir a alegria dos Anjos e dos Santos
a cada Comunhão bem feita? Uma nova corrente de
amor chega ao Paraíso e faz vibrar os espíritos bemaventurados,
cada vez que uma criatura se une a
JESUS. Vale muito mais uma santa Comunhão do que
um êxtase, um arrebatamento, uma visão.
A Santa Comunhão transporta o Paraíso inteiro
para o coração do comungante.
AS ORAÇÕES QUE SE SEGUEM TOdAS
APROVADAS PELA IGREJA CATÓLICA
APÓSTOLICA ROMANA, SÃO MUITO
APROPRIADAS PARA SE REZAR DURANTE AS
SANTAS MISSAS CELEBRADAS DURANTE A
SEMANA, POIS QUE, AS CELEBRADAS AOS
DOMINGOS E DIAS DE FESTA, SÃO MUITO
RICAS EM BELAS ORAÇÕES.
ATO DE CONTRIÇÃO
(Para se rezar na Confissão)
Senhor JESUS CRISTO, verdadeiro DEUS e
verdadeiro Homem, Criador e Redentor meu, por
serdes vós infinitamente bom e digno de ser amado
sobre todas as coisas, e porque vos adoro acima de
tudo o que existe, pesa-me, Senhor, de todo o meu
coração por ter vos ofendido. Pesa-me também por ter
perdido o Céu e merecido o inferno e, proponho
firmemente, ajudado com o auxílio de vossa divina
graça, emendar-me e nunca mais tornar a vos ofender.
Espero alcançar o perdão de meus pecados, pela vossa
infinita misericórdia. Amém.
ORAÇÃO FONTE DE GRAÇAS
(Para se rezar antes da Santa Missa)
DEUS PAI, eu Vos ofereço, pelo Coração
Imaculado de Maria, o sacrifício da Santa Missa, com o
sacerdote e através dele, com verdadeiro espírito de
imolação.
Ofereço-vos constantemente o Sacrifício de todas
as Santas Missas que se celebram no Mundo inteiro, e
com pura intenção me uno ao Santo Papa e a todos os
sacerdotes, oferecendo-Vos os méritos dos sofrimentos
da Paixão e Morte de vosso Unigênito Filho.
Com a graça de Nosso Senhor JESUS CRISTO,
torno-me uma constante união de Sacrifício n´Ele e com
Ele, para Vos adorar no mais alto grau de perfeição.
Amém.
-99- -98-
PREPARAÇÃO PARA A COMUNHÃO
A preparação para a Comunhão consiste em demorarse
algum tempo a considerar quem é Aquele a quem vamos
receber, e quem somos nós; e fazer depois os atos
seguintes.
No Santíssimo Sacramento do altar não só é oferecida
a graça como também o Autor da graça, Nosso Senhor
JESUS CRISTO com Corpo, Sangue, Alma e Divindade.
Que dignificação! Quanta bondade! O DEUS de infinita
majestade querer dar-se em alimento a nossos corações
miseráveis e culpados!
Sendo que a Comunhão constitui a ação mais
excelente, mais proveitosa e divina, temos que nos
convencer da necessidade de prepararmos o nosso espírito
e coração com o máximo cuidado.
Tomemos Maria por guia e modelo e supliquemos-lhe que
ela mesma orne a nossa alma com as devidas disposições.
ATO DE FÉ
Senhor JESUS CRISTO , eu creio firmemente que
estais real e verdadeiramente presente no Santíssimo
Sacramento, com vosso Corpo, Sangue, alma e Divindade.
Creio que sois o pão vivo descido do Céu. Sim, JESUS,
creio em Vós. Amém
ATO DE ADORAÇÃO
SENHOR, eu Vos adoro neste augusto sacramento e
Vos reconheço por meu Criador, Redentor e soberano
Senhor, meu único e sumo bem.
Eu Vos adoro com minha inteligência, meus afetos e todas
as faculdades de minha alma. Sim, JESUS, eu Vos adoro.
Amém
ATO DE ESPERANÇA
Senhor, espero que, dando-Vos a mim neste divino
sacramento, usareis comigo de misericórdia e me
concedereis todas as graças, que são necessárias à minha
eterna salvação. JESUS, em vossas promessas confio. Sim,
JESUS, eu espero em Vós. Amém
ATO DE HUMILDADE
Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha
casa, mas dizei uma só palavra e minha lama será salva.
JESUS, eu me humilho diante de vós. Amém
ATO DE CARIDADE
Senhor, Vós sois infinitamente amável, sois meu PAI,
meu Redentor, meu DEUS; e por isso Vos adoro de todo o
coração, sobre todas as coisas, e por amor de vós amo a
meu próximo como a mim mesmo, e de boa vontade perdôo
aos que me têm ofendido. Sim, JESUS, eu Vos adoro de
todo o meu coração. Amém
ATO DE CONTRIÇÃO
Senhor, detesto todos os meus pecados, porque me
tornam indigno de receber-vos em meu coração, e
proponho, com vossa graça, nunca mais os cometer, evitar
as ocasiões de pecar e fazer penitência.
JESUS, perdoai os meus pecados. Amém
-101- -100-
ORAÇÃO PARA ANTES DA COMUNHÃO
Ó DEUS, eterno e todo poderoso,
Eis que me aproximo
Do sacramento do Vosso Filho Único,
Nosso Senhor JESUS CRISTO
Impuro, venho à fonte da misericórdia
Cego, á luz da eterna claridade;
Pobre e indigente, ao Senhor do Céu e da Terra.
Imploro pois a abundância de Vossa imensa liberalidade
Para que Vos digneis curar minha fraqueza,
Lavar minhas manchas, iluminar minha cegueira,
Enriquecer minha pobreza, e vestir minha nudez.
Que eu receba o Pão dos Anjos,
O REI dos reis e o Senhor dos Senhores,
Com o respeito e a humildade,
Com a contrição e a devoção,
A pureza e a fé, o propósito e a intenção
Que convêm à salvação de minha alma.
Dai-me receber não só o Sacramento do Corpo e do Sangue
do Senhor, mas também seu efeito e sua força.
Ó DEUS de mansidão,
Dai-me acolher com tais disposições o Corpo que
Vosso Filho Único, Nosso Senhor JESUS CRISTO,
Recebeu da Virgem Maria,
Que eu seja incorporado ao seu Corpo místico
Contado entre seus membros.
Ó PAI cheio de amor,
Fazei que, recebendo agora o Vosso Filho sob o véu do
Sacramento, possa na eternidade contemplá-lo Face a face.
Ele que convosco vive e reina,
Na unidade do ESPÍRITO SANTO. Amém
(São Tomás de Aquino)
MEU DEU! SE ME QUERES BEM
Meu DEUS se me queres bem
Não me faças esperar tanto
Vem, meu SENHOR, vem meu encanto
Pão vivo, do Céu a mim vem.
Senhor, com Teu olhar
Cobre-me de formosura
Purifica meu amor.
Faz minha alma branca e pura
Como essa hóstia santa
Para que nela vivas hoje
É sempre SENHOR!
Dizei que quereis de mim
Que a tudo direi que sim
Quero Teus passos sempre seguir
Quero em tudo parecer-me a Ti
SENHOR! Tu que vestes os lírios dos vales
Com mais magnificência
Que vestiu Salomão
Vem e veste minha alma
Com esses mil detalhes
Que tanto Te enamora
Não tardes SENHOR!
Dizei que quereis de mim
Que a tudo direi que sim
Que hei de negar-TE
Meu DEUS amante
Se meu gozo está em sofrer por Ti.
-103- -102-
COMUNHÃO ESPIRITUAL
Senhor JESUS CRISTO, eu creio que estais
verdadeiramente presente no Santíssimo Sacramento.
Adora-vos sobre tudo o que existe. Desejo com devoção e
fervor, receber-vos sacramentalmente, porém, como não é
possível agora, peço-vos vir espiritualmente ao meu coração
para purificá-lo e abrasá-lo do mais puro, santo e sagrado
amor e adoração para com a SANTÍSSIMA TRINDADE.
Prostro-me profundamente perante vossa Pureza
perfeita, Majestade Divina e Realeza Sagrada. Amém
ORAÇÃO PARA COMUNGAR
POR MEIO DA SANTÍSSIMA VIRGEM
(conforme S Luís Mª Grignion de Montfort)
Virgem Maria, Santíssima Mãe de Nosso Senhor
JESUS CRISTO, saúdo-vos com devoção e reverência.
Proclama-vos Senhor do meu destino e Rainha do meu
coração.
Eu vos amo com toda a ternura do meu ser.
Venha hospedar-se em minha casa como hospedastes
na casa de São João. Ficai sempre em meu coração, como
estais no Coração de JESUS, vosso adorável divino Filho.
Recebei a JESUS CRISTO por mim, pois minha alma
suspira pelo seu Sacratíssimo Corpo, meu coração deseja
ardentemente estar unido a Ele. Quero sempre recebê-Lo
com amor e adoração, para alcançar a salvação e a
santificação. Vosso Divino Filho é a suave e santa refeição
da minha alma. Amém.
AÇÃO DE GRAÇAS
PARA DEPOIS DA COMUNHÃO
A ação de graças faz-se, adorando com profundo
recolhimento o SENHOR, em nosso peito, e renovando os
atos de fé, adoração, agradecimento, caridade,
oferecimento, esperança e petição; pedindo sobretudo as
graças que são mais necessárias.
ATO DE FÉ
Senhor, JESUS CRISTO, creio que estais
verdadeiramente dentro do meu coração com vosso Corpo,
Sangue, Alma e Divindade, e o creio mais firmemente do
que se o visse com os próprios olhos.
JESUS, creio em vossa presença em minha alma. Amém.
ATO DE ADORAÇÃO
Ó meu JESUS, eu Vos adoro presente dentro de meu
coração, e uno-me a Maria Santíssima, aos Anjos e aos
Santos, para Vos adorar como mereceis. Eu vos adoro, ó
JESUS, em meu coração. Amém.
ATO DE AGRADECIMENTO
Ó JESUS, Senhor meu, eu Vos agradeço de todo o
coração, por terdes querido vir habitar em minha alma.
Virgem Santíssima, Anjo de minha guarda, e vós todos,
Anjos e Santos do Céu, agradecei a JESUS por mim.
Ó JESUS, eu Vos agradeço. Amém
-105- -104-
ATO DE CARIDADE
Ó JESUS, meu DEUS, e meu Senhor, eu Vos amo de
todo o coração e desejo amar-Vos quanto mereceis; fazei
que Vos ame sobre todas as coisas, agora e por toda a
eternidade.
JESUS, quero amar-Vos sempre mais. Amém
ATO DE OFERECIMENTO
Ó meu JESUS, vós Vos destes todo a mim e eu me
dou todo a Vós; ofereço-Vos toda a minha via e quero ser
vosso pro toda a eternidade.
Ó JESUS, eu Vos ofereço todo o meu ser. Amém
ATO DE ESPERANÇA
Ó meu JESUS, agora que estais presente dentro de
minha alma, espero que jamais Vos separeis de mim, mas
ficará sempre me comunicando vossa divina graça. Não sou
eu quem vive, mas Vós é que viveis em mim.
JESUS, espero que fiques sempre comigo. Amém
ATO DE PETIÇÃO
Ó meu JESUS, dai-me eu Vo-Lo peço, todas as graças
espirituais e temporais, que conheceis serem necessárias à
minha alma; encomendo-Vos também as necessidades de
meus superiores, parentes, amigos, benfeitores e as das
santas almas do Purgatório.
Ó JESUS, ouvi-me, atendei às minhas invocações e
súplicas. Amém
ORAÇÃO PARA DEPOIS DA COMUNHÃO
Eu Vos dou graças, ó Senhor PAI Santo,
DEUS eterno e todo poderoso,
porque, sem mérito algum de minha parte,
mas somente pela condescendência de Vossa misericórdia,
Vos dignastes saciar-me a mim pecador,
Vosso indigno servo,
com o sagrado Corpo e precioso Sangue do Vosso Filho
Nosso Senhor JESUS CRISTO.
E peço que esta santa comunhão
não me seja motivo de castigo
mas salutar garantia de perdão.
Seja para mim armadura da fé, escudo de boa vontade
e libertação dos meus vícios.
Extinga em mim a concupiscência e os maus desejos,
aumente a caridade e a paciência,
a humildade e a obediência e todas as virtudes.
Defenda-me eficazmente contra as ciladas dos inimigos,
tanto visíveis como invisíveis.
Pacifique inteiramente todas as minhas paixões,
unindo-me firmemente a Vós, DEUS uno e verdadeiro,
feliz consumação de meu destino.
E peço que Vos digneis conduzir-me, a mim pecador,
a aquele inefável convívio em que Vós
com o Vosso FILHO e o ESPÍRITO SANTO,
Sois para os Vossos Santos a luz verdadeira,
a plena saciedade e a eterna alegria,
a ventura completa e a felicidade perfeita.
Por CRISTO, Nosso Senhor. Amém.
(São Tomás de Aquino)
-107- -106-
INVOCAÇÕES
Alma de CRISTO, santificai-me.
Corpo de CRISTO, salvai-me.
Sangue de CRISTO, inebriai-me.
Água do lado de CRISTO, lavai-me.
Paixão de CRISTO, confortai-me.
Ó bom JESUS, escutai-me.
Dentro das Vossas chagas escondei-me.
Não permita que de Vós me aparte.
Do espírito maligno defendei-me.
Na hora da morte chamai-me
E mandai-me ir para Vós.
Para que com os Vossos Santos
Vos louve para todo o sempre. Amém
ORAÇÃO A JESUS CRUCIFICADO
Eis me aqui, ó meu bom e dulcíssimo JESUS!
De joelhos me prostro em Vossa divina presença e Vos
suplico com todo o fervor de minha alam que Vos digneis
gravar no meu coração, os mais vivos sentimentos de fé,
esperança e caridade, verdadeiro arrependimento de meus
pecados e firme propósito de emenda, enquanto vou
considerando, com vivo afeto e dor, as Vossas cinco
chagas, tendo diante dos olhos aquilo que o profeta Davi
dizia de Vós, ó boníssimo JESUS: Transpassaram minhas
mãos e meus pés e contaram todos os meus ossos. Amém.
(Sl. 21,17)
NOVENA AO
SANTÍSSIMO SACRAMENTO
O PORQUÊ DESTA NOVENA
Nas práticas de devoção, freqüentemente as almas
esquecem que JESUS CRISTO, Nosso DEUS e Mediador,
está presente no Santíssimo Sacramento para receber a
expressão dos nossos desejos e necessidades, com as
mãos repletas de graças.
Julgamos, por isso, prestar serviço às almas piedosas
aconselhando-as a que adotem para si e recomendem a
outras a prática da NOVENA AO SANTÍSSIMO
SACRAMENTO, lembrando que JESUS, neste Mistério de
Amor, é a primeira fonte transbordante de graças e
benefícios.
“Pela Eucaristia fareis milagres, e curareis as almas.
Oh! Quão grande é o seu poder para emocionar, converter,
reconduzir e regenerar as almas mais desgarradas, mais
afastadas de DEUS!...”
“Tendes na Eucaristia, como proclama a Igreja, o
remédio espiritual, único e soberano...”
Tendes Nosso Senhor para curar também os corpos: Ele é o
bálsamo divino que cicatriza toda chaga. Não é verdade que
da santa humanidade de JESUS, se desprendia uma virtude
curativa de toda doença, de todo mal físico? Bastava tocá-lo
para ficar curado. Ele não diminui de poder, o seu contacto
continua a produzir o mesmo efeito, e sempre salutar.
Ninguém ainda suplicou ou se recomendou ao Santíssimo
Sacramento sem receber a graça impetrada. Nosso Senhor
JESUS CRISTO não faz mais do que manter a sua palavra...
-109- -108-
“Nas vossas necessidades e provações vinde ao Supremo
Benfeitor, ao Consolador e Amigo solícito, a quem jamais
invocamos em vão; orai a JESUS Eucaristia; poderá a Terra
desaparecer, mas não deixará de prevalecer e cumprir-se a
promessa que Ele fez de atender-vos.”
(São Pedro Julião Eymard)
CONSELHOS PRÁTICOS
PARA GARANTIR O BOM ÊXITO DA NOVENA
1- Fazer, tanto quanto possível, as orações da Novena
em presença do Santíssimo Sacramento.
2- Assistir à Santa Missa e comungar em todos os dias
da Novena, ou pelo menos no primeiro e no último.
3- Contribuir para a iluminação e enfeite do altar da
Adoração Perpétua. Pode-se também oferecer incenso para
o culto do Santíssimo Sacramento.
4- Envidar esforços para merecer as graças desejadas
mediante sacrifícios voluntários e mais constante atenção
em cumprir os deveres.
5- Ter inteira e absoluta confiança no poder e na
bondade de JESUS-HÓSTIA, sempre atento às nossas
preces para deferi-las.
6- Alistar-se na Adoração Perpétua como preito de fé e
amor ao Santíssimo Sacramento.
PRÁTICAS PARA CADA DIA DA NOVENA
V - Louvores e graças sejam dados a todo o momento.
R - Ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento.
V - Bendita seja a Santa e Imaculada Conceição.
R - Da bem aventurada Virgem Maria, Mãe de DEUS
V - Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento.
R - Rogai por nós.
V - São Pedro Julião Eymard.
R - Rogai por nós
ADORO-TE
Prostrado diante de vós, eu vos adoro, ó DEUS oculto,
realmente presente sob os véus deste Sacramento.
Contemplando-Vos o meu coração desfalece, aniquila-se, a
vós se submete e inteiramente se abandona.
A vista, o tato, o paladar aqui se enganam e atônitos
repelem esse mistério; apenas o ouvido confirma minha fé.
Creio em tudo quanto disse JESUS, o Filho de DEUS:
nada é mais verdadeiro do que a palavra da própria
Verdade.
Na Cruz só a divindade estava oculta, aqui também a
humanidade está velada; mas crendo numa e noutra, e
ambas confessando, peço-vos ó JESUS o que vos pedia o
bom ladrão.
-111- -110-
Não posso ver as vossas sagradas chagas como São
Tomé; entretanto, com absoluta certeza vos reconheço por
meu DEUS.
Fazei, Senhor, que sempre mais aumente a minha fé, que
em vós espere, e vos adore sobre tudo o que existe.
Ó memorial da morte de nosso Salvador!
Pão vivo que alimentais o homem, concedei-me que
minha alma só de vós viva, e em vós encontre sempre
delicioso sabor.
Pelicano cheio de ternura, ó Senhor JESUS purificaime
de todas as minhas máculas por meio do vosso Sangue
preciosíssimo, de que apenas uma gota basta para tirar
todos os pecados do Mundo.
Ó JESUS! Que só através de um véu agora contemplo,
satisfazei o desejo ardente de minha alma: os meus olhos,
atravessando as nuvens que vos escondem, gozem a visão
de vossa glória. Amém
Reza-se aqui a ORAÇÃO ESPECIAL PARA CADA
DIA, e depois se continua com as orações que agora se
seguem:
V – Senhor, vós nos destes o Pão do Céu.
R – Cheio de doçura.
ORAÇÃO
Ó DEUS, que, no admirável Sacramento da Eucaristia,
nos deixastes a lembrança da vossa Paixão, concedei-nos a
graça de venerarmos profundamente os mistérios sagrados
do vosso Corpo e Sangue, e experimentarmos
continuamente os furtos da nossa redenção. Vós que viveis
e reinais por todos os séculos dos séculos. Amém.
ORAÇÃO A NOSSA SENHORA
DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
Ó Virgem Maria, Na Sa do Santíssimo Sacramento,
glória do povo cristão, alegria da Igreja Universal e salvação
do Mundo, rogai por nós e despertai em todos os fiéis a
devoção à Santíssima Eucaristia, para que se tornem dignos
de comungar todos os dias. Amém
3 Ave Marias...
ORAÇÃO A SÃO PEDRO JULIÃO EYMARD
Ó São Pedro Julião, que recebestes o insigne privilégio
de conhecer os tesouros da Santíssima Eucaristia tão
perfeitamente a ponto de vos abrasardes num amor
verdadeiramente seráfico, e Lhe consagrardes todo o vosso
zelo infatigável, para fazer adorar e glorificar perpetuamente
por todo o Mundo, obtendo-nos as graças espirituais e
temporais de que necessitamos. Obtende-nos
particularmente a graça de sermos como vós, fiéis
adoradores em espírito e em verdade do Santíssimo
Sacramento, e de trabalharmos, sempre e cada vez mais,
por alcançar as virtudes cristãs, sobretudo uma sincera
humildade, para podermos viver a vida de união com JESUS
CRISTO, que foi constantemente o objeto do vosso zelo e é
o efeito principal da sagrada Comunhão nas almas.
Obtende-nos, enfim, ó São Pedro Julião, a vossa
devoção filial a Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento,
para aprendermos desta divina Mãe a servir e adorar a
JESUS sob os véus eucarísticos a fim de podermos adorá-
Lo e glorificá-Lo face a Face no Céu. Amém
-113- -112-
ORAÇÃO ESPECIAL PARA CADA DIA
PRIMEIRO DIA
Adoro-vos ó Divino JESUS, presente e vivo na
Eucaristia, DEUS Onipotente, Senhor e Mestre, por quem
tudo foi feito, tudo é governado no Céu e na Terra, e cuja
vontade nada resiste.
Pela virtude do vosso Poder e da vossa Divindade,
dignai-vos, vo-Lo conjuro, atender às minhas humildes
súplicas, afastar de minha alma e do meu corpo os perigos a
que estão expostos, e conceder-me a graça de que tenho
premente necessidade.
Com inabalável confiança vo-Lo peço, e, retribuição
dos vossos benefícios, ofereço-me sem reserva para vos
amar, servir, glorificar e adorar no Santíssimo Sacramento.
Amém
PAI nosso... Ave Maria... Glória ao PAI...
SEGUNDO DIA
Adoro em Vós, divino JESUS vivo e presente a
Eucaristia, o amor de DEUS ao homem, levado ao extremo
e aos últimos excessos, o próprio DEUS amando-nos a
ponto de aniquilar-se por nós, e consumir-se a nosso serviço
e proveito.
Pela virtude dessa incomensurável caridade, dignai-vos
atender, vo-Lo conjuro, às minhas humildes súplicas, afastar
de minha alma e de meu corpo os perigos a que estão
expostos, e conceder-me a graça de que tenho premente
necessidade.
Com inabalável confiança vo-Lo peço, e, em retribuição
dos vossos benefícios, ofereço-me sem reserva para vos
amar, servir, glorificar e adorar no adorável Sacramento da
Eucaristia. Amém
PAI nosso... Ave Maria... Glória ao PAI...
TERCEIRO DIA
Adoro em Vós, divino JESUS vivo e presente a
Eucaristia, o dom de DEUS por excelência, no qual Ele, com
tudo quanto possui, a nós se entrega sem limites, sem
reservas, sem fim.
Pela riqueza infinita deste dom sagrado, dignai-vos, vo-
Lo conjuro, atender às minhas humildes súplicas, afastar de
minha alma e de meu corpo os perigos a que estão
expostos, e conceder-me a graça de que tenho premente
necessidade.
Com inabalável confiança vo-Lo peço e, em retribuição
doso vossos benefícios, ofereço-me sem reserva para vos
amar, servir e glorificar no adorável Sacramento da
Eucaristia. Amém.
PAI Nosso... Ave Maria... Glória ao PAI...
-115- -114-
QUARTO DIA
Adoro em Vós, divino JESUS vivo e presente a
Eucaristia, Homem verdadeiro, que por amor aos homens
baixastes à Terra, em tudo semelhante a nós: alma para nos
compreender, coração para nos amar e vontade sempre
benévola para nos socorrer.
Pela virtude da vossa santa Humanidade e do vosso
amor fraternal, dignai-vos, vo-Lo conjuro, atender às minhas
humildes súplicas, afastar de minha alma e de meu corpo os
perigos a que estão expostos, e conceder-me a graça de
que tenho premente necessidade.
Com inabalável confiança vo-Lo peço e, em retribuição
doso vossos benefícios, ofereço-me sem reserva para vos
amar, servir e glorificar no adorável Sacramento da
Eucaristia. Amém.
PAI Nosso... Ave Maria... Glória ao PAI...
QUINTO DIA
Adoro em Vós, divino JESUS vivo e presente a
Eucaristia, Redentor de nossas almas; por vós foram elas
limpas do pecado, arrebatadas do inferno, reintegradas na
herança celestial, e sem cessar continuais a salvá-las das
próprias misérias e dos seus cruéis inimigos.
Pela virtude dessa abundante Redenção, dignai-vos,
vo-Lo conjuro, atender às minhas humildes súplicas, afastar
de minha alma e de meu corpo os perigos a que estão
expostos, e conceder-me a graça de que tenho premente
necessidade.
Com inabalável confiança vo-Lo peço e, em retribuição
doso vossos benefícios, ofereço-me sem reserva para vos
amar, servir e glorificar no adorável Sacramento da
Eucaristia. Amém.
PAI Nosso... Ave Maria... Glória ao PAI...
SEXTO DIA
Adoro em Vós, divino JESUS vivo e presente a
Eucaristia, Vítima adorável que foi imolada pelos pecados do
Mundo e, em particular dos meus. Vosso perpétuo Sacrifício
aplaca a cólera de DEUS PAI, detém a Sua vingança, e nos
torna merecedores do Seu amor e dos seus favores.
Pela virtude dessa inefável imolação, dignai-vos, vo-Lo
conjuro, atender às minhas humildes súplicas, afastar de
minha alma e de meu corpo os perigos a que estão
expostos, e conceder-me a graça de que tenho premente
necessidade.
Com inabalável confiança vo-Lo peço e, em retribuição
doso vossos benefícios, ofereço-me sem reserva para vos
amar, servir e glorificar no adorável Sacramento da
Eucaristia. Amém.
PAI Nosso... Ave Maria... Glória ao PAI...
-117- -116-
SÉTIMO DIA
Adoro em Vós, divino JESUS vivo e presente a
Eucaristia, Alimento das nossas almas, Pão vivo que
descido do Céu, conserva e aumenta o amor divino, fortifica
e conforta nas fadigas diárias, e faz fruir incomparáveis
delícias.
Pela virtude desse maná celestial, dignai-vos, vo-Lo
conjuro, atender às minhas humildes súplicas, afastar de
minha alma e de meu corpo os perigos a que estão
expostos, e conceder-me a graça de que tenho premente
necessidade.
Com inabalável confiança vo-Lo peço e, em retribuição
dos vossos benefícios, ofereço-me sem reserva para vos
amar, servir e glorificar no adorável Sacramento da
Eucaristia. Amém.
PAI Nosso... Ave Maria... Glória ao PAI...
OITAVO DIA
Adoro em Vós, divino JESUS vivo e presente a
Eucaristia, Mestre e Mediador da oração. Pelas vossas
lições e o vosso exemplo nos ensinais a orar; tornais
eficientes as nossas preces, apoiando-as com os vossos
merecimentos, e nos dais plena certeza de que serão
sempre ouvidas.
Pela virtude dessa infalível promessa dignai-vos, vo-Lo
conjuro, atender às minhas humildes súplicas, afastar de
minha alma e de meu corpo os perigos a que estão
expostos, e conceder-me a graça de que tenho premente
necessidade.
Com inabalável confiança vo-Lo peço e, em retribuição
doso vossos benefícios, ofereço-me sem reserva para vos
amar, servir e glorificar no adorável Sacramento da
Eucaristia. Amém.
PAI Nosso... Ave Maria... Glória ao PAI...
NONO DIA
Adoro em Vós, divino JESUS vivo e presente a
Eucaristia, Tesouro inesgotável dos dons celestes; fonte
universal, de onde o bem, a luz, as virtudes, a felicidade, a
benção, a perfeição e tudo que há de mais puro, belo e
santo dimanam e difundem-se na Igreja e nas almas.
Pela virtude dessa admirável plenitude, dignai-vos, vo-
Lo conjuro, atender às minhas humildes súplicas, afastar de
minha alma e de meu corpo os perigos a que estão
expostos, e conceder-me a graça de que tenho premente
necessidade.
Com inabalável confiança vo-Lo peço e, em retribuição
doso vossos benefícios, ofereço-me sem reserva para vos
amar, servir e glorificar no adorável Sacramento da
Eucaristia. Amém.
PAI Nosso... Ave Maria... Glória ao PAI...
-119- -118-
PARA O ENCERRAMENTO DA NOVENA
Senhor JESUS, que dissestes: Pedi e recebereis,
buscai e encontrareis, batei e vos será aberto. Confiando
plenamente nesta vossa promessa, procurei com
perseverança, e implorei com insistência o socorro da vossa
graça, durante toda a Novena que acabo de fazer.
Se for conforme a vossa Divina Vontade, tornai
eficazes as minhas súplicas, fazei com que sejam atendidas.
Mais uma vez, ó meu DEUS, nesta hora em que estais
unido à minha alma, presente em mim, prestai ouvidos às
minhas ardentes súplicas!
Hóstia Santa! Creio em vós, mas aumentai a minha fé!
Com inteira confiança, com absoluta certeza e em perfeita
união com a vossa santíssima vontade, espero, a partir de
hoje, a hora da vossa misericórdia.
Sede, ó Divina eucaristia, a minha força e o meu
refúgio, a minha paciência e a minha consolação, a minha
alegria e o meu amor, em todos os instantes desta vida, e
guiai-me para a vida eterna. Amém
V - Louvores e graças se dêem a todo momento.
R - Ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento
V - Bendita seja a Santa e Imaculada Conceição.
R - Da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de DEUS Filho.
A NOSSA SENHORA
DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
Ó Virgem Imaculada, Mãe do Salvador do Mundo, cuja
carne e sangue tomados em vosso castíssimo seio nos
alimentam na Divina Eucaristia, nós vos saudamos sob o
título de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, porque
fostes a primeira a praticar os deveres da vida eucarística,
ensinando-nos com o vosso exemplo a assistir ao Santo
Sacrifício da Missa, a comungar, conforme as exigências da
Santa Igreja e a visitar freqüentemente, e com devoção, o
augustíssimo Sacramento do Altar.
O Maria! Fazei que seguindo vossos passos, possamos
cumprir sempre mais perfeitamente nossos sagrados
deveres e mereçamos assim a eterna recompensa. Amém.
S Ú P L I C A S
V - Louvores e graças se dêem a cada momento.
R - Ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento.
V - Bendita seja a Santa e Imaculada Conceição.
R - Da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de DEUS Filho.
Ó Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento,
prostrados diante de JESUS Sacramentado, nós vos
saudamos, ó Maria! Aos pés deste santo altar, trono da
Divina Misericórdia.
-121- -120-
NÓS VOS SAUDAMOS, Ó MARIA!
Como Mãe de JESUS CRISTO,
Como a primeira adoradora do Verbo Encarnado.
Como fiel Serva de JESUS-Hóstia.
Como Rainha do Cenáculo.
Como protetora especial do sacerdócio católico.
Como Mestra dos Apóstolos.
Como Mãe e Modelo dos adoradores da Eucaristia.
Como dispensadora das graças eucarísticas.
Como glória do povo cristão.
Como alegria da Igreja Universal.
Como medianeira entre JESUS, Salvador de nossas
almas.
Como soberana do Universo.
NÓS VOS SAUDAMOS, Ó MARIA!
Pelas vossas Comunhões tão perfeitas.
Pela vossa Assunção ao Céu.
Com o Arcanjo que vos saúda.
Com São José, vosso esposo virginal.
Com vosso Divino Filho, que vos ama e vos obedece.
Com a SANTÍSSIMA TRINDADE, que vos coroa.
Com as almas do Purgatório, que de vós esperam a sua
libertação.
Com todos os bem-aventurados e todos os Anjos
e Santos do Céu. NÓS VOS SAUDAMOS, Ó
MARIA!
Em honra da Sabedoria, do Poder e da Bondade da
Santíssima Virgem Maria, rezemos:
TRÊS AVE MARIAS...
INVOCAÇÕES E SÚPLICAS
PELA EXTENSÃO DO REINADO EUCARÍSTICO DE
NOSSO SNEHOR JESUS CRISTO.
NÓS VOS ROGAMOS, Ó MARIA!
Para que se propague a vossa devoção sob o título de
Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento.
Para que se difunda, cada vez mais, a prática da
Comunhão freqüente e cotidiana e a da adoração.
Para que as crianças se aproximem, o mais cedo
possível, da Sagrada Comunhão.
Para que seja, sempre mais, apreciado o Santo
Viático.
Para que seja sempre mais respeitado o Templo
Santo.
Pelo aumento de santas vocações sacerdotais,
religiosas, missionárias e eucarísticas.
Para que os Seminários e Colégios católicos, sejam
meios de santificação.
NÓS VOS ROGAMOS, Ó MARIA!
Pela fidelidade ao Santo Papa, santificação do nosso
Episcopado e nosso clero.
Para que os sacerdotes se inflamem de zelo ardente a
JESUS Eucarístico.
-123- -122-
Pela Congregação do Santíssimo Sacramento, seus
associados e benfeitores.
Pelo incremento sempre maior do Apostolado
Eucarístico.
Pelo triunfo da Santa Igreja
Pelas intenções do Sumo Pontífice.
Pelo bem espiritual, material e moral de nossa
Pátria.
Pelas nossas intenções particulares.
Pelas benditas almas do Purgatório.
NÓS VOS ROGAMOS, Ó MARIA!
3 Ave Marias...
VINDE EM NOSSO AUXÍLIO, Ó MÃE DE BONDADE!
Em todos os instantes de nossa existência.
Para fazer da Eucaristia, o tudo de nossa vida.
Para que nossos pensamentos, palavras e obras sejam
outros tantos atos de amor a JESUS Sacramentado.
Para que a lembrança de nossa Primeira comunhão
nos sustente nas tentações.
Para que, sequiosos dos bens do Céu, freqüentemos
com fervor a Banquete Eucarístico.
Para que participemos do Sacrifício da Santa Missa,
em espírito de reparação, pelos que não o fazem.
VINDE EM NOSSO AUXÍLIO, Ó MÃE DE BONDADE!
Para que sempre observemos o mais profundo respeito
na presença do Santíssimo Sacramento.
Para que contribuamos, com generosidade, para
o esplendor do culto e para a ornamentação dos altares.
Para que nos apliquemos, com empenho, na conquista
das virtudes próprias das almas eucarísticas.
Para que, em nossas provações e aflições, não
procuremos senão as consolações, cuja fonte única é a
Eucaristia.
Para que empreguemos todos os nossos dotes
para maior glória de JESUS Sacramentado.
Para que possamos nos oferecer como Hóstia de
reparação, pelos sacrilégios que se cometem contra o
Santíssimo Sacramento.
Para que, vencendo nossa inconstância natural,
perseveremos na devoção à Sagrada Eucaristia.
Para que, ao se aproximarem os últimos instan-
tes de nossa vida, recebamos, com fervor, o Santo
Viático dos moribundos.
Para que essa última comunhão seja penhor se-
guro da nossa gloriosa ressurreição.
Para que, nessa hora derradeira, vos invoquemos
com fé e amor.
Quando oferecemos nossas orações pela Santa Igreja.
Quando oramos pela prosperidade de nossa Pátria.
Quando imploramos para nossas famílias as bênçãos
do Céu.
Quando impetramos a conversão das pessoas que nos
são caras.
Quando rezamos pelos nossos benfeitores, amigos
e inimigos. Quando oferecemos nossos sufrágios pelas
almas do Purgatório.
VINDE EM NOSSO AUXÍLIO, Ó MÃE DE BONDADE!
3 Ave Marias...
-125- -124-
ORAÇÃO: Ó Virgem imaculada, Nossa Senhora do
Santíssimo Sacramento, que, durante os anos que vivestes
depois da Ascensão, fostes modelo perfeito no serviço à
Divina Eucaristia; vós que passáveis diante de JESUS
Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no
vosso exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos
no Altar e inspirai-nos visitar freqüentemente o Santíssimo
Sacramento no qual JESUS fica conosco para dirigir-nos,
proteger-nos, e receber em troca as homenagens que lhe
são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos
adoradores da Sagrada Eucaristia, já que sois a Medianeira
das graças do Altíssimo, concedei-nos, como fruto deste
piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos
indignos do serviço de vosso divino Filho, obter-nos-ão a
vida eterna. Amém.
SAUDAÇÕES A NOSSA SENHORA
DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
Ó Imaculada Virgem Maria, Augustíssima Rainha do
Céu, que concebestes e destes à luz o Filho de DEUS
Humanado, nosso Pão da vida no Santíssimo Sacramento,
rogai por nós!
Ó imaculada Virgem Maria, Mesa sobre a qual foi
apresentado ao Mundo o Pão do Céu.
Ó Imaculada Virgem Maria, Arca Santíssima da
Aliança, que encerrastes o verdadeiro Maná, a divina
Eucaristia.
Ó Imaculada Virgem Maria, verdadeira Mulher forte que
trouxestes o nosso Pão, o Filho de DEUS descido do Céu ao
Vosso seio.
ROGAI POR NÓS
Ò Imaculada Virgem Maria, Árvore da vida, que
produziu o fruto da eterna salvação.
Ó Imaculada Virgem Maria, de cuja estirpe divina veio
JESUS, nosso Emanuel e Viático dos últimos momentos.
Ó Imaculada Virgem Maria, Paraíso de delícias, cujo
fruto é mais doce do que o mel para os nossos lábios.
Ó Imaculada Virgem Maria, Rainha dos Sacerdotes,
que oferecestes no Templo, para nossa salvação, a Hóstia
Santa aceita pelo SENHOR.
ROGAI POR NÓS
OREMOS: Virgem Maria, Nossa Senhora do
Santíssimo Sacramento, glória do povo cristão, alegria da
Igreja Universal e Mãe do Salvador do Mundo, rogai por nós
e despertai, em todos os fiéis, a devoção à Santíssima
Eucaristia, para que se tornem dignos de comungar todos os
dias. Amém
Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento,
rogai por nós.
-127- -126-
Í N D I C E PAG
Excelência, necessidade e vantagens do Santo
Sacrifício da Missa
05
Necessidade do Santo Sacrifício 14
Vantagens do Santo Sacrifício 17
Pela Santa Missa adoramos dignamente a DEUS 18
Pela Santa Missa podemos satisfazer a justiça divina 21
Pela Santa Missa agradecemos dignamente a DEUS
todos os benefícios
24
Pela Santa Missa podemos obter todas as graças 27
A Santa Missa nos livra duma multidão de males 30
Método curto para participar com fruto da Santa Missa 41
Método de São Leonardo de Porto-Maurício 44
Exemplos próprios para excitar os fiéis de todos os
estados e condições a participar, todos os dias, da
Santa Missa
54
Exemplos de vários príncipes, reis e imperadores 62
Exemplo para as mulheres do povo 67
Exemplos para os negociantes e artífices 70
Exemplo terrível para aqueles que não apreciam a
Santa Missa
78
Ato de oferecimento (incompleto) 83
A participação ativa do Santo Sacrifício, produz
muitos frutos
84
O Sangue de CRISTO corre na Santa Missa 85
Um Anjo vai contando os passos 88
JESUS Eucarístico, suprema aspiração 90
A Sagrada Comunhão 91
A União com DEUS 93
Disposições e efeitos (da Sagrada Comunhão) 94
Ato de Contrição (Para se rezar na Confissão) 99
Oração fonte de graças, para antes da Santa Missa 99
Preparação para a Comunhão 100 a 103
Comunhão Espiritual 104
Ação de graças para depois da Comunhão 105 a 108
Novena ao Santíssimo Sacramento 109
Á Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento – súplicas 121
ORAÇÃO PELOS SACERDOTES
Por amor do Imaculado Coração de Maria, dai-nos
santos sacerdotes, ó JESUS.
É, por meio deles, que o recém-nascido se torna filho
de DEUS, o pecador recupera a paz, os fiéis têm o benefício
dos Santos Sacramentos, os desamparados se refugiam
junto do Sacrário de onde recebem o divino Pão dos Anjos e
o moribundo vê fechar-se-lhe a porta do inferno e abrir-selhe
a porta do Céu.
Por amor do Coração Imaculado de Maria, dai-nos
santos sacerdotes, ó JESUS.
Sacerdotes de mãos puras e sem mancha, que
levantem ao Céu o cálice e a Hóstia Imaculada, interpondose
poderosos pela paz dos povos e prosperidade das
nações, sacerdotes que devorados pela caridade, se
rodeiem de almas inocentes, para guiá-las ao Céu; de
mocidade, conservando-a para DEUS, e se consumam pelo
tesouro da Fé e da Religião.
Por amor do Coração Imaculado de Maria, dai-nos
santos sacerdotes, ó JESUS.
Sacerdotes que, famintos de Vosso amor, abandonem
a Pátria, parentes e amigos pela salvação do próximo; que
perseguidos pelo Mundo, por satanás pelas paixões,
progridam sempre na santidade, apregoando a Fé e a vossa
doutrina. Amém.
-128-

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